Edson, ex-ponta-esquerda do Flamengo, relembra a época em que jogou no clube e conta causos da carreira. Ele foi um dos poucos jogadores rubro-negros a marcar um gol em La Paz, na Bolívia, e acredita que a vantagem de 2 a 0 é boa para o Flamengo se classificar na partida contra o Bolívar.
A experiência em La Paz
Edson lembra que a altitude de La Paz foi um desafio para o time do Flamengo em 1983. “A respiração você consegue uma hora… ‘Ah, agora que a bola está do outro lado vou respirar, me recompor’. Tem várias coisas. Alguém cai para ser atendido, aí você respira. Agora, a velocidade da bola para mim foi uma coisa muito nova, inesperada. Parecia que os jogadores também estavam muito rápidos (risos). Você queria chegar para marcar e não conseguia. ‘Mas como? Será que eu estou gordo? Será que estou lento’? E não era, é a velocidade lá. Eles estão acostumados e fazem disso uma estratégia: tocam a bola muito rápido porque sabem que a gente tem dificuldade.”
A carreira no Flamengo
Edson jogou no Flamengo de 1979 a 1983 e foi campeão brasileiro em 1980 e 1982. Ele lembra que a época foi marcada por uma série invicta de jogos e que o time era muito forte. “O Flamengo era um time que não conseguia ficar fechadinho na defesa. Não é o estilo, acho que nunca foi e nunca será. Flamengo é um time que gosta de jogar o jogo. Tem um treinador excepcional, com certeza vai escolher a melhor estratégia. Mas não adianta pedir para o Flamengo recuar, ficar marcando com todo mundo atrás. O Flamengo não é time para isso. Tem que ter mais cautela, mas jogar o jogo. Se fizer um gol, mata o adversário.”
A transição para auxiliar técnico
Edson se aposentou do futebol em 1994 e passou a trabalhar como auxiliar técnico do Paulo Bonamigo. Ele trabalhou com Bonamigo por 20 anos e passou por vários clubes, incluindo o Coritiba, o Botafogo e o Palmeiras. Edson lembra que a experiência foi muito gratificante e que ele aprendeu muito com Bonamigo. “Eu tive essa oportunidade. No Coritiba eles falavam que estavam me preparando para ser o treinador, mas esse negócio de falar preparando e não acontece, não te dão aumento de salário também (risos). E o Bonamigo me chamando para o Atlético-MG, fui ganhar três vezes mais como auxiliar lá.
A aventura na padaria
Edson também contou sobre a sua aventura na padaria, que ele comprou em 1994. Ele lembra que a experiência foi muito difícil e que ele trabalhava mais de 16 horas por dia. “A panificadora minha foi o seguinte: eu acordava às 4h30 para chegar na padaria 5h e organizar tudo com os padeiros; abria a padaria 6h30 e fechava 21h. Perdi todos os meus amigos porque eles iam lá me chamar para jogar pelada, churrasco. Mas eu só ia chegar lá 21h30, onde fosse a pelada e o churrasco, ficar até meia-noite para acordar às 4h30? Está louco! E era de domingo a domingo. Natal, Ano Novo, aniversário da minha mulher, da minha filha, Dia das Crianças… Nunca fechei aquela padaria em dois anos e meio. Estava um zumbi.”
O legado
Edson lembra que a sua carreira no futebol foi muito gratificante e que ele se sente muito orgulhoso do que conquistou. Ele também lembra que a sua experiência como auxiliar técnico foi muito importante para a sua formação como profissional. “Eu agradeço a Deus por ter me colocado no esporte. Na padaria eu me sentia um leão enjaulado. Agora quero aproveitar a família, pego meus netos e levo ao jogo do Coritiba, fiz sócios para eles, é o maior prazer. Pena que o time está capengando agora, mas falo que já, já vai melhorar (risos). E pretendo fazer algumas viagens. Em novembro estou tentando ir para o Rio. A turma do Flamengo de 78, 79 e 80 tem um grupo de WhatsApp, faz a mensalidade para churrasco anual e tal, eu vou tentar ir esse ano pela primeira vez.”
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores