Um documento confidencial elaborado no ano de 2024 projetava um cenário financeiro desafiador para o Time do Povo, alertando para a incapacidade de honrar com seus compromissos. As projeções, divulgadas posteriormente, indicavam a urgência de medidas drásticas, como a recuperação judicial ou a adoção do modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), para evitar um colapso nas finanças do clube. As revelações vêm à tona em um momento de turbulência política e econômica para a equipe paulista, que tem buscado incessantemente alternativas para sanar suas dívidas e reequilibrar suas contas.
Bastidores Turbulentos e um Futuro Incerto
O cenário político interno do clube paulista tem sido marcado por reviravoltas significativas ao longo de 2025. A gestão, que tinha como líder Augusto Melo, experimentou uma mudança abrupta de rumos, culminando no impeachment do ex-presidente. Essa instabilidade política, contudo, é apenas uma faceta dos desafios enfrentados pelo Time do Povo. A herança de uma dívida interna colossal segue como um fantasma, sem perspectivas claras de redução a curto prazo. Mesmo iniciativas de mobilização da torcida, como a bem-intencionada “Vakinha” da Neo Química Arena, demonstram ser insuficientes para reverter o quadro financeiro crítico. A percepção geral é de que os problemas do clube transcendem a questão do financiamento do estádio, mergulhando em uma cultura de gastos que se distancia perigosamente da realidade econômica atual do futebol brasileiro.
Um Relatório Sombrio: SAF ou Recuperação Judicial em 2024
Um dos marcos cruciais desse período de incerteza foi a contratação de uma consultoria especializada, a Ernst & Young, ainda sob a égide da gestão de Augusto Melo. O parecer técnico produzido pela empresa, entregue em setembro de 2024, não deixou margens para otimismo. O relatório foi categórico ao apontar que os caminhos mais viáveis para a sustentabilidade financeira do clube residiam na decretação da recuperação judicial ou na transição para o formato de SAF. As projeções da época eram alarmantes, prevendo a iminente incapacidade do clube em honrar suas obrigações financeiras e alertando para a possibilidade de sanções severas, como o Transferban, que proíbe contratações internacionais. A inteligência do relatório ia além, sugerindo uma revisão minuciosa dos contratos firmados pelas gestões anteriores, lideradas por Duílio Monteiro Alves e Andrés Sanchez. Essa informação, originalmente veiculada pelo jornal ‘O Globo’, adicionou mais um elemento de pressão e urgência à já delicada situação do clube.
Gastos Desenfreados e a Escalada da Dívida
O relatório da Ernst & Young, que permaneceu em um limbo administrativo devido ao não pagamento dos honorários pela consultoria, continha um alerta contundente: o Corinthians não possuía a capacidade financeira para sustentar o patamar de gastos que vinha praticando. O que se constata é que, mesmo ciente das projeções negativas, o clube optou por uma postura financeiramente imprudente. A dívida, que já somava expressivos R$ 2,2 bilhões na época da elaboração do documento, sofreu um aumento significativo, alcançando a marca alarmante de R$ 2,7 bilhões. Essa escalada dívida, aliada a contratações de vulto, como a de Memphis Depay, evidenciam a necessidade premente de uma reestruturação financeira radical. O clube agora se encontra em um beco sem saída, forçado a definir uma rota de fuga para evitar que o endividamento continue a crescer de forma exponencial, comprometendo ainda mais o futuro da instituição.

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