O técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, respondeu de forma enfática e com bom humor a uma declaração do técnico do São Paulo, Hernán Crespo, sobre o poder de investimento do clube paulista. Após a vitória do Verdão sobre o Santos por 2 a 0, no Allianz Parque, em partida válida pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, Abel aproveitou a coletiva de imprensa para detalhar a filosofia de gestão que tem levado o Palmeiras ao sucesso, enfatizando que o poder financeiro atual é fruto de um trabalho construído ao longo do tempo, e não um fator isolado.
A Declaração de Crespo e a Resposta de Abel
Hernán Crespo, treinador do São Paulo, havia admitido após um empate do seu time contra o Flamengo que a dificuldade em competir com Palmeiras e Flamengo reside no maior poder de investimento dessas duas equipes. Segundo o argentino, o capital financeiro permite encurtar caminhos e alcançar resultados de forma mais rápida. Ele citou que a competitividade de Palmeiras e Flamengo é fruto de “anos e anos de investimento”, colocando os clubes em uma “outra situação na América do Sul. Essa percepção, que aponta o dinheiro como principal motor das conquistas recentes, foi o gatilho para a intervenção de Abel Ferreira.
A Construção do Ciclo de Sucesso Alviverde
Abel Ferreira, visivelmente bem-humorado, iniciou sua resposta direcionando-se a Crespo, com quem mantém uma relação de cordialidade. Ele brincou que, quando era “vizinho” de Crespo e o convidou para jantar, foi ele quem pagou a conta, indicando que nem sempre o Palmeiras dispôs da mesma folga financeira que hoje. O comandante português fez questão de desmistificar a ideia de que o sucesso alviverde se resume a um aporte financeiro recente. Em vez disso, ele explicou que a construção desse poder de investimento foi um processo gradual, que começou com apostas estratégicas na base e a venda de talentos, gerando receita e prestígio.
Ele detalhou como a venda de jogadores formados na base, como Estêvão e Richard Ríos, permitiu ao clube estabilizar suas finanças e, consequentemente, realizar investimentos mais significativos em reforços para o elenco. Abel mencionou que as próprias conquistas esportivas foram cruciais para atrair patrocínios e aumentar a valorização da marca Palmeiras, criando um “ciclo virtuoso”. Esse ciclo, segundo ele, envolve a aposta na formação de atletas, a conquista de títulos, o que gera prestígio, atrai investimentos e, por fim, possibilita a contratação de jogadores que agradam ao público e mantêm o time competitivo em alto nível.
Gestão Responsável e Investimento Estratégico
O técnico português destacou a visão da diretoria do clube, liderada pela presidente Leila Pereira, que sempre defendeu uma gestão financeira responsável. Abel ressaltou que o atual investimento, que ultrapassa a marca de R$ 700 milhões em 12 reforços nesta temporada, é uma consequência direta dessa gestão e das vendas realizadas. Ele reiterou a importância de investir para continuar crescendo e competindo, mas sempre de forma sustentável.
A comparação financeira entre Palmeiras e São Paulo é um ponto relevante. Enquanto o Palmeiras projeta fechar o ano com receitas recordes, impulsionado pelas recentes e vultosas vendas de jogadores como Estêvão e Richard Ríos, o São Paulo estima encerrar o ano com uma arrecadação próxima a R$ 860 milhões, de acordo com seu orçamento. Essa diferença, embora significativa, não anula o ponto de Abel Ferreira sobre a construção a longo prazo.
O Ciclo Virtuoso do Palmeiras
Em suas palavras, Abel Ferreira pintou um quadro claro de como o Palmeiras ascendeu ao patamar atual. Ele descreveu um processo contínuo: “Apostar na base, títulos, prestígio, valorização do clube, valorização da marca, patrocínios, sócios à avante, futebol que as pessoas gostam de ver, isto é tudo um ciclo vicioso”. Essa abordagem holística demonstra que o poder financeiro não surgiu do nada, mas foi cultivado através de decisões estratégicas, investimentos inteligentes na formação de talentos e a capacidade de capitalizar em cima das conquistas esportivas.
Abel, que completou cinco anos no comando técnico do clube, lembrou que em 2020, ano de sua chegada, o Palmeiras já apresentava uma receita expressiva, mas ainda dependia consideravelmente da venda de jogadores para se manter financeiramente equilibrado. Ele mesmo, em anos anteriores, já havia manifestado insatisfação com a falta de reforços, evidenciando que a capacidade atual de investir é resultado de uma evolução financeira consistente, pautada em planejamento e execução.

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