A incerteza paira sobre o futuro de um nome conhecido nos gramados, que projeta o fim de sua carreira como jogador profissional. Após uma trajetória dedicada ao esporte, com passagens marcantes e a busca constante por excelência, o atleta revela as emoções e os desafios que acompanham a iminente transição para uma nova fase da vida. A pressão do esporte de alto rendimento, o impacto das redes sociais e a saudade que já bate antecipam os reflexos de uma decisão ponderada e planejada há anos.
O Peso da Paixão e a Sombra da Incerteza
A dedicação aos gramados se tornou a essência da vida de um atleta que, desde a adolescência, dedicou seus dias à prática do futebol. Aos 13 ou 14 anos, a mudança para um clube e a rotina intensa de treinos se tornaram o norte de sua existência. “Desde essa idade até agora, estou jogando futebol todos os dias por dez meses por ano, por baixo”, revela, evidenciando o quanto o esporte moldou sua identidade e seu corpo. Essa imersão profunda, contudo, lança uma sombra de apreensão sobre o futuro. A perspectiva de deixar as quatro linhas, o palco de tantas conquistas e desafios, é descrita com uma honestidade desarmante: “É um terror”, admite, com um riso que não esconde a seriedade do sentimento. A rotina que sempre conheceu, o ambiente que domina, tudo isso está prestes a mudar. A incerteza sobre o que virá a seguir, mesmo que o caminho ainda envolva o universo do futebol, causa um misto de receio e excitação. “É um pouco assustador, começa uma nova vida. Não sei o que vou fazer. Mesmo que siga no futebol, é uma nova função. Acho que a galera não fala abertamente, mas eu não tenho problema em dizer que é aterrorizante pensar em deixar de jogar futebol”. Essa confissão genuína abre uma janela para as complexidades psicológicas que cercam o fim da carreira de um atleta, um momento tão celebrado quanto temido.
O Palco Rubro-Negro: Alegrias e Desafios
A chegada ao Flamengo, um dos gigantes do futebol brasileiro, representou a concretização de um projeto de longa data. A ambição de encerrar a carreira profissional vestindo a camisa de um clube de tamanha expressão sempre esteve presente. E o momento atual do Rubro-Negro, com a equipe brigando por títulos importantes, como a final da Libertadores e a vice-liderança no Brasileirão Betano, adiciona uma camada de significado a essa despedida iminente. “É um projeto que eu tenho de muitos anos de jogar até os 35 e calhou de conseguir que fosse no Flamengo”, compartilha o atleta, sinalizando a convergência de metas e oportunidades. Apesar da pressão inerente a um clube de massa, com uma torcida apaixonada e exigente, o defensor expressa prazer em fazer parte do elenco comandado por Filipe Luís. No entanto, a arena digital apresenta um cenário de contrastes. As redes sociais, vistas como um canal de comunicação essencial, também se mostram um terreno árduo. “Rede social é um desastre”, desabafa, questionando, por vezes, a própria presença nesse ambiente. Reconhece a importância da ferramenta para expressar opiniões e esclarecer situações, especialmente diante de informações distorcidas. “Entendo que é um canal importante de comunicação, especialmente com o nosso torcedor. Para dar a nossa opinião, se posicionar. Hoje em dia, com todo o respeito, não precisamos do trabalho de vocês para falarmos o que a gente pensa. Fazer um vídeo, desmentir uma situação ou outra.” Contudo, a velocidade com que as informações circulam, a multiplicidade de vozes e a cultura de comparações constantes tornam esse espaço “cruel”. Essa dualidade – o deleite em defender um clube de ponta e o receio diante da exposição pública – compõe o complexo quadro emocional do jogador.
A Busca por Vagas e o Preço da Dedicação
A jornada rumo à Seleção Brasileira, um sonho alimentado por muitos, tem cobrado seu preço. O atleta revela que os últimos ciclos dedicados a essa busca intensificaram a sensação de envelhecimento, não apenas físico, mas também mental. A constante pressão para se manter em alto nível, disputando cada centímetro do campo e lutando por um lugar entre os convocados, exige um desgaste considerável. A dedicação extrema ao ofício sempre foi uma marca registrada. “Sempre fui um cara que nunca negligenciou cuidado, descanso, dedicação nos treinos e tudo isso.” Essa filosofia o impulsionava a ir além, mesmo quando o corpo pedia repouso. “Às vezes, é normal no segundo dia de treino o cara sair para ter um cuidado e eu nunca gostei disso. Sempre gostei de estar em campo. Se tem um trabalho físico com um cara que é mais forte que eu, vou tentar ganhar daquele cara. É minha loucura isso aí.” No entanto, a realidade da temporada atual apresentou obstáculos que desafiaram essa resiliência. “Só que este ano, vindo para o Flamengo, tive dois problemas de posterior que me tiraram 40 dias.” Essas lesões, além do impacto físico, afetaram diretamente sua motivação. A rotina solitária de fisioterapia e tratamentos, longe do convívio da equipe e do calor dos gramados, é descrita como um processo tedioso e desanimador. “Isso não afeta só a parte física, afeta a parte motivacional. Você tem que treinar sozinho, fisioterapia, maca, é um saco.” Essa vivência recente reforça a consciência de que o tempo no futebol profissional é limitado e que o corpo, por mais bem cuidado que seja, responde às leis da natureza e da longevidade atlética.
Projeções para um Novo Horizonte
O planejamento para o fim da carreira profissional não é recente. O desejo de encerrar a trajetória aos 35 anos de idade é uma meta que vinha sendo cultivada ao longo do tempo, e a oportunidade de realizar esse desejo no Flamengo adiciona um capítulo especial a essa história. A consolidação dessa ideia se dá em meio à reflexão sobre o que significa deixar para trás uma vida inteiramente dedicada ao futebol. A transição para uma nova fase é vista com uma mistura de apreensão e determinação. A busca por um novo propósito, mesmo que dentro do universo esportivo, exige uma redefinição de objetivos e de rotinas. A experiência adquirida nos gramados, a disciplina e a capacidade de lidar com a pressão são atributos que, sem dúvida, servirão como base para os próximos passos. A faculdade de Jornalismo, que o atleta cursa, sugere um caminho alternativo e um desejo de continuar conectado com o mundo da comunicação, talvez de uma perspectiva diferente. A maturidade de reconhecer os limites do corpo e a necessidade de antecipar o futuro demonstra uma visão estratégica e um cuidado com a qualidade de vida pós-carreira. A entrevista revela um atleta consciente de sua trajetória, grato pelas oportunidades e preparado para os desafios que a vida fora dos campos lhe reserva, marcando o fim de um ciclo com a esperança de um novo e promissor começo.

Escritor especializado em cobrir notícias sobre o mundo do futebol. Apaixonado por contar as histórias por trás dos jogos e dos jogadores







