Ángel Romero, atacante paraguaio de 33 anos, se consolidou como uma figura emblemática no cenário corinthiano. Sua trajetória no clube, que se estende por mais de uma década, é marcada por uma dualidade de percepções: para alguns, um jogador de técnica limitada, mas de entrega inquestionável; para outros, um guerreiro que encarna o espírito do Corinthians. Sua segunda e inesperada fase de destaque, iniciada em novembro de 2025, após um retorno sob ceticismo geral, solidificou seu status de atleta estrangeiro de grande representatividade na história alvinegra. Com um estilo de jogo que prioriza intensidade, perseguição incansável à bola, imposição na marcação e movimentação constante no ataque, Romero tornou-se indispensável para diversos comandantes que valorizam sua dedicação.
Embora não possua o mesmo refinamento técnico de outros atacantes, Romero se distingue pela precisão nas finalizações, pela inteligência tática e pela versatilidade em campo. Sua capacidade de atuar pelas pontas, explorando a velocidade, ou como centroavante, atacando espaços e pressionando a saída de bola adversária, o torna uma arma valiosa. Mesmo sem ser titular absoluto no elenco atual, sua presença em momentos cruciais, especialmente em partidas decisivas, é vista como um trunfo de grande impacto. Sua volta ao clube em 2023 transformou um retorno inicialmente contestado em uma narrativa de superação, alinhada com a essência de grandes ídolos corinthianos.
O Legado de Dedicação: Ángel Romero no Corinthians
A história de Ángel Romero no Sport Club Corinthians Paulista é, sem dúvida, uma das mais cativantes e debatidas dos últimos anos. Desde sua chegada, o atacante paraguaio tem sido um catalisador de opiniões, dividindo torcedores e imprensa entre a admiração pela sua garra e a crítica à sua capacidade técnica. No entanto, o que se tornou inegável é o impacto que ele causou e continua causando em momentos decisivos. Sua jornada no Parque São Jorge é um testemunho de como a entrega, a disciplina tática e a identificação com o clube podem transcender a mera habilidade individual, construindo um legado de devoção.
Com mais de uma década vestindo a camisa alvinegra em duas passagens distintas, Romero se firmou como um dos atletas estrangeiros de maior destaque e longevidade no clube. Sua capacidade de renascer dentro do elenco, especialmente em sua segunda etapa, iniciada em novembro de 2025, demonstra uma resiliência notável. Em um ambiente de alta pressão como o Corinthians, onde a exigência por resultados é constante, o atacante paraguaio encontrou um nicho onde sua intensidade e sua leitura de jogo são peças fundamentais. A forma como ele se reinventou e conquistou novamente a confiança da comissão técnica e de boa parte da torcida é um dos aspectos mais fascinantes de sua carreira paulista.
A Primeira Conquista e a Relação com a Fiel Torcida
A primeira incursão de Ángel Romero pelo Corinthians, que teve início em 5 de junho de 2014, vindo do Cerro Porteño, foi um período de adaptação e superação. Chegou ao Brasil ainda jovem e com pouca projeção, mas desde cedo demonstrou um forte desejo de defender as cores do Timão, declarando seu compromisso de “defender o clube até a morte”. Essa declaração, por si só, conquistou uma parcela significativa da Fiel Torcida, que sempre valorizou a entrega e a paixão demonstrada em campo. A adaptação ao ritmo do futebol brasileiro, contudo, não foi um caminho linear. Críticas sobre sua qualidade técnica e oscilações de desempenho eram frequentes, mas o paraguaio persistiu.
O ponto de virada em sua primeira passagem ocorreu em 2015, durante a campanha vitoriosa do Campeonato Brasileiro. Romero começou a ganhar mais espaço no time titular e se tornou uma peça chave para o técnico Tite. Sua atuação em clássicos decisivos, como o confronto contra o São Paulo, onde marcou dois gols e sofreu um pênalti crucial na reta final da campanha, cravou seu nome na história daquele título. A partir dali, ele passou a ser reconhecido por sua utilidade tática, sendo peça quase “obrigatória” em esquemas que priorizavam organização, compactação defensiva e intensidade. Sua ascensão o tornou um símbolo de superação interna, culminando com a conquista de diversos títulos importantes, incluindo o Brasileiro de 2015 e 2017, além do Campeonato Paulista de 2017 e 2018.
O Controverso Adieu e o Retorno Inesperado
A saída de Ángel Romero do Corinthians em 2019 foi um capítulo controverso. Ao entrar na reta final de seu contrato, as negociações para sua renovação se arrastaram por meses, culminando em um impasse entre a diretoria e seu empresário. Durante esse período de indefinição contratual, o jogador foi afastado do elenco, uma política administrativa adotada pelo clube na época. Essa decisão, embora compreensível sob a ótica da gestão, gerou descontentamento e especulações, e o atleta acabou deixando o Parque São Jorge sem custos em julho de 2019, rumando para o San Lorenzo, da Argentina.
Sua passagem pelo futebol argentino foi satisfatória, onde acumulou bons números e se manteve como titular. Em 2022, transferiu-se para o Cruz Azul, do México, em uma passagem mais discreta, que se encerrou antecipadamente em novembro daquele ano. Durante todo esse período fora do Brasil, Romero manteve sua participação regular na Seleção Paraguaia, demonstrando que continuava competitivo em alto nível. O retorno ao Corinthians no início de 2023 foi recebido com grande ceticismo, tanto pela torcida quanto pela imprensa, que viam a contratação como um movimento de desespero da diretoria para resgatar uma identidade em meio a um elenco instável. A narrativa, no entanto, mudaria drasticamente ao longo da temporada.
A Ressurreição em Campo: Romero 2.0
O retorno de Ángel Romero ao Corinthians em 2023, inicialmente visto com desconfiança, transformou-se em uma das mais gratas surpresas recentes. Longe de ser apenas uma lembrança do passado, o atacante paraguaio provou sua relevância em campo, especialmente na reta final do Campeonato Brasileiro. Com 8 gols marcados na competição, muitos deles determinantes para garantir a permanência do clube na Série A, Romero se tornou um protagonista inesperado. Dados internos do clube apontam que ele foi responsável, direta ou indiretamente, por 70% dos pontos conquistados pela equipe na competição, evidenciando seu peso decisivo.
Essa performance notável o elevou a patamares históricos. Em 2025, Romero superou Roger Guedes como o maior artilheiro da Neo Química Arena e também ultrapassou o ídolo peruano Paolo Guerrero como o maior goleador estrangeiro da história do clube. No entanto, a partir da metade de 2024, com a chegada de reforços de peso como Memphis Depay e o bom momento de Yuri Alberto, seu tempo de jogo começou a diminuir. Romero passou a ser utilizado com mais frequência nos segundos tempos, desempenhando um papel estratégico para fechar espaços e reforçar a intensidade ofensiva da equipe. Mesmo com números mais modestos na temporada de 2025 – 51 partidas, cinco gols e três assistências até o momento –, sua presença continua sendo solicitada pela confiança que inspira em momentos de pressão, um reflexo de sua maturidade e importância para o elenco corinthiano.
O Legado Duradouro e o Futuro em Aberto
Ángel Romero construiu no Corinthians um legado complexo e inspirador. Ele personifica a ascensão de um atleta desacreditado a um símbolo de confiança e identidade, passando de reserva a peça crucial, e de alvo de críticas a jogador histórico. Sua relação com o clube é de um amor mútuo, onde a torcida reconhece sua entrega e a diretoria valoriza sua capacidade de decisão. Atualmente com contrato até 31 de dezembro de 2025, seu futuro no Parque São Jorge permanece em aberto. A possibilidade de renovação, a busca por novos desafios ou a permanência como peça importante até o fim do vínculo são cenários que ainda serão definidos.
O paraguaio sempre lidou com as críticas de forma direta e humilde, como evidenciado por sua famosa declaração em 2016: “Eu ganho para fazer gol. Eu ganho para isso. Não venho para ser malabarista no farol.” Essa frase resume sua filosofia: menos exibicionismo, mais resultados e dedicação. Ele demonstra não se abalar com opiniões externas, focado em cumprir seu papel. Sua trajetória prova que, no Corinthians, a entrega e a raça podem, sim, equiparar-se à técnica, e que a identificação com a camisa e a paixão pela torcida podem pavimentar um caminho para se eternizar no coração da Fiel. A questão que paira é se essa combinação já o coloca na galeria dos ídolos recentes, ou se ainda há capítulos a serem escritos para selar definitivamente seu nome na história do Timão.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







