A história de Weverton Pereira da Silva no futebol brasileiro é, sem dúvida, um dos enredos mais inspiradores e vitoriosos dos últimos anos. Com 37 anos e uma carreira marcada por regularidade impressionante, liderança e conquistas inquestionáveis, o goleiro se solidificou como o atleta com mais títulos na gloriosa trajetória do Palmeiras, ostentando impressionantes doze troféus ao lado de outros ídolos históricos do clube.
Sua trajetória não se resume apenas ao domínio no cenário nacional com o Verdão; Weverton também deixou sua marca indelével na Seleção Brasileira, sendo protagonista na inédita conquista da medalha de ouro olímpica em 2016. Mesmo em 2025, um ano que traz novos questionamentos sobre sua titularidade, rumores de reforços de peso e a necessidade de recuperação de uma lesão, sua figura permanece como um símbolo de consistência e dedicação no elenco alviverde, inspirando tanto companheiros quanto a apaixonada torcida.
Desde suas origens humildes no Acre até o estrelato em grandes palcos do futebol mundial, a jornada de Weverton é um testemunho de perseverança, adaptação e excelência. De um jovem que, por acaso, trocou o ataque pelo gol, ele se transformou em um pilar defensivo, um líder silencioso e um recordista, redefinindo o papel de goleiro no futebol moderno e garantindo um lugar especial na galeria dos maiores nomes do Palmeiras.
De Centroavante no Acre ao Goleiro Campeão: A Curiosa Trajetória de Weverton
A história de Weverton Pereira da Silva é repleta de reviravoltas, a começar por sua posição original em campo. Nascido no Acre, ele deu seus primeiros passos no futebol atuando como centroavante, uma posição que contrasta drasticamente com a que o consagraria. Sua habilidade chamou a atenção na Copa São Paulo de Futebol Júnior, defendendo as cores do Juventus-AC, onde um desempenho notável contra o Corinthians lhe rendeu o prêmio de melhor em campo e, posteriormente, um contrato com o Timão.
Apesar da oportunidade no Corinthians, a falta de chances fez com que o jovem Weverton buscasse novos horizontes. Foi nesse período de transição que ocorreu a mudança definitiva para o gol, uma decisão tomada por pura necessidade em uma equipe do Acre que precisava de um arqueiro. Sua estatura e a adaptabilidade o levaram a aceitar o desafio, transformando o que era um acaso em sua vocação. Após passagens pelas categorias de base do Corinthians, onde chegou a ser o terceiro goleiro, Weverton buscou experiência em empréstimos ao Oeste e ao América-RN em 2009. Em 2010, defendeu o Botafogo-SP, celebrando a conquista do Campeonato Paulista do Interior.
O ponto de virada em sua carreira veio com a transferência para a Portuguesa, onde se destacou como peça fundamental na campanha que culminou no título da Série B em 2011, um momento que marcou a volta da Lusa à elite do futebol nacional. Ao término de seu contrato com a Portuguesa, em 2012, Weverton deu um novo salto, assinando com o Athletico Paranaense. No Furacão, ele rapidamente assumiu a titularidade, ajudando o clube a garantir o acesso à Série A no mesmo ano de sua chegada. Sua fase de ouro no Athletico se estendeu com o vice-campeonato da Copa do Brasil e o terceiro lugar no Brasileirão de 2013, garantindo uma vaga na Libertadores. Weverton se tornou capitão, famoso por sua eficiência em pênaltis e defesas espetaculares, incluindo uma atuação memorável no Maracanã em 2015 contra o Fluminense, que garantiu uma vitória essencial. Ele celebrou 200 jogos pelo clube e, em 2016, encerrou um jejum de sete anos ao conquistar o Campeonato Paranaense, provando ser um pilar de solidez e liderança.
O Goleiro Que Marcou a História: O Ouro Olímpico e a Ascensão na Seleção Brasileira
O ano de 2016 ficará para sempre gravado na memória de Weverton e dos torcedores brasileiros. Poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, uma lesão do goleiro Fernando Prass abriu uma vaga inesperada na Seleção Olímpica. Weverton foi convocado às pressas, e o que parecia uma oportunidade de última hora se transformou em um capítulo heroico em sua carreira. Como titular, ele brilhou intensamente ao longo de toda a campanha, sofrendo apenas um gol em seis partidas, incluindo o da final contra a Alemanha.
A grande consagração veio na emocionante disputa por pênaltis da final, realizada no icônico Maracanã. Com a responsabilidade de defender a última cobrança alemã, Weverton se agigantou e defendeu o chute de Petersen, garantindo a vitória e a inédita e tão sonhada medalha de ouro para o futebol masculino brasileiro. Esse momento icônico, que abriu caminho para Neymar sacramentar a conquista, é considerado um dos pontos mais altos da trajetória do goleiro, consolidando seu nome no cenário nacional e internacional.
O sucesso nas Olimpíadas não passou despercebido. Em setembro de 2016, Weverton recebeu sua primeira convocação para a Seleção Principal, sob o comando do técnico Tite, participando das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Sua estreia oficial aconteceu em janeiro de 2017, em um amistoso contra a Colômbia, onde o Brasil saiu vitorioso por 1 a 0, marcando o início de sua contribuição para a equipe principal.
Chegada ao Palmeiras e a Era Dourada de Conquistas Inesquecíveis
A relação de Weverton com o Palmeiras começou, de fato, em 2016, com um compromisso verbal estabelecido com o então diretor Alexandre Mattos. Em dezembro de 2017, o clube alviverde oficializou sua contratação por cinco temporadas, trazendo o goleiro do Athletico-PR. Sua chegada gerou algumas expectativas, já que iniciou sua jornada como a terceira opção para o gol. No entanto, com “muito trabalho e respeito”, como ele mesmo descreve, Weverton não demorou a se firmar como titular absoluto logo no início de 2018.
Sua rápida adaptação e desempenho impecável, que incluiu uma impressionante sequência de nove jogos sem sofrer gols, foram cruciais para a conquista do Campeonato Brasileiro daquele ano, o primeiro de muitos títulos com a camisa alviverde. A partir de 2020, com um contrato renovado até 2024, Weverton se tornou uma peça ainda mais chave na equipe comandada por Abel Ferreira. Ele foi decisivo na final do Campeonato Paulista ao defender pênaltis contra o maior rival, o Corinthians, assegurando o título. Em seguida, brilhou intensamente nas campanhas vitoriosas da Copa Libertadores da América de 2020 e 2021, sendo um dos protagonistas absolutos dessas conquistas continentais. Sua performance em 2023 também foi fundamental para o tricampeonato brasileiro, consolidando-o como um dos maiores goleiros da história recente do clube.
Recordes, Legado e a Brilhante Participação na Copa do Mundo 2022
A lista de feitos de Weverton no Palmeiras é extensa e digna de um verdadeiro ídolo. Além de ser o atleta mais vitorioso da história do clube, com 12 títulos, ele igualou Marcos, outro lendário goleiro alviverde, em número de jogos pela Libertadores e o superou em títulos gerais conquistados. Sua regularidade, as defesas em momentos cruciais e a liderança silenciosa o colocam entre os maiores que já vestiram a camisa do Verdão. Ele foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro em 2021 e 2022, reforçando seu protagonismo em um dos períodos mais gloriosos do Palmeiras no século XXI.
Entre suas conquistas mais significativas pelo clube, destacam-se três Campeonatos Brasileiros (2018, 2022 e 2023), uma Copa do Brasil (2020), duas Copas Libertadores (2020 e 2021), quatro Campeonatos Paulistas (2020, 2022, 2023 e 2024), uma Recopa Sul-Americana (2022) e uma Supercopa do Brasil (2023). Defensivamente, Weverton também construiu marcas expressivas, atingindo 107 jogos sem sofrer gols, empatando com Marcos como o goleiro com mais “balizas zeradas” no século XXI pelo clube. Em suas próprias palavras, “A principal função do goleiro quando entra em campo é não sofrer gols. Hoje… eu chamo de noite perfeita: vitória mais baliza zero.”, frase que resume sua mentalidade vencedora.
O reconhecimento de sua excelência transcendeu o clube, culminando em sua primeira participação em uma Copa do Mundo em 2022, no Catar. Ao entrar em campo nos minutos finais da vitória da Seleção Brasileira por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul, nas oitavas de final, substituindo Alisson Becker, Weverton não apenas realizou um sonho, mas também ingressou em um seleto grupo de goleiros brasileiros que atuaram tanto em Jogos Olímpicos quanto em um Mundial. Essa breve, mas simbólica, aparição eternizou sua presença no maior torneio de futebol do planeta, um feito que ele descreveu como “muito especial”, reiterando o orgulho de sua jornada: “Sair do Acre para jogar a Copa do Mundo é um privilégio muito grande”.
O Desafio de 2025: Concorrência e o Futuro de Weverton no Gol Alviverde
O ano de 2025 apresenta novos e significativos desafios para Weverton no Palmeiras. Após anos de uma titularidade inquestionável, o goleiro se vê diante de uma concorrência fortalecida, especialmente com a chegada de Carlos Miguel, um reforço de peso contratado por 5,5 milhões de euros. Além da disputa por posição, Weverton corre contra o tempo para se recuperar de uma lesão na mão direita, buscando retornar à plena forma na reta final das competições.
A filosofia do técnico Abel Ferreira, que sempre enfatiza que a vaga de titular no gol, assim como em qualquer outra posição, não é garantida para ninguém, ecoa neste cenário. “Não dou camisetas a ninguém, quem chega tem que mostrar”, declarou o treinador, reforçando que o mérito e o desempenho nos treinamentos e jogos serão os critérios decisivos. Carlos Miguel, aproveitando a ausência de Weverton devido à lesão, fez sua estreia pelo Alviverde em uma derrota por 3 a 2 contra o Flamengo, marcando o início desta nova fase de disputa interna.
Apesar dos novos desafios e da pressão natural em um clube da grandeza do Palmeiras, Weverton mantém seu contrato até o final de 2026, o que demonstra a confiança da diretoria em seu potencial e em sua capacidade de continuar sendo uma peça fundamental no elenco. Sua trajetória, que o levou de centroavante no Acre a atleta mais vitorioso da história do Palmeiras, é um testemunho de superação e dedicação. A liderança, o desempenho em jogos decisivos e a busca incansável por consistência defensiva, pilares da era Abel Ferreira, são qualidades que Weverton personifica.
Diante deste novo cenário competitivo em 2025, a pergunta que ecoa entre os torcedores e analistas é: será que Weverton conseguirá manter sua titularidade absoluta e liderar o Palmeiras rumo a mais conquistas, reforçando ainda mais sua lenda? Ou será que a chegada de novos talentos e os desafios inerentes ao alto rendimento marcarão um novo capítulo em sua carreira, redefinindo seu papel no futuro próximo do Verdão? A temporada promete ser um teste de resiliência e adaptação para um dos maiores nomes da história palmeirense.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







