Em uma entrevista exclusiva que abalou os bastidores do futebol, o vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, trouxe à tona detalhes explosivos sobre a crise que assola o clube. Mendonça, que fez revelações contundentes sobre a gestão e os desdobramentos do caso “Vai de Bet”, acusou diretamente o presidente afastado, Augusto Melo, de omissão diante de irregularidades contratuais. A situação, que envolve um contrato milionário com a casa de apostas, expõe uma “herança maldita” e um cenário de dívidas, tensões políticas e ameaças. A entrevista ainda abordou a pressão da torcida por mudanças e a necessidade de reestruturação no clube.
O Caso Vai de Bet e a Omissão
O epicentro da crise corintiana reside no contrato com a casa de apostas “Vai de Bet”, um acordo de R$ 360 milhões que agora levanta sérias suspeitas. Armando Mendonça, o primeiro dirigente a ter conhecimento das irregularidades, detalhou como a situação chegou a um ponto crítico. Segundo ele, as primeiras informações sobre o escândalo surgiram em maio de 2024, quando o jornalista Juca Kfouri apresentou dados sobre uma empresa “laranja”, a Neoway, que teria recebido parte da comissão do contrato. Diante das evidências, Mendonça levou o caso ao presidente Augusto Melo, mas a resposta foi desanimadora: o mandatário se recusou a abrir uma investigação interna ou afastar os envolvidos.
A postura de Melo, descrita como omissa por Mendonça, foi um dos principais pontos de discórdia. O vice-presidente relatou que, ao apresentar as denúncias, o presidente demonstrou indiferença, chegando a mexer no celular enquanto as informações eram passadas. Essa atitude, segundo Mendonça, teve consequências graves para o clube, agravando a crise financeira e institucional. A falta de ação de Melo, somada à suspeita de favorecimento, colocou em xeque a gestão e a credibilidade do Corinthians.
Dívidas, Camarotes e a Crise Financeira
A situação financeira do Corinthians é alarmante, com dívidas que se acumulam e comprometem o futuro do clube. Mendonça expôs uma dívida de R$ 4,4 milhões com o empresário Igor Zveibrucker, que teria emprestado dinheiro para viabilizar as contratações de jogadores como Matheuzinho e Rodrigo Garro. A tentativa de quitar essa dívida com o uso de camarotes da Neo Química Arena, sem um contrato formalizado, revela a falta de planejamento e a improvisação na gestão anterior. A situação se agravou quando o clube passou a cobrar o empresário judicialmente, intensificando a crise.
A herança deixada pela gestão anterior é pesada: dívidas com atletas, premiações não pagas e um clube sem caixa. Mendonça declarou que a equipe encontrou apenas R$ 5 milhões em caixa, com obrigações financeiras muito maiores. Essa situação exige medidas urgentes e uma reestruturação profunda para evitar o colapso financeiro do Corinthians. A falta de recursos e a má gestão colocam em risco a capacidade do clube de competir e honrar seus compromissos.
Clima Interno e Reestruturação
Com a saída de Augusto Melo e a posse interina de Osmar Stabile, o Corinthians busca um novo rumo. Mendonça, agora como vice-presidente, está à frente da reconstrução, focando em transparência e profissionalismo. O ambiente interno, no entanto, é conturbado. Mendonça revelou ter sido perseguido por conselheiros ligados ao ex-presidente e até mesmo ameaçado, o que demonstra a tensão política e as disputas de poder nos bastidores do clube.
Para garantir a estabilidade, Mendonça tomou medidas para proteger a equipe e a comissão técnica. O CT foi blindado, com a proibição da entrada de conselheiros, e o foco passou a ser dar suporte aos jogadores e comissão técnica. O objetivo é afastar a politicagem e criar um ambiente propício para o trabalho. A reconstrução do Corinthians exige união e profissionalismo, deixando de lado as disputas internas e focando no bem do clube.
A Pressão da Torcida e a Mudança no Estatuto
A crise política e financeira do Corinthians ampliou a insatisfação da torcida, que exige mudanças estruturais no clube. Mendonça reconhece a importância da torcida e defende maior transparência, participação dos sócios e revisão do estatuto. A torcida, que é o coração do clube, tem o direito de cobrar e participar ativamente da gestão. A pressão por mudanças é um sinal de que o Corinthians precisa se modernizar e se adaptar aos novos tempos.
A necessidade de revisão do estatuto é um passo fundamental para garantir a governança e a transparência. O clube precisa de uma gestão profissional e eficiente, que priorize os interesses dos sócios e da torcida. A renovação do estatuto é uma oportunidade de modernizar as práticas administrativas, fortalecer a participação democrática e garantir que o Corinthians seja administrado à altura de sua grandeza.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores