O cenário do futebol de clubes em 2025, especialmente o Mundial de Clubes realizado nos Estados Unidos, tem sido palco de intensos debates sobre as condições de trabalho e o bem-estar dos atletas. Sergio Marchi, presidente da FifPro, sindicato global que representa os jogadores, emitiu um comunicado contundente ao final do ano, avaliando as recentes movimentações no esporte. Sua análise aponta para uma persistente falta de progresso em relação às melhorias prometidas, direcionando críticas à FIFA, a principal entidade organizadora do futebol mundial.
Segundo Marchi, as esperanças de uma nova era no futebol, com maior consideração pelos direitos e pela saúde dos jogadores, não se concretizaram. Apesar dos discursos e anúncios feitos pela FIFA ao longo do ano, o presidente da FifPro lamenta que as palavras não tenham se traduzido em ações efetivas. A percepção é de que as mesmas injustiças, os abusos e a falta de respeito com os profissionais que dedicam suas vidas ao esporte continuam a prevalecer. Essa postura, de acordo com o sindicato, desconsidera a importância fundamental dos atletas como os verdadeiros protagonistas do espetáculo futebolístico.
Temporadas Extenuantes e a Integridade dos Atletas
Um dos pontos mais críticos levantados por Sergio Marchi diz respeito à sobrecarga imposta aos jogadores. As “temporadas intermináveis”, caracterizadas por um calendário apertado e viagens constantes, resultam em um desgaste físico e mental significativo. A situação é agravada pela frequência de jogos com intervalos de apenas três dias ou até menos, o que compromete diretamente a recuperação dos atletas. Essa rotina intensa expõe os jogadores a um risco elevado de lesões e impacta negativamente sua saúde geral, muitas vezes sem a devida compensação financeira ou o cumprimento integral dos contratos trabalhistas em diversas partes do mundo. A falta de diálogo e a resposta de “silêncio ou indiferença” por parte das entidades máximas do futebol às reivindicações do sindicato têm gerado frustração e um sentimento de desamparo entre os jogadores.
O Mundial de Clubes: Foco em Receita e Desprezo pelo Jogador
O Mundial de Clubes, realizado recentemente nos Estados Unidos, tornou-se um alvo específico das críticas de Marchi. Ele descreve o torneio como uma estrutura “desenhada para maximizar receitas”, onde o sofrimento dos jogadores e a experiência dos torcedores são secundários. A falta de um planejamento que considere o bem-estar dos atletas e o respeito às suas limitações é apontada como um problema grave. A obsessão em gerar lucros financeiros parece sobrepor-se a qualquer preocupação genuína com a integridade física e mental dos profissionais. Essa abordagem, segundo a FifPro, demonstra uma visão míope que prioriza o aspecto econômico em detrimento daqueles que, na prática, tornam o esporte possível.
Críticas à Postura da FIFA e a Ausência de Diálogo
A atuação da FIFA diante das preocupações apresentadas pela FifPro é descrita como “soberba” e resistente ao diálogo. Sergio Marchi acusa a entidade de não estar aberta a escutar, dialogar ou consultar os diversos setores que compõem a indústria do futebol. Em vez de promover um ambiente inclusivo, onde todas as partes interessadas tenham voz e participem ativamente das decisões, a FIFA parece preferir “discriminar e excluir”. Essa postura antidemocrática e centralizadora é vista como um obstáculo para o avanço do futebol, impedindo a implementação de melhorias significativas que beneficiariam tanto os jogadores quanto a sustentabilidade do esporte a longo prazo. A esperança é que, com a proximidade da Copa do Mundo de 2026, haja uma reavaliação dessa abordagem e um compromisso maior com o diálogo e a colaboração.

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