O futebol é dinâmico, repleto de reviravoltas e mudanças constantes, e o cenário do Campeonato Brasileiro de 2025 tem sido um reflexo perfeito dessa realidade. O reencontro entre Vasco e São Paulo, programado para este domingo em São Januário, traz à tona a memória de um confronto recente que marcou uma virada significativa para o Gigante da Colina. Em 12 de junho, sob a luz da noite do Dia dos Namorados, o Cruzmaltino demonstrou uma performance notável ao derrotar o Tricolor Paulista por 3 a 1, no Morumbis, em um jogo que não apenas solidificou o trabalho de Fernando Diniz à frente da equipe, mas também selou a saída de Zubeldía do comando técnico do time paulista. Mais de quatro meses se passaram desde aquele embate, e uma série de transformações ocorreram nos bastidores e em campo, moldando o Vasco que hoje se prepara para receber o São Paulo novamente, agora com um contexto completamente distinto.
A Chegada Estratégica de Admar Lopes e a Renovação do Elenco
Poucos dias após a expressiva vitória sobre o São Paulo, o Vasco da Gama oficializou a chegada de Admar Lopes como seu novo diretor de futebol. Embora anunciado formalmente dois dias antes do confronto no Morumbis, o executivo português iniciou suas atividades no clube carioca em 18 de junho, com uma apresentação oficial em coletiva de imprensa. A gestão de Lopes se mostrou fundamental para uma janela de transferências assertiva, trazendo reforços que elevaram consideravelmente o patamar técnico do elenco. Seis novos atletas desembarcaram em solo carioca sob sua supervisão: Thiago Mendes, Carlos Cuesta, Robert Renan, Andrés Gómez, Matheus França e Cauan Barros. Essa injeção de qualidade e experiência foi crucial para reestruturar a equipe e torná-la mais competitiva, preparando o terreno para futuras boas atuações e resultados.
A Turbulência Pós-Pausa e a Superação de Tabus
A vitória imponente sobre o São Paulo, em junho, representou o último compromisso do Vasco antes de uma parada estratégica no calendário para a disputa da Copa do Mundo de Clubes. Havia uma expectativa considerável de que esse longo período serviria para Fernando Diniz aprimorar suas ideias e consolidar o time. No entanto, a realidade pós-pausa foi marcada por um período de intensa dificuldade. O Vasco enfrentou sua fase mais instável sob o comando de Diniz, acumulando uma sequência de sete partidas sem vitórias, que incluiu a eliminação na Copa Sul-Americana para o Independiente del Valle em uma fase de playoffs. Foram três derrotas e quatro empates nesse período desafiador. Antes de engatar uma sequência positiva no Campeonato Brasileiro, o treinador chegou a viver um incômodo jejum de quatro meses sem triunfos como mandante na competição. Esse incômodo tabu só foi quebrado em 24 de setembro, com a vitória sobre o Bahia em um jogo atrasado, válido pela 16ª rodada, no próprio São Januário. Essa superação de barreiras demonstra a resiliência do time e a capacidade de recuperação sob pressão.
Reformulações Defensivas e o Ineditismo da Nova Dupla de Zaga
O sistema defensivo do Vasco passou por uma profunda transformação. Na partida contra o São Paulo, no Morumbis, a dupla de zaga era composta por João Victor e Lucas Freitas, com Mauricio Lemos e Luiz Gustavo como reservas imediatos. Quatro meses depois, a configuração defensiva é completamente outra. O setor, historicamente o mais pressionado do clube nos últimos anos, foi alvo de uma intensa reformulação durante a janela de transferências, impulsionada pela chegada de Admar Lopes. João Victor, após muita pressão e com a relação desgastada com a torcida, foi vendido ao CSKA Moscou, da Rússia. Luiz Gustavo também deixou o clube, acertando sua transferência para o Bahia. Mauricio Lemos foi completamente afastado, sem ser relacionado para jogos há mais de dois meses, e Lucas Freitas perdeu espaço, tornando-se opção no banco. Em seu lugar, o Vasco contratou Carlos Cuesta e Robert Renan. Os dois zagueiros demonstraram uma rápida adaptação em São Januário e se firmaram como titulares absolutos da defesa. Sob o comando dessa nova dupla, o Vasco ainda não sofreu derrotas e ostenta uma impressionante marca de 419 minutos sem sofrer gols, um indicativo claro da solidez defensiva alcançada.
Despedidas e o Novo Momento de Vegetti
Além das mudanças na zaga, outras peças que participaram daquele jogo no Morumbis também deixaram o clube. Loide Augusto e Alex Teixeira, que entraram no segundo tempo da partida contra o São Paulo, já não fazem mais parte do elenco vascaíno. O atacante angolano teve uma passagem curta por São Januário e, após a Copa do Mundo de Clubes, perdeu espaço nas opções de Fernando Diniz, sendo emprestado ao Rizespor, da Turquia, por um ano, com opção de compra. Sua contribuição em campo pelo Vasco se resumiu a 18 jogos, sem participações diretas em gols. Alex Teixeira, por sua vez, rescindiu amigavelmente seu contrato no início de setembro, encerrando sua segunda passagem pela Colina Histórica com 27 partidas disputadas. Sua última atuação de destaque foi contra o Atlético-GO, em jogo válido pela 36ª rodada do Brasileirão de 2024, quando marcou um gol e deu uma assistência. O centroavante Pablo Vegetti, autor do terceiro gol vascaíno naquele triunfo sobre o São Paulo, também viveu um período de turbulência. Após a pausa para a Copa do Mundo de Clubes, o argentino acumulou atuações abaixo do esperado e enfrentou um jejum de oito jogos sem balançar as redes, o seu pior período desde que chegou ao clube. Essa fase contestada o levou ao banco de reservas, cedendo lugar a Andrés Gómez. Contudo, contra o Bragantino, teve a oportunidade de retornar ao time titular devido à lesão de Rayan e protagonizou uma noite de redenção, marcando dois gols na vitória por 3 a 0. Apesar do bom desempenho, a tendência é que o centroavante retorne ao banco com o retorno de Rayan, que treinou normalmente durante a semana.

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