A partida entre Corinthians e Grêmio, válida pelo Campeonato Brasileiro Betano, que aconteceu no último domingo (2), na Neo Química Arena, gerou análises profundas sobre o futebol praticado no país. O tricampeão mundial de 1970, Tostão, um ícone do esporte nacional, expressou suas preocupações com a postura tática de ambas as equipes, apontando para deficiências que, segundo ele, vão além do confronto em questão e permeiam o cenário do Brasileirão.
Análise Crítica sobre a Compactação Defensiva no Futebol Brasileiro
Tostão, conhecido por sua visão apurada e didática sobre o jogo, não poupou críticas à forma como Corinthians e Grêmio se apresentaram em campo. O ex-atacante destacou a falta de coesão e de organização entre os setores defensivos e de meio-campo das duas equipes. Segundo sua observação, os defensores gremistas mantiveram-se excessivamente próximos à área, mesmo quando a linha de meio-campo avançava. Essa distância criada entre os setores abriu espaços consideráveis, que, em teoria, poderiam ser explorados por jogadores talentosos. O Corinthians, para Tostão, apresentou um problema similar em sua organização defensiva.
Essa falta de compactação, que permite grandes vãos entre as linhas de defesa e o meio-campo, é um ponto que preocupa o comentarista. Em sua visão, essa é uma falha que se repete com frequência no Campeonato Brasileiro, limitando o potencial tático das equipes e, consequentemente, a qualidade do espetáculo. A ausência de uma estrutura defensiva sólida e bem articulada impede que os times exerçam uma pressão eficaz na recuperação da bola e dificultam a transição entre defesa e ataque.
Diagnóstico de Desatualização Tática em Treinadores de Renome
Ao aprofundar sua análise, Tostão direcionou suas críticas para os comandos técnicos de Corinthians e Grêmio, Dorival Júnior e Mano Menezes, respectivamente. O tricampeão mundial percebeu uma aparente dificuldade desses treinadores em assimilar e aplicar conceitos táticos mais modernos, que vêm ganhando espaço no futebol internacional. Tostão sugere que treinadores com carreiras mais longas e consolidadas no cenário nacional, como é o caso de Mano Menezes e Dorival Júnior, podem enfrentar desafios para se adaptar às novas metodologias e modelos estratégicos que têm surgido.
Essa observação não se restringe apenas a esses dois técnicos. Tostão indica que essa dificuldade de atualização tática pode ser uma característica presente em outros treinadores brasileiros com trajetórias extensas. O futebol está em constante evolução, com novas ideias táticas e estratégias de jogo surgindo a cada temporada. A capacidade de adaptação e de incorporação dessas novidades é fundamental para manter a competitividade e a relevância no cenário atual. A impressão é que alguns profissionais, talvez por apego a métodos já consolidados, encontram barreiras para absorver e implementar esses novos conceitos.
A Comparação com Ancelotti e a Ênfase na Pressão Coletiva
Em contrapartida, Tostão traçou um paralelo entre a abordagem de Dorival Júnior e Mano Menezes e a de Carlo Ancelotti, atual técnico da seleção brasileira. O ídolo do Cruzeiro destacou uma diferença crucial na forma como as equipes brasileiras analisadas e a seleção comandada por Ancelotti executam a pressão para a recuperação da bola. Para Tostão, Ancelotti demonstra uma maestria em implementar essa estratégia coletiva de retomada da posse, algo que, em sua avaliação, as equipes de Corinthians e Grêmio não conseguiram replicar com a mesma eficiência.
A pressão para recuperar a bola não se trata apenas de um esforço individual, mas de uma ação coordenada de toda a equipe. Envolve posicionamento, marcação sobre o portador da bola, fechamento de linhas de passe e antecipação. Quando essa pressão é bem executada, ela pode gerar situações de perigo para o adversário, forçar erros e facilitar a transição rápida para o ataque. A ausência dessa sincronia e intensidade na recuperação da bola pode ser um fator limitante para o desempenho coletivo, como Tostão sinaliza em sua análise.
Projeções para a Seleção Brasileira e a Importância dos Laterais
Para além das análises sobre o Campeonato Brasileiro, Tostão também aproveitou para projetar o futuro da seleção brasileira, especialmente em relação à próxima Copa do Mundo. O tricampeão mundial identificou as laterais como uma das posições onde a seleção brasileira apresenta maior carência. Nesse contexto, ele justificou a possível convocação de jogadores do Flamengo, como Alex Sandro e Danilo, para o time canarinho.
A versatilidade de Danilo, em particular, foi destacada por Tostão. O jogador tem a capacidade de atuar tanto na zaga quanto nas duas faixas laterais do campo, oferecendo opções táticas importantes para qualquer treinador. Essa polivalência é um trunfo valioso em um elenco de seleção, onde a flexibilidade pode ser decisiva. “O experiente e bom lateral esquerdo do Flamengo, Alex Sandro, tem grande chance de ser o titular no Mundial”, previu o colunista, demonstrando confiança na qualidade e na experiência do jogador para assumir uma posição crucial na equipe nacional.

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