A conquista da Copa do Brasil em 2015 pelo Palmeiras não foi apenas um troféu, mas um marco na reestruturação e afirmação do clube no cenário nacional. Dez anos após a memorável final contra o Santos, as lembranças de um título construído com garra, superação e um apoio fervoroso da torcida continuam vivas na memória de todos os envolvidos.
A Virada Palmeirense: Um Triunfo Contra as Expectativas
A final da Copa do Brasil de 2015 colocou frente a frente duas gigantes do futebol paulista: Palmeiras e Santos. Apesar de ter sido derrotado por 1 a 0 na partida de ida, disputada na Vila Belmiro, o elenco alviverde demonstrava uma confiança incomum nos bastidores. Marcelo Oliveira, então treinador da equipe, recorda que a percepção externa era de um Santos em melhor momento, prestes a dominar a decisão. No entanto, dentro do vestiário, a convicção era outra. A rivalidade acirrada e as provocações mútuas, muitas vezes amplificadas pela imprensa e pela torcida adversária, serviram como um combustível extra para os jogadores palmeirenses.
Oliveira enfatiza a importância daquele título em sua carreira, especialmente por ter chegado a três finais anteriores sem o êxito desejado. “Esse título foi importante para mim”, relembrou o treinador. “Eu já tinha ido a três finais e não tinha conseguido ganhar e naquele momento estava uma ideia externa de que o Santos estava melhor e iria atropelar. Fomos e conquistamos o título em casa e, inclusive, merecia ter ganho no tempo normal, já que fomos melhores que o Santos.” Essa declaração demonstra a força mental e a determinação do grupo, que acreditava em sua capacidade de reverter o placar desfavorável.
O Poder da Concentração: Atibaia como Cenário da União
Para materializar essa confiança em campo, a preparação da equipe ganhou contornos estratégicos. Alexandre Mattos, diretor de futebol na época, tomou uma decisão que se provou acertada: a concentração do elenco em Atibaia nos dias que antecederam a grande final. Esse período de isolamento, longe das pressões e do burburinho da capital, permitiu que os jogadores se dedicassem integralmente à preparação tática e física, fortalecendo os laços e o espírito de equipe. Marcelo Oliveira destaca a relevância dessa iniciativa: “O Alexandre Mattos também foi importante pois nos levou para o interior e fizemos uma preparação muito boa.” Essa imersão total foi fundamental para que o Palmeiras chegasse à decisão com a mente focada e o corpo preparado para o desafio.
Allianz Parque em Festa: A Força da Torcida Alviverde
A atmosfera que cercou a partida de volta, no Allianz Parque, foi épica. A torcida palmeirense protagonizou uma das mais grandiosas manifestações de apoio desde a inauguração do estádio. A chegada do ônibus da equipe foi um espetáculo à parte, com uma multidão vibrante tomando as ruas próximas à arena. Fogos de artifício, bandeiras coloridas e cantos ensurdecedores criaram um clima de comoção e energia que contagiou os jogadores antes mesmo de pisarem no gramado. Marcelo Oliveira descreve o impacto dessa recepção:
“Foi emocionante quando chegamos, a gente esperava um campo lotado, mas ninguém esperava aqueles cem metros com tanta gente e tanto entusiasmo, com fogos, os jogadores filmando, aquilo me deu uma condição de até falar pouco no vestiário, acho que aquele momento foi o suficiente para entrar com uma vontade ainda maior, uma gana maior. A torcida teve um papel fundamental no título da Copa do Brasil.” Essa sinergia entre equipe e torcida foi um dos pilares da campanha vitoriosa, evidenciando a importância do fator casa e do apoio incondicional.
O Clima de Rivalidade e a Hora da Verdade nos Pênaltis
A rivalidade entre Palmeiras e Santos em 2015 foi intensa, transbordando para as provocações entre os jogadores. Um episódio marcante ocorreu em um confronto pelo Campeonato Brasileiro, quando Ricardo Oliveira provocou Fernando Prass após marcar um gol. Essa e outras demonstrações de rivalidade serviram, nos bastidores, como um tempero a mais na motivação do elenco palmeirense para a decisão da Copa do Brasil. O jogo em si foi uma batalha tática e emocional. O Palmeiras conseguiu vencer por 2 a 1 no Allianz Parque, forçando a disputa de pênaltis.
O desfecho nos pênaltis viu Fernando Prass se consagrar como herói, convertendo a cobrança decisiva. Para Marcelo Oliveira, essa reviravolta foi a confirmação da resiliência e da crença do grupo. Ele recorda a convicção que já pairava no vestiário após o jogo de ida: “Mas quando acabou o jogo em Santos a gente teve a convicção que nos prepararíamos muito.” Essa certeza inabalável, aliada à preparação meticulosa e ao apoio maciço da torcida, consolidou um dos títulos mais emblemáticos da história recente do Palmeiras, um capítulo de superação e glória que ecoa até hoje.

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