O técnico Fernando Diniz, do Vasco da Gama, optou por uma estratégia de improvisação no meio de campo que gerou debates após a derrota para o Botafogo por 3 a 0, em partida válida pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. Matheus França, meia-atacante de origem, foi escalado na função de segundo homem do meio-campo, repetindo uma estratégia já vista em jogos anteriores, com o objetivo de injetar mais poder ofensivo à equipe. No entanto, a atuação do jogador não correspondeu às expectativas, e o time sofreu um revés expressivo.
Essa decisão tática levanta questionamentos sobre a utilização de jogadores de ofício na posição e a ascensão de novos nomes no elenco, enquanto outros, antes peças-chave, parecem ter tido seu protagonismo reduzido, especialmente em projeções para a temporada de 2025. A escassez de oportunidades para alguns atletas e a mudança no status de outros evidenciam a dinâmica do futebol e as escolhas dos comandantes em busca de um time competitivo.
O Cenário dos Meio-Campistas do Vasco
A escalação de Matheus França em uma função que não é a sua natural expõe uma realidade no elenco do Vasco: jogadores com características de meio-campo e com potencial ofensivo estão sendo testados em posições mais recuadas ou com menor minutagem. A improvisação de França, que substituiu Tchê Tchê no intervalo do confronto contra o Botafogo, não surtiu o efeito desejado, com o time permanecendo exposto e sofrendo gols que ampliaram a desvantagem.
Essa movimentação tática também se reflete na pouca utilização de alguns atletas que foram importantes em outros momentos. Paulinho, por exemplo, um dos pilares na campanha de fuga do rebaixamento em 2023, tem atuado esporadicamente. Uma lesão grave no joelho no ano passado pode ter impactado sua condição física, mas sua participação nos jogos tem sido mínima, com raras aparições e pouquíssimos minutos em campo. Sua última atuação como titular foi em maio, evidenciando a drástica redução em seu espaço.
Mateus Carvalho é outro nome que se encaixa nesse contexto. Embora receba um pouco mais de tempo de jogo que Paulinho, seu status como titular absoluto, como ocorria na temporada passada quando disputou 50 partidas e formava dupla de volantes com Hugo Moura, está longe de ser recuperado. A última vez que iniciou uma partida sob o comando de Diniz foi há mais de dois meses, em um empate contra o Ceará.
A situação de Thiago Mendes também merece atenção. Apesar de ser capaz de atuar como primeiro e segundo volante, o jogador tem sido pouco aproveitado. Houve um período em que completou dois meses sem sequer ser relacionado para um jogo. Sua chegada na última janela de transferências não se traduziu em uma presença constante, com apenas oito jogos disputados pelo clube, sendo um deles como titular.
Lesões e Desfalques no Meio-Campo
É fundamental considerar o impacto das lesões no planejamento do treinador. O volante Jair, peça importante no esquema tático, sofreu uma grave lesão ligamentar no joelho e passou por cirurgia. Sua ausência é sentida, e seu retorno está previsto apenas para a próxima temporada, o que exige ainda mais dos jogadores disponíveis e das soluções táticas encontradas pela comissão técnica.
A Análise do Treinador sobre a Improvisação
Em sua análise pós-jogo, Fernando Diniz explicou a escolha pela improvisação de Matheus França. O treinador enfatizou que a intenção era conferir ao time uma característica mais ofensiva para tentar reverter o placar. “O sistema não mudou. O França entrou na vaga do Tchê Tchê. Eu queria que o time ganhasse uma característica mais ofensiva para tentar empatar o jogo. Ele (França) não é um jogador que veio para essa posição. Mas nas condições em que ele entrou e pelo o que estava desempenhando na semana, na minha cabeça ele teria que entrar para a gente ter mais chance de ganhar o jogo. Ele não saiu jogando de oito, entrou porque a gente precisava ganhar o jogo”, declarou Diniz.
O técnico também deixou claro que a escolha por escalar França em uma posição não usual demonstra uma confiança em seu potencial no momento. “Se eu estou colocando ele (Matheus França) é porque acho que ele está à frente (na briga pela posição)”, afirmou. Essa declaração sugere que, dentro das avaliações do treinador, Matheus França tem se destacado nos treinamentos e apresentado condições que o credenciam a ser utilizado, mesmo que de forma adaptada, em momentos cruciais das partidas.
Recuperação de Tchê Tchê e Próximos Desafios
Diniz também abordou a performance de Tchê Tchê, que foi substituído no intervalo. O treinador reconheceu que o jogador não estava em sua melhor forma e justificou a troca. “O Tchê Tchê no primeiro tempo achei que ele não estava bem e troquei. Se estivesse bem, não teria saído”, disse Diniz. Ele relembrou o bom momento vivido por Tchê Tchê no próprio Vasco, antes de uma lesão na coxa em setembro, e expressou a expectativa de que o jogador retorne ao seu melhor desempenho.
Ainda que a derrota para o Botafogo tenha sido um resultado negativo, o Vasco já se prepara para o próximo compromisso. A equipe cruzmaltina retorna a campo no sábado, contra o Juventude, em partida válida pela 33ª rodada do Brasileirão. O jogo acontecerá em São Januário, às 18h, e representa mais uma oportunidade para o time buscar a reabilitação e afastar-se da zona de perigo na tabela de classificação.

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