Luciano da Rocha Neves, o incansável camisa 10 do São Paulo Futebol Clube, tem sido figura central nas discussões sobre o desempenho e o futuro do Tricolor. Aos 32 anos, o atacante consolidou seu nome como um dos maiores artilheiros do clube no século XXI e se mantém como o principal goleador do elenco atual. Sua trajetória, marcada por momentos de brilho, superação de lesões e uma relação intensa com a torcida, o coloca em um patamar de destaque, embora sua fase atual levante debates sobre regularidade e disciplina tática.
A Versatilidade e o Instinto Goleador de Luciano
Um dos atributos mais notáveis de Luciano é sua versatilidade no setor ofensivo. Embora possa atuar como centroavante, seu maior impacto tem sido como segundo atacante ou meia-atacante. Nessa função, ele demonstra uma inteligência tática que complementa o estilo de jogo de companheiros como Calleri. Ao se movimentar mais recuado, libera o centroavante argentino para ser a referência final na área, criando um dinamismo que desestabiliza as defesas adversárias. Essa capacidade de adaptação e a colaboração com os colegas o tornam uma peça fundamental no esquema tático do São Paulo.
O instinto de gol afiado e o excelente senso de posicionamento são marcas registradas de Luciano. Ele tem a habilidade de se encontrar no lugar certo, na hora certa, para capitalizar as oportunidades criadas pela equipe. Essa característica o torna um jogador decisivo, especialmente em partidas de alta pressão, como os clássicos. Sua presença de espírito e a frieza para finalizar em momentos cruciais são qualidades que o torcedor são-paulino aprendeu a admirar e a depender.
A identificação de Luciano com o Tricolor do Morumbi vai além dos gols. A garra e a entrega em campo são virtudes que conquistaram o carinho e o respeito da arquibancada. Ele demonstra uma dedicação que ressoa com a paixão da torcida, tornando-se um espelho dos valores que muitos almejam ver em seus ídolos. No entanto, essa mesma paixão, quando direcionada à arbitragem, por vezes o coloca em situações de advertência, levantando questionamentos sobre seu temperamento e a disciplina tática em campo.
Uma Carreira Construída em Clubes de Peso e Superação de Obstáculos
A trajetória de Luciano antes de vestir a camisa do São Paulo é um testemunho de sua resiliência e talento. Revelado pelo Atlético-GO, o atacante ganhou projeção nacional no Corinthians. Em 2015, foi peça importante na conquista do Campeonato Brasileiro, demonstrando desde cedo seu potencial goleador e sua rápida adaptação a clubes de grande porte. O apelido “Lucigol” já se firmava, prenunciando os feitos que viriam.
Contudo, a passagem pelo clube alvinegro também foi marcada por desafios. Uma grave lesão no joelho, que o afastou dos gramados por sete meses, testou sua força de vontade. Apesar desse revés, ele retornou e manteve um bom desempenho, finalizando sua passagem com 93 jogos e 24 gols. Essa capacidade de superar adversidades físicas se tornaria um padrão em sua carreira.
Buscando novos ares, Luciano rumou para a Europa em 2016, sendo contratado pelo Leganés, da Espanha. Em um clube de menor expressão, disputou 25 partidas e marcou quatro gols, incluindo um memorável contra o Real Madrid. Seu desempenho, mesmo que em um contexto diferente, despertou interesse de outros clubes europeus. No entanto, sua passagem pelo Panathinaikos, da Grécia, em 2017, foi novamente interrompida por uma séria lesão: uma ruptura do ligamento cruzado, que o manteve fora de combate por um período considerável, prejudicando seu desenvolvimento no futebol europeu.
O retorno ao Brasil foi um ponto de virada. Defendendo o Fluminense em 2018, Luciano reencontrou a boa forma e a confiança, demonstrando seu faro de gol com 20 tentos em 55 jogos. Sua performance no Tricolor Carioca o levou a dividir a artilharia da Copa do Brasil de 2019 com Paolo Guerrero, consolidando-se como um atacante de destaque. Posteriormente, no Grêmio, em 2020, conquistou seu segundo título profissional, o Campeonato Gaúcho, e continuou a exibir sua capacidade de decisão, atraindo os olhares do São Paulo.
Artilharias e Reconhecimentos Individuais
Antes mesmo de se tornar um ídolo no Morumbi, Luciano já demonstrava sua vocação para artilharia em competições importantes. Em 2015, liderou a pontuação nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, marcando cinco gols e mostrando sua veia de goleador em âmbito internacional. Sua capacidade de balançar as redes em momentos decisivos seria uma constante em sua carreira.
A temporada de 2019 foi particularmente especial. Pelo Fluminense, ele foi um dos principais goleadores do país, e sua performance na Copa do Brasil, onde dividiu a artilharia com cinco gols, foi crucial. Essa consagração individual, combinada com a recuperação após as lesões, o colocou em evidência no cenário nacional, validando sua qualidade técnica e mentalidade vencedora.
A chegada ao São Paulo, em agosto de 2020, marcou o ápice de sua carreira em termos de gols pelo clube. Em sua primeira temporada, Luciano foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro, com 18 gols, um feito que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atacante e o prestigioso troféu Bola de Prata. Esse desempenho o cimentou como uma peça essencial do elenco, iniciando uma jornada de recordes e conquistas para o Tricolor.
A Consolidação no São Paulo: Um Artilheiro no Século XXI
Luciano se transferiu para o São Paulo em um momento de reconstrução para o clube. Desde sua estreia, marcando contra o Sport, ele demonstrou a ambição de se tornar um jogador importante. Nos seus primeiros três jogos pelo Tricolor, já havia anotado dois gols, sinalizando sua capacidade de impacto imediato. Esse início promissor prenunciou sua ascensão a um dos maiores artilheiros do clube no século XXI.
Atualmente, Luciano figura como o quarto maior artilheiro do São Paulo neste século, com 62 gols, um feito notável que o coloca atrás de lendas como Luís Fabiano, Rogério Ceni e França. É inegável que o Tricolor Paulista se tornou o palco onde ele mais deixou sua marca em sua carreira. Sua capacidade de manter um bom rendimento, mesmo em fases de oscilação da equipe, é um diferencial que o mantém como referência.
Um dos anos mais prolíficos de Luciano no clube foi 2022. Naquela temporada, ele disputou 60 partidas e marcou 18 gols, consolidando-se como o principal goleador do elenco. Sua presença constante e a capacidade de decidir jogos são fatores que o tornam indispensável para o time, especialmente diante de desafios e da necessidade de buscar resultados expressivos.
Títulos Históricos e o Legado em Construção
A importância de Luciano para o São Paulo vai além dos números individuais; ele se tornou protagonista em momentos cruciais para encerrar longos jejuns do clube. Em 2021, foi peça fundamental na conquista do Campeonato Paulista, quebrando um tabu de 16 anos sem o título estadual. Essa vitória foi um marco e demonstrou sua capacidade de liderança e de corresponder em momentos decisivos.
O ápice de sua contribuição veio em 2023, com a conquista inédita da Copa do Brasil. Luciano demonstrou um compromisso impressionante ao recusar uma proposta do futebol saudita para permanecer e disputar a final contra o Flamengo. Sua decisão foi recompensada com o título, reafirmando seu amor pelo clube e sua importância para a história são-paulina.
A sequência de conquistas nacionais continuou no início de 2024, com a vitória na Supercopa do Brasil. Após um empate sem gols contra o Palmeiras no tempo regulamentar, o São Paulo triunfou nos pênaltis, e Luciano esteve presente nessa celebração, adicionando mais um troféu relevante ao seu currículo com a camisa tricolor. Esses títulos não apenas coroam a trajetória do jogador, mas também escrevem um novo capítulo glorioso para o clube.
As Críticas e os Desafios da Consistência
Apesar de toda a dedicação e dos gols marcados, Luciano não escapa das críticas de parte da torcida e da imprensa. A principal ressalva reside na irregularidade de seu futebol e no elevado número de cartões amarelos. Acumular 23 advertências em uma única temporada é um dado alarmante que levanta dúvidas sobre sua disciplina e foco em campo.
Seu temperamento intenso, que o leva a reclamar excessivamente com a arbitragem, por vezes resulta em suspensões que prejudicam a equipe em partidas importantes. Sendo uma referência no ataque e um ídolo recente, suas atuações menos produtivas ou falhas pontuais ganham uma dimensão amplificada, refletindo a pressão inerente a um jogador de seu porte.
A variação em seu desempenho é um ponto de atenção. Embora brilhe em clássicos e jogos de grande apelo, em algumas partidas seu futebol pode ficar abaixo do esperado, gerando incertezas sobre sua consistência. Essa oscilação, mesmo que pontual, é frequentemente apontada como um obstáculo para que alcance seu potencial máximo e mantenha um nível de excelência constante.
Apesar das críticas, é inegável sua importância. Na temporada de 2025, mesmo com algumas oscilações, Luciano se manteve como a principal referência ofensiva, especialmente diante das ausências de Calleri e André Silva. Em mais de 45 partidas disputadas, o atacante contribuiu com 13 gols e 6 assistências, totalizando 19 participações diretas em gols, o que demonstra seu valor mesmo em momentos de dificuldade.
A Mentalidade de Vencedor e o Amor pelo São Paulo
Luciano tem uma relação especial com os clássicos. Ele se sente à vontade e costuma provocar os rivais, intensificando a rivalidade e o espetáculo em campo. Sua frase emblemática “Clássico a gente não joga, clássico a gente ganha” resume sua mentalidade e sua ambição em partidas decisivas. Essa atitude confiante e provocadora o torna uma figura ainda mais marcante para os torcedores.
Seu desejo de entrar para a história do São Paulo é evidente. A recusa da proposta do futebol saudita em 2023, priorizando a conquista da Copa do Brasil, é um ato de lealdade e paixão pelo clube. Essa decisão foi um indicativo claro de seu comprometimento e de seus objetivos, que vão além do aspecto financeiro.
Luciano demonstra um profundo carinho pelo São Paulo e pelo projeto do clube. Ele se vê como um protagonista e busca consolidar seu legado, almejando que o Tricolor retorne aos dias de glória. Essa mentalidade vencedora, aliada à sua garra em campo, é o que o torna um ídolo para a nova geração de torcedores são-paulinos.
O Futuro Promissor de um Ídolo Tricolor
Com contrato renovado até o final de 2026, Luciano tem a perspectiva de continuar escrevendo sua história no São Paulo. Essa renovação, ocorrida no final de 2024, sinaliza a confiança da diretoria em seu potencial e sua importância para os próximos anos. O objetivo é que ele consolide ainda mais seu status como um dos maiores artilheiros do clube no século.
Embora tenha sido especulado em outros clubes, como o Vasco da Gama, o São Paulo não demonstra intenção de negociá-lo. A diretoria reconhece seu valor de mercado e, principalmente, sua relevância técnica e emocional para a equipe. A expectativa é que ele continue sendo um líder e um jogador decisivo.
Luciano encontrou no São Paulo um ambiente de estabilidade e uma relação de confiança mútua. Superou um histórico de lesões e transformou desafios em momentos de glória. Com o apoio da comissão técnica e da torcida, ele busca agora unir a garra que tanto encanta com a consistência necessária para se firmar ainda mais como um dos maiores artilheiros da história do clube. O futuro dirá se sua disciplina e regularidade acompanharão seu talento, mas o legado de um jogador decisivo e amado pela torcida já está garantido.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







