A temporada de 2025 tem sido de intensas expectativas para o Flamengo, especialmente no que diz respeito à solidez defensiva. No centro dessa discussão está Léo Ortiz, zagueiro que se consolidou como peça fundamental no esquema tático rubro-negro. Com a proximidade de decisões cruciais tanto na Copa Libertadores quanto no Campeonato Brasileiro, o desempenho do camisa 3 tem sido escrutinado por torcedores e analistas, que buscam a confirmação de que o alto investimento feito em sua contratação se traduza em segurança e títulos. A liderança técnica e a qualidade na saída de bola são pontos fortes, mas a defesa como um todo ainda enfrenta questionamentos, especialmente em cenários de alta intensidade e transições rápidas.
A Ascensão de Léo Ortiz: Da Base à Liderança no Flamengo
A jornada de Léo Ortiz no futebol profissional é marcada por uma ascensão gradual e significativa, construída sobre bases sólidas e uma mentalidade de constante aprimoramento. Sua trajetória antes de vestir a camisa do Flamengo é um testemunho de sua dedicação e evolução. Revelado nas categorias de base do Internacional, onde deu os primeiros passos no futsal, inspirado pelo legado de seu pai, Ortiz, um ícone da modalidade, Léo demonstrava desde cedo um talento nato. A transição para o futebol de campo ocorreu aos 16 anos, no próprio Colorado, inicialmente atuando como volante, posição que lhe conferiu uma visão de jogo privilegiada, antes de se adaptar e se destacar como zagueiro.
No Internacional, Ortiz teve a oportunidade de estrear no elenco profissional em 2017, participando da campanha que garantiu o retorno do clube à Série A. No entanto, buscando maiores oportunidades e experiência, foi emprestado ao Sport Recife em 2018. No Leão da Ilha, demonstrou maturidade e liderança ao assumir a faixa de capitão em algumas partidas, firmando-se como titular e aprimorando suas características defensivas. O ano de 2019 marcou um ponto de virada em sua carreira com a transferência para o Red Bull Brasil. Rapidamente, seu talento chamou a atenção, culminando na sua contratação em definitivo pelo Red Bull Bragantino após a fusão.
No Massa Bruta, Léo Ortiz se tornou um pilar, assumindo a braçadeira de capitão e liderando o time em campanhas memoráveis. Conquistou a Série B de 2019, garantindo o acesso à elite do futebol brasileiro, e se tornou o capitão mais jovem a disputar a Série A. Sua performance o levou a ser convocado para a Seleção Brasileira, um feito que coroou seu excelente momento. Em 2021, foi peça fundamental na campanha que levou o Bragantino à final da Copa Sul-Americana, sendo eleito para a seleção do torneio e recebendo prêmios individuais como a Bola de Prata, consolidando-se como um dos melhores zagueiros em atividade no país. Apesar de uma grave lesão em 2022, ele demonstrou resiliência ao retornar e continuar sendo um destaque, encerrando sua passagem pelo clube com números expressivos e um legado de liderança e profissionalismo.
A Chegada ao Rubro-Negro: Um Investimento de Peso
A transferência de Léo Ortiz para o Flamengo, oficializada em março de 2024, representou um marco na história recente do clube. Após meses de negociações entre as diretorias de Bragantino e Flamengo, o zagueiro assinou contrato após aprovação nos exames médicos, concretizando um dos reforços mais caros da história rubro-negra. O valor de 7 milhões de euros (aproximadamente 37,6 milhões de reais), acrescido de 1 milhão em bonificações por conquistas, evidenciou a confiança do clube em seu potencial para fortalecer o sistema defensivo e aprimorar a saída de bola, setores que vinham sendo alvo de críticas.
A recepção pela torcida foi imediata e repleta de expectativas. Assumindo a camisa 3, deixada por Rodrigo Caio, Ortiz chegou com a missão de impor a qualidade técnica e a liderança que demonstrara em suas passagens anteriores. Logo em sua estreia, em abril de 2024, o zagueiro deixou sua marca, marcando o segundo gol na vitória do Flamengo sobre o Palestino pela Libertadores. Essa performance inicial sinalizou o impacto positivo que ele poderia ter na equipe.
Durante a temporada de 2024, Léo Ortiz participou de 40 partidas, contribuindo com dois gols e duas assistências. Inicialmente, sob o comando de Tite, suas oportunidades foram mais limitadas, chegando a ser utilizado como volante. Contudo, a mudança de treinador e a chegada de Filipe Luís o realocaram para a zaga, onde se firmou como titular absoluto. Sua presença se tornou sinônimo de organização defensiva e fluidez na construção de jogadas, elementos cruciais para as ambições do clube na temporada de 2025.
O Desafio da Defesa Rubro-Negra em 2025
Apesar da qualidade inegável e do protagonismo de Léo Ortiz, a defesa do Flamengo em 2025 continua sendo um ponto de debate entre os torcedores e analistas. A elevação do nível técnico e da capacidade de saída de bola, com estatísticas notáveis – como o aproveitamento de 91% nos passes no Brasileirão em 2025 –, não blindou o setor de críticas. A principal preocupação reside na falta de solidez em momentos de alta intensidade, especialmente em partidas decisivas e diante de adversários que exploram a velocidade em contra-ataques.
O paradoxo se manifesta na dualidade entre o bom desempenho na iniciação das jogadas, onde a dupla de zaga (Ortiz e Léo Pereira) demonstra eficiência com passes precisos e participação ofensiva, e os momentos de vulnerabilidade. Há situações em que a equipe recua excessivamente ou é surpreendida pela velocidade dos oponentes, evidenciando uma dificuldade em neutralizar ataques rápidos e explorar os espaços atrás da linha defensiva ou falhas de compactação. O próprio Léo Ortiz reconhece a necessidade de aprimoramento, enfatizando a importância dos vídeos e análises diárias passadas pela comissão técnica para refinar a postura em campo, a pressão alta e o encurtamento do espaço.
Individualmente, a capacidade técnica de Ortiz, seu bom passe e posicionamento são amplamente reconhecidos. Seu maior desafio, contudo, é lidar com a agilidade de atacantes mais rápidos e com equipes que exploram as laterais do campo ou os espaços entre as linhas defensivas. Ocorrências pontuais, como lances aéreos ou falhas de cobertura, colocaram o zagueiro no centro de discussões, destacando a complexidade de manter a solidez defensiva em um futebol cada vez mais dinâmico e imprevisível.
O Legado em Construção: Liderança e Glórias Futuras
Com um contrato que se estende até 2028, Léo Ortiz é vislumbrado como um pilar fundamental para a estrutura defensiva do Flamengo nos próximos anos. Seu legado será, em grande parte, definido por sua capacidade de liderar o time em busca de conquistas de magnitude internacional, como a tão desejada Copa Libertadores e o Mundial de Clubes.
A chegada do zagueiro ao clube em 2024 não foi apenas para suprir uma necessidade de posição, mas sim um investimento estratégico com o objetivo de reestruturar a saída de bola e solidificar a organização defensiva. Essas funções, ele as tem exercido com regularidade e uma liderança silenciosa, porém eficaz. O grande desafio para Ortiz é se consolidar como um ídolo em um clube com uma história rica, repleta de zagueiros lendários, ao mesmo tempo em que justifica o investimento que o tornou o zagueiro mais caro da história do Flamengo.
Sua trajetória demonstra a coragem de sair de uma zona de conforto no Bragantino, onde era capitão incontestável, para encarar o maior desafio de sua carreira em um clube com a maior torcida do país. A passagem pelo Mengão, sem dúvida, serve como prova de que, no Flamengo, a pressão por resultados é tão intensa quanto a exigência por qualidade técnica e desempenho.
A grande questão que paira no ar é: será que Léo Ortiz conseguirá traduzir toda a sua técnica apurada em uma solidez defensiva inabalável, garantindo seu lugar na galeria de ídolos históricos do clube? Ou sua passagem ficará marcada como a de um zagueiro altamente qualificado, mas que, em momentos cruciais, não entregou a segurança absoluta que a Nação Rubro-Negra almeja?

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







