Artur Jorge, ex-comandante do Botafogo, rompeu o silêncio sobre sua passagem pelo futebol brasileiro e sua atual experiência no Al-Rayyan, do Catar. Em uma entrevista exclusiva, o treinador português expressou a saudade da atmosfera vibrante e apaixonada dos estádios brasileiros, destacando a energia contagiante da torcida como um elemento fundamental que sente falta em sua rotina no Oriente Médio. Ele relembrou com carinho o período vitorioso no Glorioso, classificando-o como um marco em sua trajetória profissional e deixando as portas abertas para um eventual retorno ao Brasil.
O treinador, que conquistou o Campeonato Brasileiro e a Libertadores há cerca de um ano, descreveu sua passagem pelo Botafogo como um ciclo de sucesso que deixou uma marca indelével em sua carreira. Artur Jorge ressaltou que o projeto no clube carioca teve um começo, meio e fim bem definidos, consolidando-se como um capítulo importante em sua história e na do próprio clube. Essa visão clara sobre o ciclo passado demonstra maturidade e gratidão pelo período vivido, ao mesmo tempo em que sinaliza uma abertura para futuras oportunidades no cenário nacional.
O Calor da Torcida Brasileira: Uma Ausência Sentida
Atualmente residindo e trabalhando no Catar, à frente do Al-Rayyan, Artur Jorge admite abertamente a falta que a intensidade da torcida brasileira lhe faz. A vida no Oriente Médio, embora apresente um ambiente mais sereno e com menor nível de pressão cotidiana, o distancia daquilo que ele considera o motor principal do futebol: a paixão. O treinador descreveu a experiência no Catar como um lugar onde o futebol é apreciado, mas carece da paixão avassaladora que ele vivenciou no Brasil.
“Aqui gostam de futebol, mas não é uma paixão. É disso que mais sinto falta, da energia e da emoção que o futebol tem no Brasil”, confessou o técnico. Ele detalhou como a adaptação à nova realidade trouxe seus desafios, sendo a ausência do calor humano e da efusividade nos estádios um dos pontos mais sensíveis. “Jogamos em arenas magníficas, mas quase vazias. No Brasil, a energia vem da arquibancada, ela alimenta o jogador e o treinador. Aqui, a cobrança é praticamente zero”, explicou.
Apesar das diferenças culturais e da atmosfera mais contida no Catar, o apreço de Artur Jorge pelo Brasil permanece inabalável. Ele expressou sua preferência clara pelo país, onde a paixão pelo esporte é constante, os estádios frequentemente lotados e a vibração geral serve como um potente motivador e combustível para o trabalho em campo. Essa energia vibrante, segundo ele, é um elemento indispensável para o sucesso e a motivação de toda a comissão técnica e dos atletas.
O Ciclo no Botafogo: Uma Etapa Vencedora
Ao ser indagado sobre os motivos que levaram à sua saída do Botafogo, Artur Jorge demonstrou uma postura ponderada e focada em não reabrir discussões passadas. Ele definiu a passagem pelo clube como uma “etapa bonita, vencedora, e que termina ali. Ponto final”. Essa declaração reforça sua convicção de que o ciclo se encerrou de forma natural e positiva, sem a necessidade de revisitar pontos de discórdia.
O treinador também fez questão de desmentir qualquer interferência de questões pessoais em sua decisão de deixar o Botafogo, em resposta a sugestões que teriam partido de John Textor. “Minha vida profissional e pessoal nunca se misturaram. Foram decisões distintas, e hoje estou em paz com todas elas”, afirmou com clareza, reforçando a independência de suas escolhas profissionais em relação à sua vida privada. Essa separação é crucial para a manutenção de uma carreira sólida e transparente.
O Futuro no Brasil: Um Desejo Real
Olhando para frente, Artur Jorge não esconde seu desejo de retornar ao futebol brasileiro e retomar sua carreira em solo nacional. Ele considera o mercado brasileiro extremamente interessante e parte integrante de seus planos de carreira a longo prazo. “É um mercado que me interessa muito e faz parte do meu plano de carreira. Mais cedo ou mais tarde, irei voltar”, garantiu o técnico.
Essa declaração de intenções reforça a forte ligação que o treinador estabeleceu com o ambiente do futebol no Brasil. A admiração pela paixão dos torcedores, a intensidade das competições e o nível técnico dos jogadores são fatores que o atraem de volta. Para finalizar, ele resumiu seu sentimento atual com uma frase que encapsula sua filosofia e gratidão: “Quem me valorizou é quem me tem”, evidenciando a importância de sentir-se reconhecido e valorizado no ambiente de trabalho.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







