O clássico carioca entre Flamengo e Fluminense, válido pela 34ª rodada do Brasileirão Betano, disputado no Maracanã no último domingo, 19 de novembro, terminou com a vitória do Fluminense pelo placar de 2 a 1. No entanto, a partida foi marcada por lances polêmicos que geraram intensos debates sobre a atuação da arbitragem, com especial atenção a duas jogadas cruciais que poderiam ter alterado o curso do confronto. A ausência de marcação de um pênalti claro para o Flamengo, segundo a visão de alguns especialistas, e a posterior marcação de outra penalidade a favor do Tricolor das Laranjeiras, que foi devidamente convertida, adicionaram camadas de controvérsia à rivalidade que sempre mobiliza o futebol brasileiro. A análise desses lances, por profissionais experientes e com credenciais no mundo da arbitragem, evidencia a subjetividade que, por vezes, permeia as decisões em campo, mesmo com o auxílio da tecnologia.
A Polêmica do Pênalti Não Marcado: Thiago Silva e Bruno Henrique em Destaque
Um dos momentos que mais agitou os torcedores rubro-negros e gerou discussões acaloradas ocorreu aos 10 minutos do segundo tempo. Em uma disputa pela bola na entrada da área, o zagueiro Thiago Silva, do Fluminense, entrou em contato com o atacante Bruno Henrique, do Flamengo. Para a equipe flamenguista e parte da torcida, o lance configurou uma infração clara dentro da área, um pênalti que deveria ter sido assinalado pelo árbitro da partida, Davi de Oliveira Lacerda. A ausência de intervenção do árbitro de campo e a não chamada do VAR para revisão intensificaram as reclamações e a sensação de injustiça por parte do clube da Gávea.
A análise de Carlos Eugênio Simon, ex-árbitro e renomado comentarista esportivo, foi enfática ao apontar um equívoco na decisão. Segundo Simon, a análise detalhada do lance revela que Thiago Silva atingiu a panturrilha de Bruno Henrique dentro da área, o que, em sua opinião, caracteriza uma penalidade máxima inquestionável. “Isso é pênalti! O árbitro não marcou, o VAR não chamou, errou a arbitragem”, declarou Simon em suas plataformas digitais, reforçando o prejuízo sofrido pelo Flamengo em virtude da não marcação. Essa declaração adiciona peso à contestação feita pelo clube, que sentiu ter sido privado de uma oportunidade clara de igualar o placar ou até mesmo virar a partida em um momento crucial. A interpretação de Simon, vindo de um profissional com vasta experiência nas quatro linhas, é frequentemente utilizada como parâmetro em debates sobre a qualidade da arbitragem.
A Controvertida Penalidade a Favor do Fluminense: Renê e a Bola na Mão
Em contrapartida, a partida também presenciou uma outra marcação de pênalti, desta vez em favor do Fluminense, que também gerou análise e debate. Após uma revisão solicitada pelo próprio árbitro Davi de Oliveira Lacerda no monitor do VAR, foi assinalada uma penalidade para o time tricolor. A jogada envolveu o lateral Renê, do Flamengo, que teria bloqueado com o braço um chute de um jogador adversário. A decisão de campo, inicialmente, não foi de pênalti, mas a intervenção do árbitro após consulta ao vídeo mudou o rumo da partida, culminando na conversão do gol por Jorginho, que ampliou a vantagem do Fluminense.
Carlos Eugênio Simon, ao analisar este segundo lance polêmico, divergiu da interpretação que classificou a ação de Renê como uma jogada legítima. Para Simon, a ação do defensor flamenguista foi deliberada e incorreta. Ele destacou que Renê errou a bola e, em seguida, se jogou de forma desajeitada com o braço aberto, numa clara tentativa de interceptar o chute. “Renê erra a bola e depois se joga com o braço aberto deliberadamente, numa ação de bloqueio. Isso é pênalti”, afirmou Simon, validando a decisão da arbitragem nesta ocasião. Essa análise corrobora a visão de que, mesmo em lances de contato, a intencionalidade e a forma como o defensor atua são fatores determinantes para a caracterização de uma infração. A penalidade convertida, sem dúvida, teve um impacto significativo no resultado final, solidificando a vitória do Fluminense.
Outra Perspectiva: PC Oliveira e a Ausência de Falta em Bruno Henrique
Em contrapartida às declarações de Carlos Simon, outro renomado ex-árbitro e comentarista, Paulo César de Oliveira (PC Oliveira), apresentou uma visão completamente distinta sobre o lance que envolveu Thiago Silva e Bruno Henrique. Para PC Oliveira, a ação do zagueiro do Fluminense não configurou uma falta passível de pênalti. Em sua análise, transmitida em programas esportivos, ele argumentou que Bruno Henrique não buscou disputar a bola de forma legítima, mas sim provocar o contato com o defensor, visando obter a marcação.
“O Thiago Silva já armou o chute, e o Bruno Henrique não vai para jogar bola, ele vai para provocar o contato. Isso não é pênalti”, definiu PC Oliveira, divergindo frontalmente de Carlos Simon. Essa interpretação sugere que o atacante rubro-negro teria simulado ou buscado o contato para induzir o árbitro a marcar a penalidade, o que, segundo as regras e a visão de PC Oliveira, não deveria ser penalizado. A divergência entre dois profissionais com tamanha bagagem no esporte demonstra a complexidade inerente à interpretação de lances de futebol, onde a subjetividade do árbitro, mesmo com o auxílio do VAR, pode levar a diferentes conclusões. Essa dualidade de opiniões em lances cruciais é um dos aspectos que frequentemente alimentam as paixões e os debates no universo do futebol.
O clássico entre Flamengo e Fluminense, portanto, além de ter proporcionado emoções dentro das quatro linhas, serviu como palco para uma análise aprofundada sobre a atuação da arbitragem. As diferentes interpretações sobre os lances de pênalti evidenciam a dificuldade em padronizar a aplicação das regras em todas as situações, mesmo com os avanços tecnológicos. A discussão sobre esses momentos decisivos continuará ecoando entre os torcedores e especialistas, contribuindo para a rica história e a paixão que cercam o futebol brasileiro, especialmente em um confronto de tamanha rivalidade e importância.

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