O Flamengo mostrou um desempenho promissor sob a batuta do treinador Filipe Luís, que manteve o compromisso com o DNA do clube de não abdicar da busca pelo gol adversário do início ao fim. Na vitória por 2 a 0 sobre o Bahia, o Rubro-Negro voltou a mostrar um problema de falta de efetividade, mas também demostrou sinais positivos de que o trabalho de Filipe Luís é muito promissor.
O DNA Flamengo: um jogo perigoso e vertical
Filipe Luís definiu o “DNA Flamengo” como “um jogo muito perigoso, é um jogo muito vertical, de pressão” e que requer riscos. O treinador afirmou que aceita se arriscar para ser protagonista do jogo por entender que tem condições para isso. Prometeu e cumpriu. Com encaixes individuais e marcando o Bahia em seu campo de defesa, o Flamengo começou “pressionante”, do jeito que Filipe queria.
A pressão lá em cima continuou surtindo efeito. É verdade que o Flamengo esbarrava em algumas tomadas de decisão erradas, mas é fato também que assustava o Bahia, um time acostumado a ter a bola e que mandou no meio-campo na maioria dos outros três jogos realizados contra os cariocas em 2024. O maior reflexo de quanto o rival a mudança de característica do Fla sentiu foi uma bola em que o goleiro Marcos Felipe, atordoado dentro de sua pequena área, coloca para escanteio, tamanho o abafa que sofria àquela altura.
A supremacia do Flamengo no campo de defesa do Bahia
Pela primeira vez na temporada, o Rubro-Negro dominou o time de Rogério Ceni, tanto territorialmente quanto em criação de chances. O primeiro gol reflete bem o que Filipe quer de sua equipe. Quando Arrascaeta cobra a falta que ele mesmo sofrera próximo ao círculo central – agarrado por Caio Alexandre -, aos 34 minutos e oito segundos de jogo, os zagueiros Léo Pereira e Léo Ortiz e o volante Erick Pulgar atravessam a linha do meio-campo. Nesse momento, os 10 jogadores de linha do Flamengo estão no campo de defesa do Bahia.
Léo Pereira, em vez de optar pelo passe curto em De la Cruz ou Pulgar, decide abrir o campo, invertendo a bola para Ortiz, que estava do outro lado. O camisa 3 estica na ponta para Wesley com um lindo passe de trivela e quebra as linhas. O lateral perde a posse parcialmente, mas a recupera e devolve a Ortiz.
A jogada de craque de Gerson e o segundo gol do Flamengo
Quando o Bahia tentava o último abafa, Gerson, o craque do jogo, chamou para si a responsabilidade de apagar a chama do adversário. Aos 51, recebeu na ponta, cortou para fora e tomou uma pancada. Ganhou tempo. Aos 52, após pegar uma rebatida de pegar, tirou um coelho da cartola. Com um passe de chaleira, venceu a marcação, tabelou com Plata e surgiu na ponta direita para cruzar de três dedos. A jogada de craque foi premiada com o pênalti infantil de Árias, que deu um soco em Michael dentro da área.
Ciente de que o jogo estava finalizado, o capitão teve atitude de líder e, em vez de pegar a bola e bater o pênalti que o consagraria como homem do jogo, entregou-a a Alcaraz, que entrara muito bem e ainda não havia marcado gols pelo Flamengo. O argentino aceitou a gentileza e agradeceu a Gerson com uma ótima batida.
O Flamengo corre riscos, mas não renuncia à característica de atacar
O Flamengo correu riscos, sim, mas não renunciou à característica que a torcida mais cobra: atacou o tempo todo. De DNA rubro-negro, Filipe Luís cumpriu a expectativa de entender o que muitos treinadores não conseguiram nos últimos anos, em especial nos últimos meses. O 1 a 0 sem riscos, o jogo que prioriza a segurança em detrimento ao ataque não serve para o Flamengo. O Flamengo precisa atacar e pressionar. Sempre.
A vitória por 2 a 0 sobre o Bahia foi um exemplo disso. O Flamengo mostrou que pode ser um time perigoso e vertical, capaz de assustar qualquer adversário. Com a liderança de Gerson e a disposição de Filipe Luís, o Rubro-Negro pode ser um contendente sério ao título nacional.
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores