A derrota do Brasil para o Paraguai por 1 a 0 nas Eliminatórias da Copa do Mundo 2026 é apenas mais um capítulo na saga de um time que busca encontrar seu ritmo e estilo de jogo. Apesar de ter jogadores talentosos, a Seleção parece amedrontada e satisfeita em trocar passes de lado, especulando à espera de algo para agredir o adversário.
O que deu errado no jogo?
Em quase uma hora de conversa com os jornalistas antes do jogo, o capitão Danilo e o técnico Dorival Júnior apresentaram uma série de ponderações sobre o momento da Seleção e do futebol mundial. No entanto, essas ponderações não dão conta de explicar o futebol tão pobre praticado pelo Brasil na derrota para o Paraguai.
Com posse de bola em cerca de 70% e mais do que o triplo de passes do adversário, o Brasil deu apenas dois chutes. Faltou acelerar o jogo, buscar passes verticais e aproximações para tabelas. Jogadas de um contra um, que talvez sejam o grande diferencial de nossos jogadores, praticamente não foram vistas.
Uma estratégia que não funcionou
A estratégia de Dorival, com a entrada de Endrick entre os titulares e Rodrygo partindo da ponta direita, não funcionou. O garoto de 18 anos sofreu com duelos físicos, acabou desarmado muitas vezes e não foi acionado em profundidade com condições de finalizar.
A saída de bola brasileira era feita de forma lenta e facilitava a vida da marcação paraguaia. O tripé de meio-campo, com André, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá estava apagado, arriscava pouco e não conseguia municiar os atacantes de lado.
Um segundo tempo melhor, mas ainda assim insatisfatório
Dorival voltou para o segundo tempo com duas mudanças: Luiz Henrique e João Pedro entraram nos lugares de Bruno Guimarães e Endrick. Rodrygo voltou a jogar mais centralizado, e a Seleção passou a ter um centroavante mais fixo e de maior estatura e imposição física.
As trocas deram resultado, o Brasil criou algumas chances por cerca de dez minutos, mas ainda assim não se pode dizer que jogou bem ou fez por merecer o empate na etapa final.
O desafio de Dorival
O maior desafio de Dorival é criar mecanismos para que os bons jogadores da Seleção se complementem. Em dez jogos do treinador até aqui isso apareceu poucas vezes. Obter progressos num cenário de cobrança por resultados urgentes torna tudo ainda mais difícil, mas a realidade está posta e não há como alterá-la.
O Brasil voltará a campo daqui a um mês diante do Chile ainda mais pressionado para vencer e convencer. As ponderações do começo deste texto seguem válidas, mas de nada adiantarão quando a bola voltar a rolar. A Seleção precisa de mais gols do que justificativas.
Um futuro incerto
Que o momento ruim não gere a falsa constatação de que o futebol brasileiro tem uma safra ruim de atletas. Embora careça de peças para determinadas posições e funções – como as laterais, no exemplo mais gritante – a Seleção ainda tem alguns dos melhores do mundo.
O que falta agora é encontrar um equilíbrio e um estilo de jogo que permita que esses bons jogadores sejam realçados. A Seleção precisa de mais gols, mais vitórias e mais confiança para que possa voltar a ser uma força no futebol mundial.
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores