Depois de quatro meses de ausência, o Grêmio retorna à sua casa, a Arena do Grêmio, e com isso, marca a retomada de parte do bairro que abriga o estádio. O entorno da casa gremista, onde muitos dependem do movimento em dias de jogos, foi severamente atingido pelas enchentes de maio, mas os moradores e comerciantes buscam se reerguer.
A volta do Grêmio à Arena
A imagem de devastação que tomava conta do bairro Humaitá após as enchentes já faz parte do passado. Nas ruas que cercam a Arena do Grêmio, o barro acumulado e o excesso de lixo espalhado deram lugar a uma atmosfera de renovação. Muitos vizinhos da Arena tiveram de deixar a região quando a enchente se alastrou, perdendo móveis, itens pessoais e mercadorias nos bares.
No entanto, a dor de perder o que havia em casa/estabelecimento foi aos poucos virando esperança à medida em que se conseguia retornar aos poucos. Com a volta do Grêmio à Arena, os comerciantes e moradores se preparam para reabrir seus negócios e casas, que também são trabalho, após mais de quatro meses.
O impacto da enchente no bairro
Numa quinta-feira de manhã, a três dias do jogo, um dos bares próximos da Arena estava de portas abertas para limpeza. Mesas e cadeiras lavadas a jato, um freezer sendo alocado num espaço na lateral. Fechado desde o fim de abril, o local voltará a receber os gremistas no domingo.
– Estamos numa estimativa de público que passe de duas mil pessoas. Eles vêm, passam, circulam, alguns já são fixos do bar. O intuito é acolher esse público que infelizmente não vai estar dentro da Arena, mas estará aqui vibrando e torcendo pelo nosso Tricolor – relata Jéssica Bueno, da família dona do estabelecimento.
A união de forças para a reconstrução
Na rua ao lado, em que é possível ver marcas de onde a água chegou, uma senhora em frente à sua casa celebra a reconstrução do lar, mesmo que ainda incompleta. A parte térrea da residência de dois andares foi totalmente inundada e tudo se perdeu, mas agora já se vê tudo reestruturado.
Mesmo em um contexto caótico do pós-enchente, a união de forças foi fundamental para que as pessoas pudessem se reerguer. Em todos os lugares visitados pela reportagem, o discurso era de ajuda externa. Uma marca de cerveja auxiliou diversos comerciantes, tanto com produtos quanto em estrutura. Outros contaram com a tradicional “vaquinha”.
A volta ao normal
Para o jogo de retorno do Grêmio à Arena, apenas 12,7 mil ingressos foram disponibilizados, por conta de restrições em vários setores do estádio, ainda em reformas. A operação do estádio ainda está longe do normal.
No entanto, o público no entorno será bem maior. Em contato com o ge, a polícia não soube estimar um número de torcedores esperado, mas destacou que haverá policiamento reforçado e especial para a área.
O esquema de trânsito será igual a de um jogo normal, com saídas de ônibus especiais para a Arena e vias bloqueadas nos arredores três horas antes, como de costume. Embora o público reduzido, a rotina de um dia de futebol na zona norte de Porto Alegre se repetirá após 134 dias.
A bola volta a rolar na Arena a partir das 11h deste domingo, em duelo com o Atlético-MG pelo Brasileirão. A retomada tricolor no campo e nas arquibancadas se estende ao entorno, onde tantas pessoas prejudicadas pelas enchentes reabrem suas casas, que também são trabalho, e almejam retomar a vida de negócio aliado ao Grêmio.
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores