O cenário no Internacional é de extrema apreensão. Com duas rodadas decisivas restando para o fim do Campeonato Brasileiro, o clube busca uma reviravolta para evitar um desfecho indesejado. Em meio a uma semana turbulenta, que culminou com a saída de Ramón Díaz e a iminente queda para a zona de rebaixamento, a diretoria agiu rapidamente para trazer de volta um nome experiente e com forte ligação afetiva com a torcida: Abel Braga. O treinador desembarcou em Porto Alegre e, longe de fugir da realidade, foi direto ao ponto ao descrever o estado anímico do elenco.
A Urgência de Reverter o Cenário Psicológico no Elenco Colorado
A declaração mais contundente de Abel Braga, ao ser questionado sobre a situação emocional dos jogadores, foi direta e sem rodeios: “O que tá fudido é o anímico dos jogadores”. Essa frase, proferida em um momento delicado para o clube, expôs a principal preocupação do comandante. O Internacional, que vinha de uma sequência de resultados negativos e um período de instabilidade interna, viu-se mergulhado em uma crise que afetou profundamente a confiança do grupo. A proximidade da zona de rebaixamento, um cenário inimaginável para um clube com a história e a grandeza do Colorado, adicionou uma camada extra de pressão. A queda de Ramón Díaz, que não conseguiu reverter a trajetória negativa, abriu espaço para essa intervenção de última hora. Abel Braga, ao assumir o leme, tem como missão principal resgatar a autoestima, a força mental e o foco de um elenco visivelmente abalado. A tarefa não será fácil, mas a crença do treinador na permanência é um primeiro passo para a esperança.
O Chamado de D’Alessandro e a Rapidez na Decisão de Abel Braga
A negociação para o retorno de Abel Braga ao Internacional foi surpreendentemente ágil. O treinador revelou que o contato inicial partiu de ninguém menos que Andrés D’Alessandro, figura icônica e atual diretor esportivo do clube. Pouco tempo depois, a conversa com o presidente Alessandro Barcellos selou o acordo. Para Abel, a decisão de aceitar o desafio levou apenas alguns minutos. O que o impulsionou não foi um planejamento estratégico complexo ou uma análise fria de custos e benefícios, mas sim um profundo vínculo afetivo com o Colorado. Aos 73 anos, o experiente treinador retorna ao comando técnico após um período afastado das beiras do campo, motivado por um apelo emocional que, segundo suas próprias palavras, “mexeu profundamente” com ele. Essa conexão histórica com o clube parece ser a chave que a diretoria busca para mobilizar tanto o elenco quanto a massa colorada.
O Ponto de Virada Necessário: Duas Finais e a Missão de Salvar o Clube
O Internacional se encontra em uma situação crítica no Campeonato Brasileiro. Com 41 pontos conquistados até o momento, o time figura na 17ª colocação, o que significa que a permanência na elite do futebol nacional está ameaçada. Restam apenas duas partidas para o fim da competição, e ambas serão verdadeiras finais. O primeiro confronto será contra o São Paulo, fora de casa, um adversário que também luta por seus objetivos na temporada. Na rodada final, o Colorado enfrentará o Red Bull Bragantino no Beira-Rio, em um duelo que pode definir o destino da equipe. Abel Braga, ciente da gravidade da situação, já deixou claro que seu compromisso é temporário e que não seguirá no comando em 2026. Sua única missão, e a mais importante, é “salvar o clube” do rebaixamento. A diretoria colorada aposta na figura de Abel como um “fato novo”, alguém capaz de injetar ânimo e esperança em um momento de baixa. Agora, a grande incógnita é se o impacto emocional do treinador será suficiente para recuperar um grupo que, de acordo com o próprio comandante, está “fudido animicamente”. A torcida, por sua vez, já demonstrou seu apoio e a expectativa por uma entrega total e uma postura aguerrida nos jogos que definem o futuro do Internacional.
A Importância do Componente Emocional na Retomada do Internacional
Em meio a um cenário de pressão máxima e com duas partidas decisivas pela frente, Abel Braga enfatizou a importância do fator psicológico para o Internacional. Ao ser abordado por torcedores no aeroporto, o treinador foi enfático ao afirmar que o componente emocional será mais crucial do que qualquer ajuste tático neste momento da temporada. A preocupação com o “anímico” dos jogadores não é por acaso. Uma equipe com a confiança abalada e sob o peso da ameaça de rebaixamento pode ter seu desempenho técnico e tático comprometido. A missão de Abel vai além de armar jogadas ou definir estratégias em campo; trata-se de reconstruir a mentalidade do grupo, resgatar a autoconfiança e a união. Ele prometeu “virar o vestiário”, uma expressão que denota a necessidade de uma mudança radical na forma como os jogadores encaram os desafios. O apoio da torcida é um elemento fundamental nesse processo, e Abel fez um apelo por entrega, postura e união, buscando fortalecer essa conexão entre arquibancada e campo. A esperança é que a energia da torcida, aliada à experiência e à capacidade de motivação de Abel Braga, seja o combustível necessário para o Internacional superar essa fase crítica e garantir sua permanência na Série A.

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