A torcida do Peñarol, um dos clubes mais tradicionais do Uruguai, se viu envolvida em um lamentável episódio de violência na orla do Rio de Janeiro, há um ano. O incidente, que ocorreu na zona oeste da cidade, no Recreio dos Bandeirantes, deixou marcas não apenas na paisagem, mas também na relação entre os torcedores e as autoridades brasileiras. A confusão se deu em um contexto de grande expectativa: a semifinal da Copa Conmebol Libertadores, onde o time uruguaio enfrentou o Botafogo, que saiu vitorioso com um placar expressivo de 5 a 0.
Naquele fatídico dia, cenas de caos se desenrolaram com a participação de diversos indivíduos trajando uniformes e símbolos do Peñarol. Muitos com os rostos ocultos, em uma atitude que denotava premeditação, partiram para o confronto, utilizando objetos como paus, pedras e garrafas contra policiais militares e outros frequentadores da orla. A violência escalou a ponto de um ônibus ser incendiado, evidenciando a gravidade da situação e a necessidade de uma intervenção enérgica por parte das forças de segurança. A ação resultou na detenção de mais de duzentas pessoas, que foram encaminhadas à Cidade da Polícia para os devidos depoimentos.
Após os trâmites iniciais e a coleta de depoimentos, 22 adultos foram presos em flagrante e um adolescente foi apreendido, por seu envolvimento nas agressões. O menor de idade, retornou ao seu país de origem, o Uruguai, para responder e cumprir medidas socioeducativas. Os envolvidos na confusão contaram com a representação jurídica dos advogados Roger Gomes e Eduardo Benfica, do escritório Gomes & Benfica Advogados, que atuaram na defesa dos torcedores.
Um ano após o incidente: o desfecho jurídico para os torcedores do Peñarol
A repercussão do caso foi significativa, com a prisão de mais de 280 torcedores do Peñarol, que causaram transtornos e insegurança na capital fluminense. A maioria dos adultos detidos teve suas situações resolvidas de diferentes maneiras. Dezoito deles retornaram ao Uruguai, beneficiados por acordos de não persecução penal, absolvição ou pela revogação das medidas cautelares que lhes foram impostas. Contudo, esses indivíduos ainda permanecem vinculados ao processo, participando das etapas judiciais remotamente, por meio de videoconferências, garantindo assim o andamento da justiça brasileira mesmo à distância.
Um grupo de doze torcedores, no entanto, segue respondendo a processos criminais perante a Justiça do Brasil. Isso demonstra a seriedade com que as autoridades encararam os atos de violência. As particularidades de cada caso são analisadas individualmente, buscando a devida responsabilização pelos atos cometidos durante os confrontos na orla carioca. A participação em audiências e outros atos processuais à distância tem sido um recurso utilizado para dar continuidade aos trâmites legais sem a necessidade da presença física constante dos acusados no país.
A situação dos uruguaios ainda no Brasil: medidas cautelares e condenação
Passados doze meses desde o ocorrido, quatro torcedores do Peñarol ainda se encontram em território brasileiro, acompanhando de perto as resoluções de seus casos. Desses, três estão sob o regime de medidas cautelares. A aplicação dessas medidas restritivas implica o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de deixar o país até que suas sentenças sejam proferidas e concluídas. Essa condição visa garantir que eles permaneçam à disposição da Justiça enquanto os processos tramitam, evitando qualquer tentativa de fuga ou evasão.
A quarta figura neste grupo é Ruben Ezequiel Rodrigues Acuna. Ele foi o único que recebeu uma sentença definitiva e teve sua pena fixada em seis anos e três meses de reclusão. As condenações que pesam contra ele incluem os crimes de incêndio, associação criminosa e corrupção de menores, demonstrando a gravidade dos delitos pelos quais foi julgado e considerado culpado pelas autoridades judiciais brasileiras. Sua situação é a mais delicada entre os torcedores uruguaios envolvidos no incidente.
Raio-X do caso: um panorama detalhado das prisões e medidas aplicadas
Para compreendermos melhor a extensão do ocorrido e as ações tomadas pelas autoridades, um detalhamento do caso se faz necessário. No total, 238 uruguaios foram detidos e as ocorrências foram registradas em duas delegacias distintas: a 16ª DP e a 42ª DP. Essa ampla operação visava controlar a situação e identificar os responsáveis pelos atos de violência.
No dia do incidente, 216 torcedores foram liberados diretamente nas delegacias, após procedimentos de identificação e registro. No entanto, 21 adultos foram presos preventivamente e um adolescente foi apreendido, evidenciando a gravidade de suas condutas. Posteriormente, a situação de 20 desses presos preventivamente foi revista, com a revogação de suas prisões e a imposição de medidas cautelares. Estas incluem o uso de tornozeleira eletrônica e a obrigação de se apresentarem periodicamente à Justiça, a cada dois meses. Desses, como mencionado anteriormente, três permanecem no Brasil sob essas condições, com a restrição de sair do país até o julgamento final.
Ainda dentro deste grupo, um torcedor segue preso e foi condenado, trata-se de Ruben Ezequiel Rodrigues, por seus crimes. Quanto ao adolescente apreendido, ele foi enviado de volta ao Uruguai, seu país de origem, para cumprir a medida socioeducativa determinada pela justiça.

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