O cenário político e financeiro do Internacional está em constante debate entre seus conselheiros e ex-dirigentes. Em um recente encontro do Conselho Deliberativo, realizado na noite de segunda-feira (10) em Porto Alegre, discussões sobre possíveis alterações estatutárias foram o pano de fundo para a manifestação de Roberto Melo, ex-vice de futebol e candidato à presidência em eleições passadas. O dirigente, ao ser questionado sobre suas intenções para o pleito de 2026, preferiu direcionar o foco para os desafios prementes que o clube enfrenta, especialmente no âmbito financeiro. A crise atual, segundo Melo, pode se intensificar nos próximos anos, exigindo um esforço coletivo e uma visão estratégica para a recuperação.
O Futuro Incerto do Internacional em 2026
Roberto Melo, uma figura conhecida no cenário político colorado, participou ativamente da votação no Conselho Deliberativo, um momento crucial para a tomada de decisões que moldarão o futuro do clube. A reunião, que visava debater possíveis modificações no estatuto do Internacional, proporcionou um espaço para que dirigentes e ex-dirigentes expressassem suas visões sobre a atual conjuntura. Ao ser abordado sobre a possibilidade de se candidatar novamente à presidência em 2026, Melo demonstrou uma cautela estratégica, argumentando que o foco neste momento deve ser na superação das dificuldades que o clube atravessa. Sua declaração em entrevista ao canal de Fabiano Baldasso revelou uma preocupação genuína com o futuro, alertando que se o presente já é desafiador, o cenário para 2026 pode se apresentar ainda mais complexo.
As palavras de Melo ressoam a apreensão de muitos torcedores e membros do clube. A gestão financeira, um dos pilares para a sustentabilidade de qualquer instituição esportiva, tem sido alvo de intensos debates. A dívida com clubes e jogadores, somada à sazonalidade de receitas, especialmente nos meses de menor entrada de recursos como o final do ano, com o pagamento do 13º salário e férias, lança uma sombra de incerteza sobre o planejamento a médio e longo prazo. A projeção de Melo de que 2026 pode ser “mais complicado” não é um mero pessimismo, mas sim um alerta fundamentado na realidade econômica do futebol brasileiro e nas particularidades do Internacional.
Dificuldades Financeiras e a Necessidade de Planejamento Estratégico
A análise de Roberto Melo sobre o presente e o futuro financeiro do Internacional é direta e preocupante. Ele ressalta que o clube está operando em um contexto de dificuldades, com notícias frequentes sobre débitos pendentes. O início de um novo campeonato em janeiro, por exemplo, já impõe uma pressão adicional sobre as finanças, exigindo recursos para a montagem do elenco e a participação nas competições. Melo enfatiza que o período final do ano, tradicionalmente marcado por despesas com o 13º salário e férias dos funcionários e atletas, coincide com uma menor entrada de receitas, intensificando o aperto financeiro. Essa conjuntura, segundo o ex-dirigente, aumenta consideravelmente a probabilidade de um ano de 2026 ainda mais desafiador, exigindo um planejamento financeiro rigoroso e ações concretas para a reversão do quadro.
A falta de liquidez e a necessidade de gerenciar passivos existentes são obstáculos que demandam soluções criativas e uma gestão responsável. A dependência de receitas de bilheteria, direitos de transmissão e patrocínios, embora fundamentais, podem não ser suficientes para cobrir todas as obrigações e ainda permitir investimentos em infraestrutura e no futebol. A discussão sobre a viabilidade de novas fontes de receita e a renegociação de dívidas se torna, portanto, um ponto crucial para a estabilidade e o crescimento do clube. A visão de Melo, portanto, serve como um chamado à reflexão para que os dirigentes atuais e futuros se debrucem sobre essas questões com a seriedade que elas merecem.
A Importância da Unidade Política para a Superação da Crise
Em meio às complexidades financeiras e aos desafios da gestão, Roberto Melo também ressalta um fator igualmente vital para a recuperação do Internacional: a união política. Ele defende enfaticamente a necessidade de pacificação e de um esforço conjunto para superar as adversidades. “O nosso lema é sempre tentar pacificar o clube, tentar unir o clube. E é isso que vamos trabalhar para que consigamos fazer isso”, declarou Melo, sublinhando a importância de deixar de lado divergências políticas em prol do bem maior do clube. A polarização excessiva e as disputas internas, segundo ele, podem minar a capacidade do Internacional de tomar decisões assertivas e de implementar as mudanças necessárias.
A busca por um consenso e por um ambiente de colaboração entre as diferentes correntes políticas do clube é vista como um caminho essencial para a construção de um futuro mais promissor. Sem essa harmonia, a implementação de qualquer plano de recuperação, seja financeiro, esportivo ou de gestão, torna-se significativamente mais difícil. A força de um clube reside, em grande parte, na coesão de seus membros e na capacidade de remarem na mesma direção, especialmente em momentos de crise. A postura de Melo, ao pregar a pacificação, demonstra uma maturidade política e um compromisso genuíno com a instituição, que transcende as ambições pessoais.
O Calendário Eleitoral do Internacional e a Proximidade de 2026
A próxima eleição para a presidência do Internacional está agendada para o final de 2026, um prazo que, embora pareça distante, já começa a ser objeto de especulações e discussões nos bastidores políticos do clube. O atual mandatário, Alessandro Barcellos, cumpre seu último ano de mandato e, de acordo com o estatuto da agremiação, não poderá concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Essa impossibilidade abre espaço para novas candidaturas e intensifica o debate sobre os rumos que o clube deverá tomar nos próximos anos. A participação de ex-dirigentes como Roberto Melo em eventos importantes, como a votação no Conselho Deliberativo, é vista como um termômetro do cenário político e das possíveis movimentações para o futuro.
A antecipação dessas discussões, mesmo antes da proximidade do pleito, reflete a preocupação dos envolvidos com a necessidade de um planejamento estratégico de longo prazo. A eleição de 2026 não será apenas uma disputa por um cargo, mas sim um momento crucial para a definição de uma nova liderança capaz de enfrentar os desafios financeiros e esportivos que o Internacional já vislumbra. A clareza sobre as regras eleitorais e o calendário subsequente permite que potenciais candidatos e seus grupos políticos se organizem e apresentem propostas concretas para o futuro do clube, buscando reconquistar a confiança da torcida e reconstruir um caminho de sucesso e estabilidade.

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