A Polícia Civil concluiu um relatório detalhado sobre as investigações envolvendo o contrato entre o Corinthians e a empresa VaideBet, que movimentou R$ 370 milhões. O documento de 272 páginas resultou no indiciamento de cinco pessoas e expôs diversas irregularidades. O principal foco da investigação foi a intermediação do contrato, que levantou suspeitas de desvio de recursos. As autoridades analisaram mais de 20 depoimentos, além de quebras de sigilos telemáticos e bancários.
Indiciamentos e Envolvimento de Figuras Chaves
No decorrer das investigações, foram indiciados Augusto Melo, presidente afastado do clube, Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing, Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design, e Yun Ki Lee, ex-diretor de negócios jurídicos do Corinthians. Os indiciamentos incluem acusações de furto qualificado, associação criminosa e lavagem de capitais. O Ministério Público já recebeu o inquérito e poderá oferecer denúncia, o que tornaria os envolvidos réus em um processo penal.
Movimentações Financeiras Suspeitas de Augusto Melo
A quebra de sigilo bancário de Augusto Melo revelou “diversas operações financeiras atípicas”, com “elevada quantidade de depósitos em espécie”. O COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) inicialmente investigou uma conta em Blumenau, mas posteriormente o foco se concentrou em uma conta em São Paulo. Foram registrados 87 depósitos em dinheiro, totalizando R$ 157.770. Um padrão incomum de depósitos em espécie foi observado, especialmente após a eleição de Augusto Melo, em novembro de 2023. A Polícia Civil questiona a razão da interrupção desses depósitos a partir de maio de 2024, levantando suspeitas sobre a origem dos recursos.
Contradições nos Depoimentos e a Verdadeira Intermediação
As investigações revelaram contradições nos depoimentos dos envolvidos, principalmente sobre o início das negociações do patrocínio e a participação de Alex Cassundé. A análise dos dados telemáticos de Cassundé indicou que ele não esteve no Parque São Jorge em momentos cruciais para o início das tratativas. A Polícia Civil concluiu que Cassundé não participou da intermediação do contrato com a VaideBet. Os verdadeiros intermediários seriam Washington de Araújo Silva, Antônio Pereira dos Santos e Sandro dos Santos Ribeiro, que teriam se reunido com Augusto Melo e Marcelo Mariano.
O Caminho do Dinheiro e as Ligações com a UJ Football
A investigação detalhou o fluxo financeiro dos recursos, mostrando que parte do valor repassado pela VaideBet, através da Rede Social Media Design, chegou à UJ Football, agência de jogadores. A UJ Football está sob investigação por suspeita de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme depoimento de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, empresário ligado à facção. A Polícia Civil aponta diversas conexões entre o Corinthians, a UJ Football e outras empresas, levantando suspeitas sobre a ligação de membros próximos a Augusto Melo com o crime organizado.
Posicionamento da VaideBet e da Gaviões da Fiel
A Polícia Civil criticou a postura da VaideBet, que teria demonstrado “omissão deliberada” e aceitado um acordo extracontratual com a Gaviões da Fiel, sem transparência. A Gaviões da Fiel, em nota, afirmou desconhecer qualquer contratação de camarote por parte da empresa ou de seus membros, e que não mantém mais relação com a VaideBet. A investigação sobre o caso continua, buscando esclarecer todos os detalhes e responsabilidades.

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