No dia dedicado a São Jorge, o Corinthians celebra uma tradição secular que une o clube e seus torcedores por meio da fé e da devoção. A relação, que começou há quase um século, transcende o esporte e se manifesta em rituais, símbolos e homenagens que fortalecem a identidade corintiana. O historiador Fernando Wanner, conhecido como “Guardião de São Jorge”, desempenha um papel fundamental na preservação dessa tradição, levando a imagem do santo aos jogos e perpetuando a conexão entre o clube e seu padroeiro. A seguir, vamos explorar os detalhes dessa história emocionante, que mistura fé, superação e a paixão pelo futebol.
A Origem da Devoção: Um Chamado Divino
A história da devoção do Corinthians a São Jorge remonta à década de 1920, quando o clube buscava um local para estabelecer sua sede própria. A ideia de adquirir a Fazenda São Jorge, na zona rural de São Paulo, foi decisiva. A persistência de um dos fundadores do clube, Antônio Pereira, em homenagear o santo que emprestava seu nome à propriedade, foi crucial para convencer o Conselho Deliberativo. A partir da compra da Fazenda, que mais tarde se tornou o Parque São Jorge, a figura do santo guerreiro passou a ser o padroeiro oficial do Corinthians, consolidando uma ligação que permanece forte até os dias de hoje.
O Ritual na Arena: Uma Celebração da Fé Corintiana
Antes de cada partida na Neo Química Arena, um ritual emocionante é realizado para celebrar a fé corintiana. Ao som da música “Filhos de Jorge”, luzes piscam e um homem, personificando a figura de São Jorge, entra no gramado com a imagem do santo. Este ritual, idealizado por Fernando Wanner, o “Guardião de São Jorge”, tem como objetivo abençoar os presentes e criar uma atmosfera de união e devoção. Mais do que uma busca por sorte, o ritual é uma homenagem ao padroeiro e um símbolo da tradição corintiana.
São Jorge: Um Símbolo de Fé e Superação
A figura de São Jorge, um mártir da Igreja Católica, representa a luta contra a opressão e a perseverança na fé. Sua história de resistência e coragem ressoa com a identidade do Corinthians, um clube fundado por operários e conhecido por sua garra e determinação. A imagem do santo, retratado como um cavaleiro que mata um dragão, simboliza a vitória sobre os desafios e a busca constante por superação, valores que se refletem na trajetória do clube e em sua torcida apaixonada.
A Presença de São Jorge no Parque São Jorge
A sede social do Corinthians, o Parque São Jorge, abriga diversas referências ao santo padroeiro. A Bica de São Jorge, onde se diz que quem bebe de sua água se torna torcedor eterno do Timão, a capela dedicada ao santo e o samba-enredo “Vai Corinthians”, que ecoa nas arquibancadas, são alguns dos exemplos de como a fé em São Jorge permeia o dia a dia do clube e de seus torcedores. Esses elementos reforçam a conexão entre a devoção religiosa e a paixão pelo Corinthians.
Sincretismo Religioso e a Força da Identidade Corintiana
No Parque São Jorge, a fé corintiana se manifesta em um ambiente ecumênico, com a presença de símbolos de diferentes religiões. A imagem de Ogum, orixá guerreiro cultuado nas religiões de matriz africana, divide espaço com a imagem de São Jorge, representando a força e a luta. Essa união de símbolos religiosos reflete a diversidade da torcida corintiana e a força da identidade do clube, que acolhe pessoas de diferentes crenças e origens.
A Celebração Contínua da Fé Corintiana
Em homenagem a São Jorge, o Corinthians promove procissões e missas em seu clube, eventos abertos a todos os torcedores, reforçando a importância da fé e da união em torno do santo padroeiro. A tradição de celebrar São Jorge é um testemunho da relação duradoura entre o Corinthians e seu santo, um vínculo que transcende o tempo e fortalece a identidade do clube e de seus torcedores. É um “exercício diário” de fé e devoção, que se manifesta em cada jogo, em cada ritual e em cada homenagem.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores