O Sudão está classificado para a Copa Africana de Nações de 2025, mas o país não tem motivos para comemorar. A guerra civil que assola o território há mais de um ano provocou uma das maiores crises humanitárias do mundo. A seleção nacional não pode jogar no próprio país por questões de segurança, e os clubes também precisam atuar em outros locais.
Uma guerra civil devastadora
A guerra civil no Sudão começou em abril de 2023, após o aumento de tensão entre os líderes militares. O exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (FAR), um grupo paramilitar, estavam do mesmo lado em 2019, quando derrubaram o ditador Omar al-Bashir. No entanto, o general Abdel Fatah al Burhan, que presidiu o Conselho Militar de Transição, optou por dar um golpe e assumir o poder em outubro de 2021.
As FAR, lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, não admitiram sua incorporação pelo exército e acusaram o governo de tentar restaurar o antigo regime. A situação se deteriorou rapidamente, e o conflito entre o exército e as FAR começou em abril de 2023. Mais de 160 pessoas morreram apenas no primeiro dia de guerra, e outras 1.800 ficaram feridas.
Crise humanitária gigante
A guerra civil no Sudão provocou uma crise humanitária gigante. A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou relatos de mulheres que sofreram com violência sexual no país. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) cita relatos preliminares de pelo menos 27 mulheres entre 6 e 60 anos que foram abusadas sexualmente.
Um relatório da ONU afirma que o sofrimento está aumentando a cada dia, com quase 25 milhões de pessoas precisando de assistência humanitária. Milhares de civis morreram e inúmeros outros enfrentaram atrocidades indizíveis, incluindo estupros generalizados e agressões sexuais.
O futebol como refúgio
Diante da crise humanitária, o futebol se tornou um refúgio para os sudaneses. A seleção nacional conseguiu se classificar para a Copa Africana de Nações de 2025, mas não pode comemorar com o seu povo. A partida foi disputada em Benghazi, na Líbia, por questões de segurança.
Os clubes do país também precisam atuar em outros locais. Al-Hilal e Al Merrikh, principais equipes do Sudão, jogam na Liga da Mauritânia. A cidade de Omdurman, onde os times são baseados, está no centro do conflito e está dividida por facções rivais.
Um futuro incerto
O futuro do Sudão é incerto. A guerra civil continua a provocar destruição e sofrimento, e a crise humanitária não mostra sinais de melhora. A comunidade internacional precisa atuar para encontrar uma solução pacífica para o conflito e proporcionar assistência humanitária às vítimas.
O futebol pode ser um símbolo de esperança para os sudaneses, mas é importante lembrar que a prioridade deve ser a resolução da crise humanitária e a restauração da paz no país. Somente então é que o Sudão poderá se reconstruir e se recuperar.
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores