Em meio a um cenário financeiro desafiador e turbulências políticas, o Corinthians enfrenta um momento crucial. As contas do clube referentes a 2024 foram reprovadas pelo Conselho Deliberativo, culminando no afastamento do presidente Augusto Melo. Paralelamente, o clube registra a maior dívida líquida do futebol brasileiro, atingindo um patamar alarmante. Apesar de uma receita recorde, os indicadores financeiros e o aumento dos custos operacionais geram preocupações. Vamos analisar os principais pontos deste panorama.
Dívida do Corinthians: Um Panorama Preocupante
O ano de 2024 apresentou um cenário financeiro complexo para o Sport Club Corinthians Paulista, com destaque para o expressivo aumento da dívida líquida. De acordo com um relatório recente, o clube acumulou um débito de R$ 2,34 bilhões, consolidando sua posição como a agremiação mais endividada do futebol nacional. Esse valor representa um aumento significativo em comparação com o ano anterior, quando a dívida era de R$ 1,89 bilhão. O crescimento de R$ 449 milhões em um único ano é um dos maiores entre os clubes analisados, evidenciando a urgência de medidas para reverter essa situação.
A situação financeira do Corinthians é agravada pela comparação com outros clubes. O Atlético-MG, por exemplo, também ultrapassa a marca de R$ 2 bilhões em dívidas, mas a diferença para o Corinthians ainda é considerável. Clubes como Botafogo, Cruzeiro e São Paulo também enfrentam desafios financeiros, com dívidas superiores a R$ 1 bilhão, mas em menor proporção.
Indicadores Financeiros em Alerta
Além do montante da dívida, outros indicadores financeiros do Corinthians acendem sinais de alerta. A alavancagem, que mede a relação entre dívida e receita, subiu de 2,0 para 2,1, indicando um aumento da dependência do clube em relação a recursos de terceiros. A dívida de curto prazo, que corresponde a 92% da receita total, demonstra a pressão para honrar compromissos financeiros em um curto espaço de tempo. A projeção de pagamento da dívida, considerando a receita atual, é de 10 a 12 anos, um prazo considerado longo e que dificulta o planejamento financeiro.
As despesas financeiras do clube também sofreram um aumento expressivo, saltando de R$ 225 milhões para R$ 368 milhões, impactando negativamente os resultados. O déficit acumulado nos últimos três anos é de R$ 267 milhões, demonstrando a dificuldade do clube em gerar resultados positivos de forma consistente. A avaliação da consultoria atribuiu ao Corinthians a nota C, a terceira pior entre as 11 categorias analisadas, refletindo a situação delicada.
Custos Operacionais e Folha Salarial em Foco
Os custos totais do Corinthians apresentaram um crescimento de 11%, passando de R$ 675 milhões em 2023 para R$ 747 milhões em 2024. Embora a relação entre custos e receita (67%) esteja abaixo da média nacional (75%), o alto endividamento do clube impacta significativamente suas finanças. A folha salarial, que inclui salários e direitos de imagem, também registrou um aumento, passando de R$ 418 milhões para R$ 429 milhões. Essa é a terceira maior folha salarial do futebol brasileiro, atrás apenas de Flamengo e São Paulo, o que demonstra a necessidade de gerir os custos com eficiência.
Receita Recorde e EBITDA Positivo: Um Raio de Esperança
Apesar dos desafios financeiros, o relatório destaca um ponto positivo: o EBITDA (lucro operacional) do Corinthians subiu de R$ 264 milhões para R$ 338 milhões em 2024. Desse total, R$ 71 milhões são de resultado recorrente. Esse dado demonstra a capacidade do clube de gerar receita em suas operações. Mesmo com o EBITDA positivo, o elevado custo da dívida compromete a gestão financeira do Corinthians. O clube figura entre os que mais investem no futebol, mesmo com a capacidade operacional limitada pelo endividamento.
Crise Política e Mudanças no Comando
A reprovação das contas de 2024 pelo Conselho Deliberativo do Corinthians, somada ao escândalo do caso VaideBet, culminou no afastamento do presidente Augusto Melo. A decisão evidencia a gravidade da situação e a necessidade de reestruturação. Osmar Stabile assumiu interinamente a presidência, até a Assembleia Geral marcada para 9 de agosto. Esse é um momento crucial para o clube, que precisa definir os próximos passos e buscar soluções para superar a crise financeira e política.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores