O palco está montado para mais um capítulo eletrizante da rivalidade que define o futebol espanhol. Neste domingo, Real Madrid e Barcelona protagonizam o primeiro El Clásico oficial da temporada 2025/26, um confronto que promete não apenas ser um espetáculo de técnica e paixão, mas também um embate tático de estilos distintos. Enquanto o Real Madrid ostenta um início de campanha impecável na Champions League, embalado por um ataque estelar, o Barcelona de Hansi Flick chega com uma filosofia agressiva de jogo, marcada por linhas defensivas adiantadas, que, apesar de ter rendido frutos expressivos no passado recente, tem demonstrado vulnerabilidades na atual temporada.
A Filosofia de Risco de Hansi Flick: Linhas Altas e Ataque Implacável
O Barcelona sob o comando de Hansi Flick consolidou, desde a temporada passada, uma identidade de jogo audaciosa. A característica mais marcante dessa equipe é a utilização de linhas defensivas extremamente avançadas, combinada com uma pressão intensa na saída de bola do adversário. Essa estratégia visa sufocar o oponente em seu próprio campo, recuperando a posse rapidamente e lançando ataques verticais. O técnico alemão tem defendido firmemente essa abordagem, acreditando na sua evolução constante. “Nossa ideia é pressionar nossos oponentes. Quando isso está estruturado, nos saímos bem. Mas, quando não há pressão, a linha fica muito alta. Não vamos parar de utilizar a linha alta. Vamos evoluir com a linha alta”, declarou Flick, reforçando sua convicção no modelo.
Este estilo, embora arriscado, provou ser extremamente eficaz em diversos momentos. Na temporada 2024/25, o Barcelona demonstrou uma performance avassaladora, conquistando a Copa do Rei, a Supercopa da Espanha e o Campeonato Espanhol. A rivalidade contra o Real Madrid, em particular, viu o time catalão sair vitorioso em todas as quatro ocasiões em que se enfrentaram no âmbito oficial, culminando em um emblemático 4 a 0 no Santiago Bernabéu. Essa assertividade ofensiva resultou em médias de gols impressionantes, com 23 bolas nas redes nos quatro clássicos da temporada anterior, uma média de 5,75 gols por partida. A alta linha defensiva, quando bem executada, também gerou um número considerável de impedimentos para os adversários, como os 12 registrados contra o Real Madrid no primeiro Clássico da temporada passada, sendo oito deles contra Kylian Mbappé.
Vulnerabilidades Expostas: A Defesa Catalã Sob Pressão
Apesar do sucesso inegável, a estratégia de linhas altas do Barcelona não está isenta de críticas e demonstrações de fragilidade. A derrota contundente para a Inter de Milão na semifinal da Champions League 2024/25 expôs de forma gritante os perigos inerentes a essa tática. Nas duas partidas contra os italianos, a defesa blaugrana sofreu um total de sete gols, evidenciando a vulnerabilidade a contra-ataques rápidos e jogadas bem trabalhadas que exploravam os espaços deixados nas costas da zaga. A crítica veio de figuras experientes do futebol, como o ex-jogador e comentarista Thierry Henry. “Você não pode jogar na Liga dos Campeões com essa linha alta. Sinto muito. Quando você joga contra bons times, você vai ficar exposto. Qualquer jogada bem cronometrada que se faça, o adversário consegue chegar em direção ao gol”, pontuou Henry, expressando preocupação com a teimosia em manter a estratégia em jogos decisivos.
Na atual temporada 2025/26, embora o Barcelona mantenha um retrospecto positivo com nove vitórias em 12 jogos na La Liga, empatando um e perdendo dois, observam-se sinais de desajuste tático. Partidas recentes, como a vitória suada por 2 a 1 sobre o Girona, com gol decisivo nos acréscimos, indicam que a equipe tem, por vezes, tido mais sorte do que consistência defensiva. Dados do Sofascore na referida partida apontaram um número de chances claras de gol favoráveis ao Girona, que também superou o Barça em finalizações dentro da área. O próprio Hansi Flick reconheceu problemas de “distância certa entre seus jogadores e os adversários”, analisando que “Se você estiver longe dos adversários, você perde os duelos e tem que correr demais, dar um pouco mais de tempo para o adversário jogar. E isso também é o que nos mata na defesa. É sobre isso. Temos que encontrar as posições certas e, a partir daí, temos que desafiar e temos que pressionar”.
As Mudanças na Defesa Blaugrana e o Legado de Iñigo Martínez
Um dos fatores cruciais que podem explicar o desajuste defensivo atual do Barcelona é a saída de Iñigo Martínez. O zagueiro experiente, peça fundamental na temporada anterior, onde atuou em 46 partidas, transferiu-se para o Al-Nassr, da Arábia Saudita. Sua saída não apenas representou a perda de um líder e um defensor de confiança, mas também abriu uma lacuna significativa na coordenação defensiva exigida pelo sistema de Flick. A transação, que também auxiliou o clube a lidar com as rigorosas regras de Fair Play Financeiro e a viabilizar a inscrição de novos reforços, forçou a equipe a buscar novas parcerias na zaga.
Ao longo dos 11 primeiros jogos da temporada, o Barcelona utilizou quatro combinações distintas de duplas de zagueiros. Além do jovem Pau Cubarsí, que manteve seu posto de titular e destaque, Ronald Araújo, Andreas Christensen e Eric García foram escalados. No entanto, a falta de entrosamento e a adaptação às exigências táticas de Flick parecem ser um desafio. Araújo e Christensen, por exemplo, enfrentaram longos períodos de ausência na temporada anterior, enquanto Eric García atuou frequentemente em posições mais recuadas ou como volante. A ausência de uma dupla de zaga consolidada e com a mesma sintonia de Iñigo Martínez com seus companheiros tem se refletido na consistência defensiva da equipe.
O Real Madrid de Xabi Alonso: Ataque Poderoso e Desafios Defensivos
Enquanto o Barcelona lida com suas próprias questões defensivas, o Real Madrid se apresenta com um arsenal ofensivo de ponta, pronto para explorar qualquer brecha. A dupla formada por Kylian Mbappé e Vinícius Júnior representa um dos ataques mais temidos do futebol mundial. Mbappé, em particular, vive uma fase espetacular, acumulando impressionantes 15 gols e duas assistências em apenas 12 partidas na temporada. Vinícius Júnior, por sua vez, demonstra uma recuperação de forma notável, contribuindo com cinco gols e quatro passes para seus companheiros. Essa capacidade de finalização e velocidade pode ser a chave para desmantelar a defesa adiantada do Barcelona.
O histórico recente do Real Madrid contra o Barcelona de Hansi Flick, mesmo com as derrotas na temporada passada, aponta para uma evolução. Após sofrer um categórico 4 a 0, o time merengue conseguiu marcar sete gols nos três clássicos seguintes, demonstrando uma melhora ofensiva significativa. No entanto, o Real Madrid de Xabi Alonso também enfrentou seus próprios tropeços em jogos de alta relevância. As goleadas sofridas para o Paris Saint-Germain (4 a 0 na Copa do Mundo de Clubes) e para o Atlético de Madrid (5 a 2 na La Liga) revelaram fragilidades defensivas, com destaque para bolas paradas e erros na saída de bola. Para o El Clásico deste domingo, a concentração e a solidez defensiva serão cruciais para o Real Madrid, especialmente contra um ataque catalão que mantém uma média de 2,75 gols por partida nesta temporada.
Expectativas e Desfalques para o Clássico
O aguardado El Clásico deste domingo no Santiago Bernabéu promete ser mais do que uma disputa por pontos; é um teste para ambas as equipes validarem suas filosofias e superarem seus desafios. No lado do Barcelona, a expectativa gira em torno da capacidade da defesa de se reorganizar e conter o poder de fogo do Real Madrid, ao mesmo tempo em que mantém sua vocação ofensiva. O retorno de Raphinha e Ferrán Torres, que deixaram o departamento médico, pode ser um reforço importante, embora a ausência de Robert Lewandowski, Gavi, Dani Olmo, Ter Stegen e Joan García ainda pese.
O Real Madrid, por sua vez, chega com a força de seu ataque, mas preocupado com os desfalques em seu sistema defensivo. A ausência de Rüdiger, Huijsen e Alaba representa um duro golpe na retaguarda, enquanto as dúvidas sobre a participação dos laterais Carvajal e Alexander-Arnold adicionam incerteza. O ge acompanhará o duelo em tempo real, com cobertura completa a partir das 12h15 (horário de Brasília), proporcionando aos fãs todos os lances e análises deste que promete ser um dos jogos mais emocionantes da temporada.

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