O Grêmio sofreu uma dura goleada de 4 a 0 para o Bahia na Arena Fonte Nova, em Salvador, em partida válida pela 29ª rodada do Brasileirão Betano. O resultado negativo, que ocorreu ontem (19), gerou grande insatisfação entre os torcedores, e um dos nomes mais comentados e criticados após o confronto foi o experiente zagueiro Walter Kannemann, cuja performance esteve sob intenso escrutínio da arquibancada virtual e física. A derrota ampliou a pressão sobre o time gaúcho em um momento crucial do campeonato, e a atuação individual do defensor argentino reacendeu debates sobre o momento atual de ídolos do clube e a necessária renovação do elenco.
Apesar de ser um dos maiores ídolos da história recente do Tricolor Gaúcho, Kannemann viu seu desempenho contestado, especialmente no quarto gol do Esquadrão de Aço, um lance que simbolizou a fragilidade defensiva gremista na partida. O resultado não apenas impactou a classificação do Grêmio, mas também colocou em evidência a montanha-russa de emoções vivida pelos torcedores, que oscilam entre a gratidão pelo passado glorioso e a frustração com o presente.
A Goleada na Fonte Nova e o Retorno Conturbado de Kannemann
A Arena Fonte Nova foi palco de um revés doloroso para o Grêmio, que viu suas ambições na parte de cima da tabela do Brasileirão Betano serem abaladas por uma goleada de 4 a 0 imposta pelo Bahia. O resultado foi um choque para a equipe comandada por Renato Portaluppi, que busca consolidar sua posição entre os times que almejam competições continentais. Em meio à busca por uma recuperação, a presença de Walter Kannemann era vista com uma ponta de esperança, já que o zagueiro argentino retornava à equipe após cumprir suspensão. Sua ausência em partidas anteriores, especialmente na derrota para o Bragantino, onde foi expulso em uma jogada polêmica, já havia gerado debate sobre sua intensidade e o limite entre raça e imprudência.
Contudo, o retorno do defensor, conhecido por sua garra e entrega incondicional, não teve o efeito esperado. Pelo contrário, sua atuação foi um dos pontos mais criticados pelos analistas e, principalmente, pelos torcedores. A defesa gremista, que vinha oscilando ao longo da temporada, sofreu em diversos momentos da partida, culminando nos quatro gols do adversário. A pressão de jogar contra um time que luta contra o rebaixamento, mas que atua em casa e com o apoio da torcida, pareceu pesar para o sistema defensivo gremista, que não conseguiu conter o ímpeto ofensivo do Bahia.
O Zagueiro Ídolo no Centro da Tempestade: Desempenho Questionado
Walter Kannemann é, sem dúvida, um nome gravado na história recente do Grêmio. Peça fundamental nas conquistas da Libertadores de 2017 e de outros títulos importantes, o zagueiro se notabilizou pela entrega, marcação implacável e uma combatividade que contagiava a equipe e a torcida. No entanto, o futebol é implacável com o tempo, e aos 34 anos, o defensor argentino tem visto seu desempenho ser cada vez mais questionado, algo que se intensificou após a partida contra o Bahia.
O lance do quarto gol do Esquadrão de Aço, marcado por Rodrigo Nestor, tornou-se o epicentro das críticas. Na jogada, Kannemann tentou proteger a bola para a saída do goleiro Gabriel Grando, uma ação comum e que visa ganhar tempo e evitar riscos. Contudo, a persistência e velocidade de Nestor superaram a tentativa do zagueiro, que foi vencido na disputa e viu o adversário balançar as redes. Esse momento específico, para muitos, simbolizou uma falha de julgamento ou uma perda de vigor físico, aspectos que começam a pesar na avaliação do jogador. Os “botes” antes precisos e a imposição física que o consagraram parecem, em alguns momentos, dar lugar a lances que comprometem, gerando faltas desnecessárias ou, como no jogo em questão, gols adversários. A exigência do Brasileirão, com seu calendário apertado e a intensidade física de cada partida, expõe ainda mais as dificuldades de atletas experientes em manter um nível de excelência constante.
A Voz da Torcida: Entre Críticas Veementes e Defesas Apaixonadas
A reação da torcida gremista nas redes sociais à performance de Kannemann reflete a complexidade da relação entre um ídolo e seus seguidores em momentos de dificuldade. Uma parcela significativa dos torcedores expressou a sensação de que o ciclo do argentino no Imortal deveria chegar ao fim. Mensagens como “Obrigado Walter Kannemann por 10 anos de Grêmio e por ter dado a vida muitas vezes pelo nosso Tricolor. Mas, acabou! Num clube sério hoje, você não seria nem opção no banco de reservas” evidenciam a dor da despedida de um herói, mas também a cobrança por um futebol de alto rendimento. Muitos apontam a idade como um fator preponderante, além de uma suposta “estabanada” em campo, a frequência de botes errados e a constante marcação da arbitragem, que frequentemente resulta em cartões amarelos ou expulsões, prejudicando o time.
Por outro lado, uma outra parcela da torcida se posicionou em defesa do zagueiro. Para esses, a dedicação e a “raça” de Kannemann continuam inegáveis, e seus erros pontuais não apagam uma história de conquistas e lealdade. Há quem atribua a ferocidade das críticas à “bipolaridade do torcedor gremista”, que ora exalta, ora crucifica, dependendo do resultado do último jogo. A defesa argumenta que um jogador de sua importância não pode ser avaliado apenas por uma partida ruim e que, em breve, pode voltar a ter atuações decisivas, reforçando sua importância para o vestiário e a experiência que traz ao elenco. A complexidade do futebol moderno, onde a pressão por resultados imediatos é imensa, transforma ídolos em alvos de forma muito rápida, e a memória das glórias passadas, por vezes, é obscurecida pela performance do dia.
Contrato Renovado e o Futuro Incerto do Capitão Gremista
A discussão sobre o futuro de Kannemann ganha contornos ainda mais complexos ao considerarmos a recente renovação de seu contrato. Em setembro, o Grêmio estendeu o vínculo com o zagueiro até 2027, um movimento que, à época, foi visto como uma demonstração de confiança no atleta e na sua capacidade de seguir contribuindo em alto nível. A decisão da diretoria, agora, é revisitada sob o prisma da recente performance e da repercussão negativa. A longevidade de um contrato para um jogador de 34 anos, em um clube que busca se manter competitivo no cenário nacional, sempre gera debate.
O desafio para a comissão técnica e a diretoria gremista é grande: como gerenciar a situação de um ídolo com um contrato de longo prazo, mas cujo desempenho gera questionamentos na torcida? A possibilidade de Kannemann se tornar um “reserva de luxo” no futuro próximo é uma das especulações, mantendo sua experiência e liderança no elenco, mas sem a pressão da titularidade constante. Independentemente do papel que venha a desempenhar, a trajetória de Walter Kannemann no Grêmio é inegavelmente marcada por momentos de glória e dedicação. A questão atual é como conciliar essa história rica com as demandas por um futebol de alta performance e a necessidade de renovação do elenco, garantindo que o legado do ídolo não seja manchado pelas dificuldades de uma fase de transição.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores






