A torcida organizada Gaviões da Fiel, a maior do Corinthians, está elaborando uma campanha de arrecadação de recursos para ajudar o clube a quitar ou amortizar parte do financiamento da Neo Química Arena, o estádio do time. A dívida atual do Corinthians com a Caixa Econômica Federal por conta da construção da arena é de mais de R$ 710 milhões.
A proposta da torcida organizada
A intenção da Gaviões da Fiel é promover uma espécie de “vaquinha” entre os torcedores interessados em contribuir para o pagamento da dívida do estádio. A ideia é ter uma chave PIX para que as doações sejam creditadas diretamente na conta indicada pela Caixa, sem a participação de terceiros. Para dar credibilidade ao projeto, a torcida busca a chancela da Caixa.
Outra alternativa estudada é a criação de uma conta “escrow”, em que um valor mínimo de arrecadação seria liberado para o pagamento da arena apenas se atingido o objetivo acordado entre as partes. Ainda não há uma definição de qual será o projeto mais viável para o início da campanha.
A posição do Corinthians
O Corinthians não se pronunciará oficialmente sobre a iniciativa da torcida organizada, por se tratar de uma ação de torcedores e não ter ligação direta com o clube. Internamente, outras propostas para o pagamento do financiamento com a Caixa têm sido debatidas, mas apenas após a nomeação de um novo diretor financeiro o clube deve retomar as negociações com a estatal.
O presidente do Corinthians, Augusto Melo, citou o projeto em conversa com torcedores, mas ainda não há um apoio oficial do clube sobre o tema.
O posicionamento da Caixa Econômica Federal
A Caixa Econômica Federal confirmou o encontro com representantes da Gaviões da Fiel, mas não revelou detalhes do que foi conversado nem quais foram os representantes na reunião. O banco reforçou que, devido ao sigilo bancário, informações sobre a estruturação da dívida não foram mencionadas.
A dívida do Corinthians com a Caixa
Em 2013, o Corinthians fechou um financiamento de R$ 400 milhões para a construção da Neo Química Arena. Atualmente, a dívida do clube com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento do estádio é de R$ 717,8 milhões, de acordo com o último balanço do clube.
O aumento da dívida se deve aos juros e a uma pequena inadimplência. Em 2022, o Corinthians começou a pagar apenas os juros do financiamento, sendo que o “principal” será amortizado a partir de 2025.
Proposta recente recusada pela Caixa
Em 2023, o Corinthians apresentou uma proposta à Caixa para quitar os débitos do estádio, oferecendo R$ 356 milhões do acordo com a Hypera Pharma pelo naming rights do estádio e cerca de R$ 175 milhões da compra de dívidas que o banco teria que pagar a terceiros. No entanto, a Caixa recusou a proposta, alegando que o dinheiro do naming rights não pode ser usado para este fim e que os recursos do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) também não servem para a quitação do estádio.
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