O ex-zagueiro Paulão, figura central na fatídica campanha que culminou no único rebaixamento do Internacional no Campeonato Brasileiro, em 2016, concedeu uma entrevista reveladora onde comparou a situação atual do clube com aquela equipe que ele defendia. Com 39 anos e ainda atuante no futebol mineiro, onde auxiliou o North a subir para a elite estadual, Paulão traçou um paralelo que acende um alerta para a torcida colorada.
De acordo com o defensor, o time comandado por Ramón Díaz neste ano apresenta fragilidades defensivas que, em sua visão, superam as do time de 2016. Uma das afirmações mais contundentes foi a de que o Internacional daquele ano “tomou menos gols do que essa época”, ressaltando que o “sistema defensivo foi muito menos atingido”. Paulão complementou, pontuando que, embora o ataque fosse alvo de cobranças na época, a percepção negativa recaía majoritariamente sobre a zaga.
Análise Crítica: A Defesa de 2016 vs. A Atual
Paulão detalhou os motivos que, em sua opinião, levaram o Internacional à inédita queda. Um dos principais fatores apontados foi a intensa renovação do elenco entre 2015 e 2016. Essa mudança abrupta, segundo o jogador, prejudicou a sequência e a adaptação dos atletas, dificultando a formação de um time coeso e resiliente. A falta de jogadores mais experientes para mentorar os jovens talentos também foi destacada como um elemento crucial para a incapacidade da equipe em lidar com a pressão crescente ao longo da competição.
“Tínhamos jogadores muito jovens ali, não conseguimos lidar com a pressão”, desabafou Paulão. Ele explicou que a pressão se tornou tão avassaladora que, uma vez instalados na zona de rebaixamento, os jogadores sentiram uma falta de força interna para reverter o quadro. A “imagem que ficava ruim só era nossa”, disse, referindo-se à carga sobre os defensores, mesmo quando os problemas eram mais generalizados.
O Peso do Rebaixamento e a Relação com o Clube
Ao ser questionado sobre possíveis mágoas em relação ao Internacional após sua saída, Paulão admitiu que houve desapontamento. Ele relembrou a sensação de não ter recebido o respaldo necessário da diretoria após ser transformado em um “bode expiatório” para a queda. “Sempre soubi das minhas limitações”, afirmou, mas ressaltou que sua entrega e dedicação ao clube mereciam, no mínimo, um respeito maior por parte da cúpula, uma vez que ele sempre honrou o manto colorado.
A declaração expõe a dificuldade de lidar com a rejeição pública e a falta de amparo institucional em momentos de crise. Para um jogador que se dedicou ao clube, ser o foco principal das críticas sem o devido apoio da gestão pode gerar um sentimento profundo de injustiça e ressentimento, algo que parece ter marcado Paulão.
O Futuro Incerto e o Eco de 2016
Quase uma década se passou desde o fatídico ano de 2016, mas o fantasma do rebaixamento volta a assombrar o Internacional. Atualmente, o clube se encontra novamente em uma situação delicada no Campeonato Brasileiro, com a ameaça da segunda divisão pairando sobre o Beira-Rio. Paulão, que vivenciou na pele a dor da queda, expressou seu desejo de que a história não se repita, mas não escondeu a apreensão.
“Eu torço que não [caia]. Minha torcida é essa, mas a gente vê e não dá pra garantir”, declarou. O ex-defensor observou que existem, sim, algumas semelhanças entre a equipe de 2016 e a atual formação colorada, principalmente no que diz respeito a aspectos táticos e de desempenho em campo. Essas observações, vindas de quem sentiu o amargor da primeira queda, ganham um peso especial e servem como um alerta para a torcida e para a comissão técnica.
Lições do Passado para Evitar uma Nova Tragédia
A análise de Paulão não se limita a uma simples nostalgia ou crítica. Ela serve como um chamado à reflexão sobre os erros cometidos no passado e a importância de não repeti-los. A experiência do rebaixamento de 2016 oferece lições valiosas sobre a necessidade de um planejamento consistente, a gestão da pressão, o equilíbrio entre juventude e experiência no elenco e, fundamentalmente, o apoio institucional aos jogadores em momentos de adversidade.
O Internacional, hoje, tem a oportunidade de aprender com seu próprio histórico. A capacidade de absorver essas lições e implementar mudanças eficazes determinará se o clube conseguirá afastar de vez o risco de uma nova queda e trilhar um caminho de recuperação e sucesso, honrando a sua gloriosa história no futebol brasileiro.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







