Em meio a turbulências internas e debates acalorados, o departamento de futebol do Corinthians vive um momento de indefinição e pressão. Membros influentes do Conselho de Orientação (Cori) do clube expressaram publicamente a necessidade de uma reestruturação na gestão do futebol, com a cobrança pela nomeação de um diretor estatutário para o setor. A reunião, realizada em 29 de outubro e cujas atas foram obtidas pelo ge, revelou as preocupações que pairam sobre o futuro da diretoria de futebol corintiana, especialmente em relação à atuação do executivo Fabinho Soldado.
A convocação de Fabinho Soldado pelo Cori para prestar esclarecimentos sobre os gastos do departamento de futebol foi um dos pontos centrais da reunião. No entanto, em uma decisão que gerou questionamentos, o presidente Osmar Stabile optou por comparecer no lugar do executivo, com o objetivo declarado de preservá-lo. Essa manobra, contudo, não silenciou as críticas, e conselheiros têm intensificado a pressão sobre Stabile pela demissão de Soldado. Embora a resistência do presidente seja notável, a permanência do executivo para a temporada de 2026 ainda permanece como uma incógnita, deixando os torcedores e o próprio conselho em suspense.
Pressão por um Diretor Estatutário no Parque São Jorge
A discussão sobre a figura do diretor estatutário de futebol se mostrou um tema recorrente e de grande peso durante a reunião do Cori. O presidente do órgão, Miguel Marques e Silva, foi enfático ao declarar que a função atualmente exercida por Fabinho Soldado “poderia ser desempenhada por um diretor de futebol”. Essa colocação sugere uma visão dentro do conselho de que a expertise e a estrutura de um diretor estatutário seriam mais adequadas para lidar com as complexidades da gestão futebolística, em detrimento de um executivo, ainda que competente. A insatisfação com a ausência de um nome com esse perfil estatutário remonta a gestões anteriores, e a sensação é de que o clube pode estar repetindo um erro estratégico que já se mostrou prejudicial no passado.
O conselheiro Caetano Blandini trouxe à tona preocupações específicas relacionadas à logística e aos custos associados a essa área. Seu questionamento girou em torno de uma possível mudança na operação logística e de um suposto aumento de despesas decorrente da contratação de uma nova empresa. Esse contrato, aliás, foi o epicentro da convocação de Fabinho Soldado pelo Cori, indicando que as questões financeiras e operacionais ligadas à logística são um ponto de atenção crítico para o conselho. A transparência e a eficiência nos gastos são pilares fundamentais para a sustentabilidade do clube, e o conselho demonstra estar vigilante nesse aspecto.
Reestruturação na Logística: Custos e Eficiência em Debate
O presidente Osmar Stabile buscou esclarecer as dúvidas apresentadas sobre a logística, detalhando os custos e as estratégias adotadas. Segundo ele, a antiga empresa contratada, a Pallas, operava com pacotes fechados para as viagens, com valores significativos: R$ 787 mil para jogos do Campeonato Brasileiro, R$ 500 mil para a Copa do Brasil e R$ 1,5 milhão para competições sul-americanas. Essa abordagem, caracterizada por contratos de maior vulto e menos flexibilidade, foi contrastada com o modelo atual.
Com a nova empresa, a Offside, a dinâmica mudou consideravelmente. O Corinthians passou a gerenciar a logística internamente, recorrendo à companhia externa apenas quando estritamente necessário. Essa mudança de estratégia visa otimizar recursos e buscar maior eficiência. Os números apresentados por Stabile corroboram essa visão: em 2023, o clube gastou R$ 22 milhões com a Pallas, enquanto em 2024, com a Offside e a gestão interna, o desembolso foi de R$ 13,842 milhões. Essa diferença substancial nos gastos, aliada a uma operação que busca ser mais enxuta, demonstra um esforço em prol da economia e de uma gestão financeira mais responsável.
Desafios e a Longa Jornada Rumo a 2026
A questão da nomeação de um diretor de futebol estatutário, no entanto, continuou a ser um ponto de atrito. O conselheiro Felipe Legrazie Ezabella dirigiu uma pergunta incisiva ao presidente Stabile, indagando se ele não estaria “cometendo o mesmo equívoco das gestões anteriores de não nomear diretor de futebol, tendo em vista as especificidades do cargo”. A preocupação reside na complexidade da área futebolística, que exige um profissional com conhecimento aprofundado e um cargo com responsabilidades estatutárias claras para lidar com as nuances e os desafios do esporte.
A resposta de Stabile foi direta: até o final do ano corrente, a estrutura atual se manterá. Isso significa que Fabinho Soldado seguirá no comando isolado do departamento de futebol, posição que ocupa desde maio de 2024. A saída de Rubens Gomes, o Rubão, que ocupava o cargo de diretor estatutário, após um desentendimento com o então presidente Augusto Melo, abriu essa lacuna. A incógnita sobre quem assumirá essa importante posição e como se dará essa reestruturação para o futuro, especialmente visando 2026, permanece como um dos grandes desafios a serem superados pelo Corinthians.
O Caso Memphis Depay e Outros Assuntos na Pauta do Conselho
Além da questão central da diretoria de futebol, a reunião do Cori abordou outros temas relevantes para o clube. Um deles, que gerou certa repercussão, foi o pedido para que o atacante Memphis Depay deixasse o hotel de luxo que estava sendo bancado pelo Corinthians. A situação, que envolve custos e a gestão de benefícios para os atletas, também demonstrou as diversas frentes de atuação e as preocupações que circundam a administração corintiana. A busca por otimização de gastos se estende a todas as áreas, buscando um equilíbrio financeiro que permita ao clube investir no futebol e em sua estrutura.
Outro ponto de pauta foi a autorização para um empréstimo de R$ 100 milhões. Essa solicitação evidencia a necessidade de capital de giro e de recursos para investimentos em projetos estratégicos do clube. A aprovação desse empréstimo, sem dúvida, terá implicações significativas para o futuro financeiro do Corinthians, e sua discussão no conselho demonstra a importância da transparência e da aprovação colegiada para decisões de grande impacto financeiro. Os bastidores das declarações do atacante Memphis também foram trazidos à tona, mostrando um clube que busca gerenciar não apenas suas finanças e sua estrutura, mas também a imagem e as relações com seus jogadores.

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