Os bastidores do Corinthians estão fervendo com o pedido de destituição do presidente Augusto Melo, que tem apenas 237 dias de mandato. O requerimento, assinado por mais de 90 conselheiros, é uma demonstração de força da oposição, mas não significa que este grupo tenha maioria no Conselho do clube atualmente.
O Pedido de Impeachment
O pedido de impeachment é essencialmente político e se baseia em argumentos jurídicos. Para que o presidente deixe o cargo é preciso aprovação de maioria não apenas dos conselheiros do Corinthians, mas também dos sócios do clube. O processo de impeachment é controverso e também interpretativo, e há quem defenda que ainda não há embasamento jurídico para pedir o impeachment do presidente.
O Poder de Barganha
Embora enfraquecido, Augusto Melo ainda tem armas para usar a seu favor e se manter no cargo. O poder presidencial pode ser utilizado para atrair novos aliados políticos e até mesmo acalmar membros da oposição. O último processo de impeachment no Corinthians ajuda a exemplificar isso. Em 2017, Roberto de Andrade conseguiu se livrar do pedido de destituição e seguir no cargo após atender interesses políticos, nomeando diretores e assessores.
Futebol é Decisivo
Embora o desempenho do time de futebol masculino não seja um dos argumentos para o pedido de impeachment de Augusto Melo, quem conhece os bastidores do clube minimamente sabe: o que acontece em campo tem relação direta com os desdobramentos políticos. A tentativa de tirar o presidente do cargo ocorre em um momento crucial da temporada. O Corinthians está a cinco jogos de se sagrar campeão da Copa Sul-Americana, a seis de faturar a Copa do Brasil, mas também convive com o sério risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Trapalhadas e Dificuldades Financeiras
Desde que assumiu o clube, o presidente se viu envolto a uma série de polêmicas e confusões, como as saídas de Lucas Veríssimo e Matías Rojas, o imbróglio pela contratação de Matheuzinho, o rompimento de contrato com a VaideBet, entre outros. O Timão segue com dificuldades financeiras e com a divida em crescimento. Além disso, o presidente vem sofrendo críticas por conta da gestão das categorias de base.
Próximos Passos
O pedido de impeachment ainda não foi acatado pelo presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior. A tendência é que ele aceite a solicitação e encaminhe o caso para a Comissão de Ética, mas anexe este processo à investigação sobre o contrato da VaideBet. Com isso, a tramitação do caso pode levar mais tempo. Romeu Tuma Júnior deve decidir sobre o assunto ainda nesta semana. Só então será possível saber o rito que será seguido. Independentemente do caminho a ser seguido, uma coisa é certa: Augusto Melo está pressionado e não terá vida fácil para seguir no comando do Corinthians até 31 de dezembro de 2026.
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores