A cidade de Lima, capital do Peru, encontra-se em um cenário de instabilidade social a aproximadamente um mês da aguardada final da Copa Libertadores da América. Protestos intensos tomam as ruas da metrópole, gerando um clima de apreensão e levando o governo a declarar estado de emergência na região.
A decisão de impor o estado de emergência por 30 dias, anunciada pelo presidente do país, José Jerí, visa conter a crescente onda de criminalidade e responder às manifestações populares que exigem medidas enérgicas contra a violência urbana. Esta medida, que se estenderá até poucos dias antes da grande decisão continental, prevista para o dia 29 de novembro no Estádio Monumental de Lima, levanta questões sobre a segurança e a viabilidade da realização do evento em solo peruano.
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), até o momento, não emitiu qualquer comunicado oficial a respeito da situação em Lima, mantendo o foco na realização da partida conforme o calendário estabelecido. No entanto, a história recente do torneio oferece um precedente preocupante: em 2019, a Conmebol precisou alterar a sede da final da Libertadores devido a uma onda de protestos no Chile. Naquela ocasião, o confronto entre Flamengo e River Plate, originalmente marcado para Santiago, foi transferido para Lima a apenas duas semanas do evento, após a paralisação do futebol chileno em meio às manifestações.
Contexto dos Protestos na Capital Peruana
As manifestações que eclodiram em Lima há mais de um mês ganharam contornos mais dramáticos com o trágico falecimento do rapper Trvko, ocorrido na última quarta-feira. O artista foi vítima de um atentado em meio a um dos atos que clama por ações concretas no combate à violência, pelo fechamento do Congresso, pela convocação de uma Assembleia Constituinte para a elaboração de uma nova Carta Magna e pela renúncia do presidente interino, José Jerí.
A crise política no Peru se aprofundou com a posse de José Jerí em 10 de outubro, sucedendo a presidente Dina Boluarte, que foi afastada do cargo por meio de um processo de impeachment. Boluarte enfrentou acusações de “incapacidade moral” e uma série de investigações de corrupção, com destaque para o escândalo conhecido como “Rolexgate”, que apura a posse de uma coleção de relógios de luxo não declarados. Seu afastamento foi decidido de forma unânime pelos 122 deputados do Congresso.
As raízes dos protestos, contudo, remontam ao mês de setembro, ainda durante o mandato de Dina Boluarte. Uma reforma controversa no sistema de aposentadorias do país, que propunha a obrigatoriedade de adesão de todos os peruanos acima de 18 anos a um provedor de pensão, desencadeou a mobilização estudantil e popular. As ruas da capital se tornaram o palco de um clamor por justiça social e mudanças estruturais.
Impacto na Final da Libertadores: Incertezas e Possibilidades
A declaração de estado de emergência em Lima, embora com o objetivo de pacificar a cidade e garantir a segurança, adiciona uma camada de incerteza sobre a realização da final da Copa Libertadores. A Conmebol, ao manter a data e o local, demonstra confiança na capacidade das autoridades peruanas em normalizar a situação. Contudo, a memória de 2019 serve como um alerta de que imprevistos podem forçar mudanças drásticas.
A torcida e as delegações dos clubes finalistas estarão acompanhando de perto os desdobramentos em Lima. A expectativa é de que as autoridades consigam restabelecer a ordem pública e garantir um ambiente seguro para a comunidade do futebol. A segurança dos torcedores, jogadores e staff é uma prioridade máxima, e qualquer sinal de instabilidade pode reacender o debate sobre a realocação da partida.
O Cenário Político e as Eleições Futuras
Em meio a toda essa turbulência social e política, o Peru tem eleições gerais agendadas para abril de 2026. O presidente interino, José Jerí, tem reiterado seu compromisso em defender a soberania nacional e assegurar a transição pacífica do poder para o legítimo vencedor do pleito. A forma como a crise atual será gerida terá, sem dúvida, um impacto significativo na percepção pública e no cenário eleitoral.
A declaração de estado de emergência pode ser interpretada como uma medida necessária para a manutenção da ordem, mas também pode acirrar os ânimos de setores da população que veem tal ação como um retrocesso democrático. A Conmebol, por sua vez, conta com a colaboração das autoridades locais para que a festa do futebol sul-americano ocorra com a tranquilidade e o brilho que a ocasião merece, longe das tensões que atualmente afligem a capital peruana.

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