A semifinal da Copa Libertadores da América reserva um confronto desafiador para o Palmeiras, que viaja ao Equador para encarar a LDU. A partida, que ocorrerá no Estádio Rodrigo Paz Delgado, em Quito, eleva a disputa para altitudes consideráveis, forçando o Verdão a implementar estratégias adaptadas para lidar com as condições climáticas e geográficas únicas. Este palco, palco de importantes vitórias e aprendizados para o clube, apresenta um desafio adicional que exige preparação e foco máximos.
A Adaptação ao Ambiente de Altitude: Um Protocolo Desenvolvido
O duelo contra a LDU em Quito coloca o Palmeiras diante de um cenário já familiar, mas que exige constante aprimoramento em suas estratégias. Em maio de 2021, o técnico Abel Ferreira deu seus primeiros passos em jogos de altitude, contando com a sabedoria dos atletas para traçar o caminho da vitória. Hoje, o clube ostenta um protocolo bem estabelecido e inovador, projetado para mitigar os efeitos da altitude no desempenho dos jogadores. Essa preparação antecipada e específica se tornou um diferencial, buscando minimizar o impacto da escassez de oxigênio no corpo dos atletas.
Diferentemente de outras equipes que, por vezes, chegam ao local da partida em cima da hora ou com uma antecedência considerável, o Palmeiras adota uma abordagem equilibrada. A equipe chega a Quito com dois dias de antecedência, realizando um treino na véspera do jogo. Essa prática visa proporcionar aos jogadores a oportunidade de se familiarizarem com as mudanças físicas impostas pelo ambiente, bem como com a trajetória da bola, que pode sofrer alterações devido à menor densidade do ar. Essa metodologia foi testada e aprovada em outras ocasiões desafiadoras, como no confronto contra o Bolívar em La Paz, também pela Libertadores, e agora se repete para a crucial semifinal contra a LDU.
O Legado do Rodrigo Paz Delgado: Experiências e Evolução
O Estádio Rodrigo Paz Delgado, conhecido popularmente como Casa Blanca, não é um território inexplorado para o Palmeiras. Foi neste mesmo palco que, em 2021, sob o comando de Abel Ferreira, o time conquistou uma vitória memorável. Naquela ocasião, o treinador destacou a importância da colaboração e da experiência dos jogadores diante de um desafio inédito para ele. “Era a minha primeira vez na altitude, quis ouvir os mais velhos e mais novos. A estratégia tática foi dos jogadores”, revelou Ferreira na época, evidenciando a maturidade tática da equipe mesmo em circunstâncias adversas.
Desde então, o Palmeiras acumula um histórico positivo em jogos disputados em altitudes elevadas. São cinco partidas realizadas nessas condições, com um aproveitamento impressionante de quatro vitórias e apenas uma derrota. Essa única derrota ocorreu contra o Bolívar, em um período em que a equipe contava predominantemente com atletas da base, em virtude da pandemia de Covid-19. Com o passar do tempo, o comando técnico desenvolveu de forma gradual as adaptações táticas necessárias para competir em ambientes de alta altitude, transformando o desafio em uma oportunidade de crescimento.
Impactos Fisiológicos da Altitude e as Estratégias de Mitigação
A altitude de Quito, situada a 2.850 metros acima do nível do mar, representa um desafio fisiológico significativo. O menor teor de oxigênio no ar exige que o corpo trabalhe mais para suprir suas necessidades. Como explica a especialista em medicina do esporte, Carla Tavares, a menor disponibilidade de oxigênio compromete a performance aeróbica. “Ocorre aumento da frequência cardíaca e da respiratória para compensar, tornando a fadiga mais rápida, diminuindo a capacidade de sprints repetidos e dificultando a recuperação entre eles”, detalha Tavares.
No contexto do Palmeiras, estima-se um comprometimento de cerca de 20% em fatores cruciais como corrida e resistência. Embora seja um fator limitante, não é incapacitante. A comissão técnica alviverde, em conjunto com o núcleo de excelência do clube, trabalha arduamente para minimizar os sintomas de fadiga, dores de cabeça e tonturas. As estratégias incluem o controle rigoroso da alimentação, o uso de medicação prescrita e a hidratação constante e monitorada. Essa abordagem multifacetada visa garantir que os atletas estejam nas melhores condições possíveis para enfrentar o desafio da altitude e manter o foco na conquista da vitória.
O Jogo em Altitude: Adaptações Táticas e Mentalidade Vencedora
Os jogadores do Palmeiras reconhecem a necessidade de ajustes táticos ao jogar em altitudes elevadas. O lateral-direito Giay, por exemplo, comenta sobre a mudança no estilo de jogo em tais circunstâncias. “Às vezes são jogos mais diretos, sabe? Sem tanta posse de bola. Também não sempre ir tudo ao ataque, às vezes tem que segurar um pouco. Porque dá para sentir a falta de oxigênio, de correr e não poder recuperar o ar”, explica o jogador, evidenciando a consciência coletiva sobre as particularidades do ambiente.
Apesar de reconhecerem a vantagem que a altitude confere aos adversários, a mentalidade do Palmeiras permanece focada em seu plano de jogo. A busca por um bom resultado fora de casa e a consolidação da classificação em casa, com o apoio de sua torcida, são os objetivos primordiais. “Sabemos que eles são fortes lá e a ideia não vai mudar. Igual a cada fase que a gente joga, é fazer um bom resultado fora e fechar em casa com nossa gente, nosso campo”, finaliza o lateral Piquerez, demonstrando a confiança e a determinação da equipe em seguir em busca do tão almejado título da Libertadores.

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