O Botafogo surpreendeu ao anunciar a chegada de Pedro Martins como novo diretor de futebol na última terça-feira. Martins chega para suprir a lacuna deixada por André Mazzuco, que aceitou proposta do Athletico-PR em maio.
Título, polêmica e 68 reforços: o legado de Pedro Martins
Martins, na teoria, será parte do organograma responsável por contratações, ao lado do Head Scout Alessandro Brito, mas não terá um peso tão forte nesta pasta como Mazzuco tinha. Além de Brito, o Alvinegro também conta com Deive Bandeira e Michael Gerlinger, diretores de mercado da Eagle Football, empresa de John Textor, que ajudam na prospecção de mercado.
A função principal de Pedro será o dia a dia com o elenco. Lidar com os jogadores e fazer o “meio-campo” junto à diretoria. O executivo, claro, terá envolvimento em contratações, mas o principal será o trato na rotina do Alvinegro.
Acostumado com SAFs
As últimas duas experiências de Pedro Martins foram em clubes no modelo SAF. O brasileiro lida com times dentro desta cadeia há três anos e este foi um diferencial na busca do Alvinegro. Saber falar inglês e ter experiência no modelo clube-empresa são atributos considerados essenciais pelo Botafogo para a função de diretor de futebol.
Perfil “low profile”
Apesar do turbilhão que foi a saída do rival de São Januário, a postura de Pedro Martins é de mais agir nos bastidores do que nos microfones. Desde o Cruzeiro, o executivo não é de dar entrevistas e ter postura de aparecer muito publicamente.
“Pedro Martins tem um perfil técnico. Não é perfil boleiro, é de formação mesmo. Ele não foi atleta. É mais discreto, não aparece tanto em redes sociais, não costuma dar declarações polêmicas e costuma trabalhar bem com observação de mercado. Trabalha muito com scout. Ele trouxe jogadores que talvez outros diretos não trariam, alguns atletas mais alternativos e que tiveram bom rendimento no Cruzeiro”, analisou Gabriel Duarte, setorista do Cruzeiro.
As contratações
Foram 86 jogadores contratados em três anos no Cruzeiro. O ano mais agitado foi 2022, visando reformular o elenco para a Série B – a Raposa foi campeã da segundona naquela temporada. No ano seguinte, o destaque ficou pela chegada de Matheus Pereira, mas o perfil procurado foi, em suma, para manter a equipe na elite. Na atual temporada, um mercado alternativo, principalmente no México, por indicações do técnico Nicolás Larcamón, foi explorado.
No Vasco, pouco tempo
No Vasco, Pedro teve pouco tempo de participar ativamente do mercado e conviveu no clube no meio da briga entre 777 Partners e Pedrinho, que assumiu o controle do rival. Ele teve contatos nas chegadas de Phillipe Coutinho e Emerson Rodríguez, mas a principal negociação tocada foi a contratação de Álvaro Pacheco.
“No momento em que a negociação avança, vem a medida judicial que tira a 777 do poder e entra o clube associativo. Ele (Álvaro) me liga: ‘Embarco ou não embarco?’. Essa decisão gera uma instabilidade no ambiente interno que é natural. O Pedrinho fez um esforço para acelerar o processo de apaziguar os ânimos. Mas achar que isso não impactou no trabalho do Álvaro beira a inocência. Foi impactado pela incerteza e pelo processo de adaptação dele ao futebol brasileiro. Estreou tomando uma goleada do Flamengo. Ele pegou um ambiente de troca de dono e os dois primeiros jogos contra Flamengo e Palmeiras. Esse processo de troca de dono via Justiça é incomum”, disse Pedro ao “Charla Podcast”.
Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores