Um nome conhecido no universo da arbitragem brasileira voltou a ser centro das atenções e, mais uma vez, de forma controversa. Após um período afastado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em virtude de decisões polêmicas em um clássico paulista, o árbitro catarinense Ramón Abatti Abel reencontrou um palco de grande discussão em um jogo válido pela Série B do Campeonato Brasileiro. A partida em questão, disputada nesta sexta-feira (7) em São João del-Rei, no interior de Minas Gerais, colocou frente a frente o Athletic-MG e a Ferroviária, e o desempenho de Abatti Abel em campo gerou intensos protestos ao apito final, culminando em sua saída do gramado sob escolta policial.
O Retorno de Ramón Abatti Abel e a Sombra das Polêmicas
Não faz um mês desde que o nome de Ramón Abatti Abel esteve envolvido em um grande debate nacional. O confronto entre São Paulo e Palmeiras, conhecido como Choque-Rei, realizado no MorumBis, foi palco de decisões arbitrais que levaram à sua suspensão temporária pela CBF. Essa punição, carinhosamente apelidada de “geladeira”, serviu para afastar o árbitro dos gramados por um período. No entanto, essa pausa parece ter sido suficiente para seu retorno gradual às competições oficiais. Sua reintegração começou com atuações no VAR em jogos da Série A e partidas estaduais, até que, nesta sexta-feira, ele foi escalado para comandar um jogo de peso na Série B, o que, infelizmente, reacendeu a discussão sobre sua capacidade de conduzir partidas sem gerar controvérsias significativas.
Athletic-MG x Ferroviária: Um Jogo Marcado por Lances Capitais e Decisões Questionadas
A partida entre Athletic-MG e Ferroviária, válida pela 35ª rodada da Série B, serviu como um teste importante para o árbitro após seu afastamento. Em um confronto que se mostrou eletrizante e com um placar apertado, as decisões tomadas por Ramón Abatti Abel acabaram por definir os rumos da partida e, consequentemente, o resultado final. Assim como ocorreu no clássico paulista que o levou à suspensão, o árbitro voltou a ser o centro das atenções em lances cruciais que impactaram diretamente o placar. A pressão de um jogo decisivo para ambos os lados, especialmente para a Ferroviária em sua luta contra o rebaixamento e para o Athletic-MG buscando sair da zona perigosa, intensificou ainda mais o escrutínio sobre cada apito.
O Gol Anulado e a Reação Veemente da Ferroviária
Um dos momentos mais tensos da partida ocorreu aos 21 minutos do segundo tempo. A Ferroviária conseguiu balançar as redes, o que, em tese, seria o gol que colocaria a equipe paulista em vantagem no placar, marcando o 2 a 1. No entanto, a alegria dos visitantes durou pouco. Após uma longa análise no monitor do VAR, que se estendeu por cerca de três minutos, Ramón Abatti Abel optou por anular o tento. A justificativa dada foi de que houve um toque de mão do jogador Alencar na origem da jogada. Os atletas da Ferroviária contestaram veementemente a decisão, argumentando que a bola havia tocado primeiramente no corpo do jogador, o que, segundo as regras vigentes, tornaria o lance completamente legal. Essa interpretação divergente gerou uma onda de protestos e revolta por parte da equipe visitante, que viu um gol legítimo ser retirado do placar por uma interpretação que consideraram equivocada.
A Expulsão Controvertida e o Gol da Vitória
A polêmica não se encerrou com o gol anulado. Já nos minutos finais da partida, nos acréscimos, Ramón Abatti Abel tomou outra decisão que gerou forte controvérsia. Ele optou por expulsar diretamente o jogador Vitor Barreto, da Ferroviária, após um lance de pisão. A semelhança deste lance com uma outra jogada que envolveu Andreas Pereira em São Paulo x Palmeiras foi notada por muitos, especialmente porque, naquele confronto anterior, o jogador palmeirense não recebeu o cartão vermelho. A falta cometida por Barreto acabou sendo crucial, pois foi dela que se originou o cruzamento que resultou no gol da vitória do Athletic-MG, o placar de 2 a 1. Essa virada no final do jogo, com um jogador a menos para a Ferroviária e a origem do gol a partir de uma expulsão questionável, aumentou ainda mais o clima de insatisfação. O técnico da Ferroviária, Claudinei Oliveira, também não escapou da ira do árbitro, sendo expulso após protestos veementes do banco de reservas.
Saída Sob Escolta e o Futuro da Arbitragem Brasileira
Ao término da partida, a tensão no gramado era palpável. O árbitro Ramón Abatti Abel foi cercado por jogadores e membros da comissão técnica da Ferroviária, demonstrando a insatisfação generalizada com suas decisões. Diante da atmosfera hostil, foi necessário que policiais militares interviessem para escoltar o árbitro e garantir sua saída segura do campo de jogo. Essa cena final serve como um reflexo do momento delicado que a arbitragem brasileira atravessa, onde a pressão por resultados e a interpretação das regras em lances cruciais continuam a gerar debates acalorados e a colocar nomes como o de Ramón Abatti Abel sob constante escrutínio. O seu retorno, que deveria marcar uma nova fase em sua carreira após o afastamento, acabou sendo ofuscado por mais uma atuação repleta de polêmicas, levantando questionamentos sobre os critérios e a aplicação das regras no futebol nacional.

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