O Botafogo tem em sua comissão técnica uma figura que, embora não atue diretamente nas quatro linhas, desempenha um papel fundamental nos bastidores e na vida do treinador Davide Ancelotti. Ana Galocha, artista plástica e empresária espanhola, é a esposa do técnico e tem se adaptado com entusiasmo à vida no Rio de Janeiro, cidade que agora chama de lar. Sua jornada até o Brasil, acompanhando Davide em sua primeira experiência como técnico principal de um clube, é marcada por decisões importantes, desafios de adaptação e uma paixão crescente pelo futebol e pela cultura local.
A Chegada ao Rio de Janeiro: Um Desafio Aceito com Empolgação
A decisão de Davide Ancelotti assumir o comando técnico do Botafogo não foi apenas uma escolha profissional, mas um projeto de vida que contou com o total apoio de Ana Galocha. O convite chegou em um momento de tranquilidade, durante as férias do casal na Espanha, e a empolgação de Davide era palpável. Ana, percebendo o desejo do marido de embarcar nessa nova aventura, não hesitou em dar o aval. “Está bem, amor, se você quer ir ao Rio, vamos”, disse ela, confirmando a determinação em seguir o companheiro em sua carreira. A mudança para o Brasil representou a sexta transferência internacional para o casal, mas a primeira vez que Davide estaria como protagonista principal em um time, uma responsabilidade que Ana sente intensamente.
Adaptação e a Rotina de uma Esposa de Técnico
A adaptação a um novo país, especialmente um tão vibrante quanto o Brasil, traz consigo uma série de desafios. Ana Galocha, que já havia vivenciado mudanças significativas ao acompanhar o marido em passagens por Real Madrid, Bayern de Munique, Napoli e Everton, sentiu uma nova dimensão na vida no Rio. “Para mim era difícil. Eu pensava que antes sofria muito, por Carlo e por Davide, mas agora é diferente. Sofremos mais. Todos sofremos mais”, revela. A paixão pelo futebol, segundo ela, é algo que depende muito de resultados, e a pressão inerente ao cargo de técnico principal impacta a todos ao redor. No entanto, Ana faz questão de ressaltar o carinho que tem recebido da comunidade local, minimizando as diferenças culturais em relação à Europa e encontrando na conexão humana um ponto de apoio.
O Cotidiano Carioca: Segurança, Ensino e Conexões
A chegada ao Rio de Janeiro exigiu a busca por um novo lar e escolas para os filhos gêmeos, Leonardo e Lucas. Ana Galocha contou com o auxílio de Thais Marques, esposa do volante Allan, com quem se conectou através de experiências anteriores em Nápoles. A preocupação com a segurança, um tema frequentemente abordado por amigos que moravam em Madrid, foi uma consideração importante. Contudo, Ana demonstra uma abordagem aberta e curiosa, buscando conhecer a realidade local e desmistificar preconceitos. Ela conversa com pessoas de diferentes realidades, incluindo aquelas que vivem em favelas, e valoriza a oportunidade de conhecer a situação real das pessoas, sem se basear apenas em visões midiáticas. Essa postura proativa contribui para sua adaptação e para a construção de uma visão mais completa da cidade e de seus habitantes.
Arte, Família e uma Paixão Pelo Escudo Alvinegro
Ana Galocha é uma artista plástica talentosa, cujas obras refletem sua identidade e suas emoções. O que começou como um hobby, transformou-se em um projeto de vida, com exposições e trabalhos para colecionadores. A família é uma fonte de inspiração constante, e ela já retratou o marido, os filhos e até o cachorro, Pelé, uma homenagem ao lendário jogador brasileiro. Sua arte, com traços contemporâneos e cores vibrantes, conquistou reconhecimento na Europa. Ao chegar ao Rio, Ana fez questão de trazer consigo uma “pelusa”, uma peça decorativa que ela lançou recentemente, e que leva o escudo do Botafogo. Essa iniciativa demonstra sua crescente conexão com o clube. Inclusive, ela descreve o escudo alvinegro como “o escudo mais bonito que vi porque parece de um super herói”, superando inclusive a admiração por escudos de clubes europeus tradicionais. Ana também se rendeu ao beach tennis, um esporte que já planejava praticar em Madrid e que agora desfruta em terras cariocas, fortalecendo ainda mais seus laços com a cidade.
Um Futuro no Rio de Janeiro?
A adaptação de Ana Galocha ao Rio de Janeiro tem sido notavelmente positiva. Ela expressa um forte sentimento de pertencimento e carinho pela cidade e por seu povo. A beleza natural, como o mar visto pela manhã, é descrita como um presente, e ela se sente afortunada por vivenciar essa realidade diariamente. Ao ser questionada sobre um futuro no Brasil, Ana é sucinta, mas carregada de emoção: “Eu só te digo que, quando eu for embora do Rio, vou chorar.” Essa declaração revela a profundidade de sua conexão com a cidade e a possibilidade de que o Rio de Janeiro se torne um lar ainda mais permanente para ela e sua família, longe de ser apenas uma passagem temporária na carreira de Davide Ancelotti.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







