Uma investigação policial revelou movimentações financeiras consideradas incomuns na conta de Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians. O relatório, que faz parte do pedido de habeas corpus do ex-dirigente, aponta para depósitos em espécie que somam mais de R$ 152 mil entre dezembro de 2023 e abril de 2024. A prática, segundo as autoridades, levanta suspeitas de tentativa de burlar os mecanismos de controle e esconder a identificação dos responsáveis pelas transações. Augusto Melo, em sua defesa, afirma que todas as movimentações são legais e estão devidamente registradas.
Entenda as Movimentações Financeiras Suspeitas
O foco da investigação recai sobre os depósitos em dinheiro vivo realizados na conta de Augusto Melo. O período analisado, entre dezembro de 2023 e abril de 2024, coincide com um momento de grande atenção no clube, especialmente após a eleição e antes da explosão de escândalos envolvendo a VaideBet. A estratégia de depositar valores em espécie, majoritariamente em quantias inferiores a R$ 2 mil, é vista com desconfiança pelas autoridades. Essa prática, segundo a Polícia Civil, pode indicar uma tentativa de fragmentar as transações para dificultar a identificação da origem dos recursos. Vale ressaltar que, conforme as regulamentações do Banco Central, depósitos acima de R$ 2 mil exigem identificação.
Detalhes dos Depósitos em Espécie
O relatório detalha as movimentações mês a mês, mostrando a frequência e os valores dos depósitos. Em dezembro de 2023, foram identificados R$ 41.750,00, distribuídos em diversos depósitos. Janeiro de 2024 registrou R$ 29.700,00, enquanto fevereiro somou R$ 18.250,00. Março e abril também apresentaram valores significativos: R$ 30.700,00 e R$ 31.770,00, respectivamente. A análise desses dados é crucial para entender o padrão das movimentações e a possível intenção por trás delas. As autoridades buscam identificar a origem desses recursos e se há alguma relação com atividades ilícitas.
A Relação com Transferências via PIX
Outro ponto de atenção no relatório são as transferências via PIX que, segundo a investigação, seguiam os depósitos em espécie. Essas transferências, geralmente em valores menores, seriam uma forma de identificar os depositantes. A Polícia Civil cita o nome de Carlos Eduardo Melo Silva, o Kadu Melo, sobrinho do presidente afastado e conselheiro do clube, como um dos que realizaram transferências via PIX após os depósitos em dinheiro. Essa prática sugere uma tentativa de estabelecer uma ligação entre os depósitos em espécie e outras transações financeiras, possivelmente com o objetivo de rastrear a origem dos recursos.
A Defesa de Augusto Melo
Diante das acusações, Augusto Melo se manifestou, afirmando que todas as movimentações financeiras são legais e foram entregues à Polícia para investigação. Ele ressalta que os valores constam em sua declaração de Imposto de Renda e justifica os depósitos em espécie como resultado de suas atividades comerciais, incluindo um comércio e um estacionamento. Segundo ele, o recebimento de valores em espécie e o saque do pró-labore em dinheiro vivo são práticas comuns em seus negócios. Melo se coloca à disposição para esclarecimentos, reforçando a transparência em suas ações.
Implicações e Próximos Passos da Investigação
As informações divulgadas neste relatório têm grande relevância para o cenário político do Corinthians. A investigação em andamento busca esclarecer a origem dos recursos movimentados e determinar se houve alguma irregularidade. As autoridades analisarão documentos, extratos bancários e outras evidências para embasar suas conclusões. O desdobramento dessa investigação pode ter um impacto significativo na gestão do clube e na imagem de seus dirigentes. A transparência e a colaboração com as autoridades serão fundamentais para o esclarecimento dos fatos e para a tomada de decisões que visem o bem do Corinthians.

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