O Clube de Regatas do Flamengo alcança mais uma vez a final da Copa Libertadores da América, marcando sua quarta aparição na decisão do torneio desde o ano de 2019. No entanto, a trajetória desta temporada apresenta um panorama significativamente distinto em comparação com as campanhas anteriores que levaram o Rubro-Negro às glórias ou às disputas pelo título. Longe de ostentar um artilheiro isolado no torneio continental, a equipe demonstrou uma notável descentralização na produção de gols, evidenciando uma força coletiva que se consolida como o principal trunfo nesta jornada. Esta campanha é, inegavelmente, a mais colaborativa entre as mais recentes participações do clube na Libertadores.
O Novo Rosto do Ataque Rubro-Negro: Diversidade e Eficiência
Uma análise aprofundada dos números ofensivos do Flamengo na atual edição da Libertadores revela uma distribuição de gols que foge do padrão das últimas finais. Ao longo de doze partidas disputadas, o ataque rubro-negro balançou as redes em doze oportunidades. O destaque, no entanto, recai sobre a ausência de um goleador solitário que lidere a artilharia do torneio. Apenas dois atletas conseguiram marcar mais de uma vez: Giorgian De Arrascaeta e Pedro, ambos com dois tentos cada. O restante do saldo de gols foi construído por um grupo diversificado de oito jogadores, que demonstraram a capacidade de contribuição de todo o elenco. Nomes como Nicolas Carrascal, Guillermo Varela, Bruno Henrique, Léo Pereira, Léo Ortiz, Luiz Araújo, De la Cruz e Juninho figuram na lista de artilheiros, pintando um retrato claro de um time que joga em conjunto e que não depende de individualidades para furar as defesas adversárias. Essa “democratização” dos gols é um indicativo de entrosamento e confiança mútua, elementos cruciais para o sucesso em competições de mata-mata.
Contrastes Históricos: De Artilheiros Isolados a um Esforço de Equipe
Para compreender a magnitude da mudança de paradigma, é fundamental traçar um paralelo com as decisões anteriores. Em 2019, ano da conquista épica contra o River Plate, o Flamengo ostentava um poderio ofensivo avassalador, com 24 gols marcados em 13 jogos. Naquela ocasião, Gabriel Barbosa, o Gabigol, foi o grande protagonista, encerrando a competição como artilheiro com nove gols, incluindo dois na grande final. A temporada de 2021, que culminou com o vice-campeonato após derrota para o Palmeiras, também foi marcada por uma alta produção ofensiva: 33 gols em 13 partidas, com Gabigol novamente no topo da artilharia, anotando impressionantes 11 gols.
O cenário se repetiu em 2022, quando o Flamengo levantou a taça de campeão invicto. A equipe marcou 33 gols ao longo do torneio, e Pedro emergiu como o artilheiro máximo, com doze gols. Gabriel, por sua vez, contribuiu com oito tentos. Essas estatísticas das temporadas passadas destacam a presença de um artilheiro prolífico como peça central do ataque rubro-negro. Agora, a narrativa é outra: a força reside na contribuição de múltiplos jogadores, o que torna o time menos previsível e, consequentemente, mais difícil de ser neutralizado.
A Muralha Rubro-Negra: O Segredo da Solidez Defensiva
Enquanto a falta de um artilheiro isolado pode ser vista por alguns como uma carência, o Flamengo demonstra que o sucesso em uma competição tão desgastante como a Libertadores reside em um conjunto de fatores. E um desses fatores, que tem sido decisivo para a campanha atual, é a solidez defensiva. O Rubro-Negro sofreu apenas cinco gols em toda a competição até o momento, apresentando o melhor desempenho defensivo entre todos os finalistas recentes do torneio. Em comparação, a campanha de 2019 viu a defesa ser vazada dez vezes, em 2021 foram 14 gols sofridos, e em 2022 a equipe foi vazada oito vezes. Essa notável capacidade de proteger o próprio gol demonstra o trabalho tático aprimorado, a disciplina em campo e a aplicação de todos os jogadores em tarefas defensivas, algo que se traduz em segurança e confiança para o time.
Desafios e Adaptações na Reta Final
Para a aguardada decisão da Libertadores de 2025, o Flamengo enfrentará alguns desafios e precisará de adaptações táticas. A equipe não contará com o meio-campista Gabriel Plata, que foi expulso na partida contra o Racing e estará suspenso para a final. Plata vinha sendo uma peça importante como alternativa no setor ofensivo, especialmente na ausência de Pedro, que sofreu uma fratura no braço. A situação de Pedro ainda é uma incógnita para a grande decisão, marcada para o dia 29 de novembro, em Lima, no Peru. O adversário do Flamengo será o vencedor do confronto entre LDU e Palmeiras, um jogo que promete ser disputado e que definirá o último obstáculo para a conquista do tão sonhado título sul-americano.
A Trajetória Coletiva: Detalhes da Campanha Rubro-Negra na Libertadores 2025
A caminhada do Flamengo até a final da Libertadores de 2025 é marcada por uma série de resultados que, quando analisados em conjunto, revelam a força da equipe. Na fase de grupos, a campanha começou com vitórias importantes, como o 1 a 0 contra o Deportivo Táchira, com gol de Juninho, e o triunfo sobre o Central Córdoba por 1 a 0, com tento de De la Cruz. Empates fora de casa, como o 0 a 0 com a LDU e o 1 a 1 com o Central Córdoba, com gol de Arrascaeta, demonstraram resiliência. Em casa, vitórias como o 2 a 0 sobre a LDU, com gols de Léo Ortiz e Luiz Araújo, e o 1 a 0 contra o Táchira, com gol de Léo Pereira, consolidaram a força do mando de campo.
Nas oitavas de final, o Flamengo demonstrou sua capacidade de decisão ao vencer o Internacional por 1 a 0, com gol de Bruno Henrique, e depois com uma vitória categórica por 2 a 0 fora de casa, com Arrascaeta e Pedro balançando as redes. As quartas de final trouxeram um confronto equilibrado contra o Estudiantes. No Maracanã, o Rubro-Negro saiu vitorioso por 2 a 1, com gols de Varela e Pedro. A derrota por 1 a 0 na Argentina mostrou a força do adversário, mas o resultado agregado garantiu a classificação.
A semifinal contra o Racing foi um teste de fogo. Um solitário gol de Carrascal garantiu a vitória no primeiro jogo no Brasil. Na Argentina, um empate sem gols foi suficiente para o Flamengo garantir sua vaga na grande final. Essa trajetória, com gols marcados por uma variedade de atletas e a solidez defensiva como pano de fundo, solidifica a ideia de que esta é, verdadeiramente, a campanha mais coletiva e promissora do Flamengo em suas recentes jornadas pela glória continental.

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