A conquista da vaga na final da CONMEBOL Libertadores trouxe à tona uma onda de emoções para o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira. Após reverter uma desvantagem considerável na semifinal, o treinador demonstrou profunda gratidão e um alívio palpável, que transbordou em lágrimas no gramado do Allianz Parque. A virada épica sobre a LDU, com uma goleada de 4 a 0, selou o destino do Verdão na competição continental, mas os sentimentos do comandante vão além do resultado em campo.
A jornada rumo à final da Libertadores foi marcada por uma performance espetacular do Palmeiras. Após ser superado por 3 a 0 no jogo de ida contra a LDU, a equipe paulista precisava de uma atuação memorável em casa para reverter o placar e avançar na competição. E foi exatamente o que aconteceu. No Allianz Parque, o Verdão impôs seu ritmo, demonstrou força e organização tática, culminando em uma goleada convincente de 4 a 0. Essa vitória expressiva não apenas garantiu a classificação para a grande decisão, mas também evidenciou a resiliência e a capacidade de superação do time sob o comando de Abel Ferreira.
A comemoração de Abel Ferreira, capturada no apito final, revelou um homem movido por uma pressão constante e uma busca incessante por aprovação, mesmo em meio a tantos sucessos. O treinador português desabafou sobre a dificuldade em desfrutar das vitórias, atribuindo essa sensação à necessidade diária de provar seu valor e merecimento. “Eu ainda não consigo desfrutar das vitórias, eu penso que todos os dias tenho que estar a provar o lugar que eu mereço”, confessou, demonstrando a carga emocional que acompanha sua trajetória no futebol brasileiro.
A Intensidade de um Mal Perdedor e a Busca por Alívio
Abel Ferreira não esconde sua natureza competitiva e seu incômodo com a derrota. Ao comentar sobre seu temperamento, ele se autodenominou um “mal perdedor”, o que explica a intensidade de suas reações em momentos cruciais. A conquista da vaga na final, nesse contexto, representou um profundo sentimento de alívio, um peso que se dissipa após a superação de um desafio árduo. As lágrimas derramadas no gramado não foram apenas de alegria, mas também de um esvaziamento de tensões acumuladas.
“Não sei se vou conseguir ser capaz de entregar esse tipo de vitórias porque o futebol tem ganhar perder e empatar, por isso sou tão mal perdedor e quando a a ou o jogo é um sentimento de alívio, agradecer as pessoas que estão comigo, queria abraçar minha filha que não está agora comigo, está em Portugal”, revelou o comandante, evidenciando a importância dos laços familiares em sua vida e a saudade da filha que reside em outro país. O futebol, para ele, é uma arena de constante provação, onde cada partida é uma nova batalha a ser vencida.
Família: A Base de Tudo e a Reflexão Pessoal
Em um momento de genuína vulnerabilidade, Abel Ferreira destacou a família como seu alicerce fundamental. A emoção que tomou conta do técnico após a classificação reflete a força desses laços, mesmo à distância. “Família pra mim é base de tudo. Eu chorei e estou a chorar agora, não gosto de mostrar minha parte fraca. Mas é isso mesmo, é um alívio. Isso que eu tenho pra vos dizer; é um alívio”, declarou, abrindo uma janela para sua intimidade e os valores que o norteiam.
Essa demonstração de fragilidade, longe de diminuir sua imagem, reforça a humanidade do treinador. Em um ambiente muitas vezes impiedoso como o futebol, ver um profissional em sua plenitude reconhecer a importância de suas origens e a força que encontra em seus entes queridos adiciona uma camada de profundidade à sua figura. A saudade da filha em Portugal e o desejo de abraçá-la ressaltam a dualidade de sua vida, dividida entre as exigências da carreira e os laços afetivos.
Contrato, Críticas e o Oásis Verde e Amarelo
A entrevista pós-jogo também trouxe à tona reflexões sobre seu futuro no clube. Abel Ferreira admitiu que as críticas e os xingamentos recebidos por parte da torcida após a eliminação para o Corinthians na Copa do Brasil o fizeram ponderar sobre sua permanência. O episódio parece ter abalado o treinador, que confessou ter ficado “muito magoado” com a reação de alguns torcedores.
“Não preciso assinar contrato, a Leila sabe o que eu quero. Eu fiquei muito magoado com aquilo que ouvi de uma parte da torcida, não estava à espera. Por isso, digo Leila: não vale assinar, porque não vou continuar se não houver condições de assinar. Tem clubes que já me ligaram de todos os lados”, desabafou, mostrando o impacto que as manifestações negativas tiveram em sua decisão. A relação com a presidente Leila Pereira e o Palmeiras parece estar em um ponto delicado, embora ele reafirme seu apreço pelo clube.
A Dualidade da Vida no Brasil e o Amor pelo Palmeiras
O técnico português também abordou a dureza de viver e trabalhar no Brasil, não por conta do clube em si, mas pela postura de alguns profissionais da imprensa. Abel Ferreira sente que, por vezes, a crítica ultrapassa os limites do profissionalismo, levando-o a questionar sua própria permanência. “É duro estar no Brasil. Não pelo clube. Mas porque vocês jornalistas são duros, alguns passam do ponto, e às vezes eu questiono para mim mesmo se é isso que quero continuar”, pontuou.
Apesar das adversidades e das especulações sobre seu futuro, Abel Ferreira fez questão de exaltar o Palmeiras como um “oásis”. Ele elogiou a estrutura do clube e o ambiente de trabalho, indicando que, mesmo diante de pressões externas, o Verdão se destaca como um local propício para o desenvolvimento profissional. “Olhando para o clube estrutura, o Palmeiras para mim é um oásis. Não sei se vamos ganhar títulos ou não, mas a Leila sabe o que quero, os jogadores sabem que gostam de os treinar. Temos cinco anos que penso que seriam cinco meses. Eu gosto de estar aqui”, afirmou, evidenciando o carinho e a identificação que construiu com a equipe paulista.
Confiança e a Continuidade do Legado
Com o contrato vigente até o final do ano e a renovação ainda sem assinatura, a declaração de Abel Ferreira de que um acordo verbal seria suficiente demonstra a confiança mútua que acredita existir. “Não preciso ter nada assinado, pra mim basta de boca. No Mundial falei: única coisa que disse a Leila. Agora é altura de continuar a dar alegrias aos nossos jogadores torcedores”, ressaltou, indicando que o foco principal é a sequência de bons resultados e a satisfação da torcida e dos atletas. A classificação para a final da Libertadores é apenas mais um capítulo em sua vitoriosa passagem pelo futebol brasileiro.

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