O Botafogo está prestes a enfrentar o Peñarol em um jogo decisivo pela semifinal da Conmebol Libertadores. Esse confronto traz à tona lembranças de um passado glorioso, quando o Botafogo conquistou a Copa Conmebol de 1993, superando o mesmo Peñarol na final. Um dos heróis daquela conquista foi o atacante Sinval, que hoje abandonou as quatro linhas do futebol e se aventurou em um novo ramo: dono de uma rede de motéis no interior de São Paulo.
Um novo rumo na vida
Depois de se destacar pelo Botafogo, Sinval foi vendido ao Lugano, da Suíça, onde construiu o capital que futuramente viraria o dinheiro para o seu primeiro motel. Hoje, ele tem três unidades na cidade de Andradina, no interior de São Paulo. “Eu sempre tive essa vontade de investir no negócio”, diz Sinval. “Li uma entrevista com o Mendonça na Placar, e ele disse que era um bom negócio. Depois, eu comecei a conversar com o dirigente de um motel e me incentivaram a entrar nesse ramo.”
Embora Sinval tenha tentado ficar no mundo do futebol após a sua aposentadoria, ele logo percebeu que o buraco era mais embaixo. “Eu sinto saudade, principalmente desses momentos de entrevistas”, diz ele. “Mas, ao mesmo tempo que você sai dali, você vê que tem uma nova vida. Eu tenho que me dedicar para que meus clientes saiam satisfeitos.”
A conquista da Copa Conmebol de 1993
A Copa Conmebol de 1993 foi um momento marcante na história do Botafogo. O clube conquistou o título ao superar o Peñarol na final, após dois empates. Sinval foi o destaque da conquista, marcando oito gols em oito jogos na competição. “A gente lembra de ter apanhado para caramba”, diz ele. “Literalmente. Lá em Montevidéu, para sair do campo tivemos que pular para dentro do túnel para eles não baterem na gente. No Rio não foi diferente.”
A final da Copa Conmebol de 1993 foi um confronto violento, com o Peñarol sendo muito agressivo. “Nós apanhamos bastante”, diz Sinval. “Eles foram muito violentos. O gol de falta que o Eliel fez foi em uma entrada violenta que o Alex sofreu. Aquele gol no final do Peñarol é um teste para cardíaco, parece que essas coisas só acontecem com o Botafogo.”
O presente e o futuro do Botafogo
Hoje, o Botafogo está em um novo momento, com uma nova estrutura e um novo elenco. Sinval está feliz em ver o clube prosperando. “Fico muito feliz”, diz ele. Ano passado levaram a gente para conhecer a estrutura do Nilton Santos, a parte de captação… Para você ter ideia, quando nós terminávamos os jogos tínhamos que sair pelas ruas às 10 horas da noite procurando lugar para jantar. Hoje o jogador acaba o jogo e do lado do vestiário tem um restaurante.”
No jogo desta quarta-feira, o Botafogo enfrenta o Peñarol em um confronto decisivo. Sinval acredita que o Botafogo é favorito, mas que o jogo é jogado. “Botafogo é super favorito”, diz ele. “Peñarol achou uma maneira de jogar sem querer. Joguei com o Diego Aguirre, ele montou um esquema fechadinho no Maracanã, pegou um Flamengo em momento de turbulência, querendo fazer o segundo gol sem fazer o primeiro. Em Montevidéu ficaram fechados também. O Botafogo tem que estar em atacantes em um bom dia e não ter pressa.”
Uma nova vida fora do futebol
Hoje, Sinval é dono de uma rede de motéis no interior de São Paulo. Ele está feliz em ter encontrado um novo rumo na vida. “Eu não me arrependo”, diz ele. “É trabalhoso, você tem que estar presente, tem que ter pessoa de confiança, assim como tudo. Para ter dinheiro você tem que trabalhar. Mas é um ramo muito bom, dá dinheiro. Pode dar uma estrutura muito boa para a sua família.”
Embora Sinval tenha deixado o futebol, ele ainda é reconhecido em sua cidade natal. “A cidade é muito pequena, então todos sabem que os motéis são meus”, diz ele. “Vira e mexe estou na recepção para poder ajudar… Eu não tenho visualização com o cliente, mas às vezes eles falam e eu não reconheço. Mas isso acontece sim.”
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores