A presença de Carlo Ancelotti no comando técnico da Seleção Brasileira tem sido um ponto de debate acalorado no cenário do futebol nacional. Em um evento promovido pela CBF, treinadores brasileiros expressaram suas opiniões sobre a atual situação, exaltando a figura do técnico italiano, mas, ao mesmo tempo, elevando o tom das críticas em relação à possibilidade de um comandante estrangeiro liderar o escrete canarinho.
O Debate sobre Comandantes Estrangeiros Ganha Força
A discussão sobre a presença de Carlo Ancelotti à frente da Seleção Brasileira voltou com força total nesta terça-feira (5). Durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, organizado pela CBF, o técnico italiano, que atualmente lidera o time nacional, foi um dos assuntos centrais. Ancelotti foi homenageado com uma placa pela organização, mas, em seguida, ouviu atentamente as ponderações de Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira, dois nomes de peso no futebol brasileiro.
Em seu pronunciamento, Emerson Leão, conhecido por sua postura enfática, fez uma autocrítica e relacionou a crescente “invasão” de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro à aparente queda na performance e nas oportunidades para os profissionais da casa. “Eu sempre disse que eu não gosto de treinadores estrangeiros no meu país, e isso serve para o Mancini, que é o presidente (da Federação Brasileira de Treinadores). Estou falando aqui na frente da nossa casa. Antes eu falava que eu não suportava, não suportaria treinadores (estrangeiros)”, declarou Leão, demonstrando sua firme oposição.
Oswaldo de Oliveira também se manifestou de forma contrária à ideia de um técnico estrangeiro, mas fez uma ressalva importante ao nome de Ancelotti. “Eu não queria treinador estrangeiro, mas não tinha jeito, se tivesse que ser, que fosse esse senhor. Torci para ser esse senhor (Ancelotti). Depois que ele for embora, campeão do mundo, que venha um brasileiro”, pontuou Oswaldo, suavizando sua posição inicial em reconhecimento à trajetória e ao prestígio do italiano.
Um Paradoxo nas Carreiras: Leão e Oswaldo em Terras Estrangeiras
Apesar de suas declarações contrárias à presença de comandantes de fora do Brasil, uma análise mais aprofundada revela um curioso paradoxo nas trajetórias de Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira. Ambos, que hoje criticam a hegemonia estrangeira na Seleção, possuem um histórico significativo de trabalhos em clubes internacionais, superando até mesmo o número de passagens de Ancelotti por equipes não italianas. Essa dualidade adiciona uma camada de complexidade ao debate.
Emerson Leão, em sua carreira como treinador, teve experiências notáveis em solo estrangeiro. Ele comandou o Al-Sadd, do Catar, e realizou passagens pelo futebol japonês, dirigindo o Vissel Kobe, o Tokyo Verdy e o Shimizu S-Pulse. No total, foram quatro clubes fora da Itália. Oswaldo de Oliveira também construiu uma carreira internacional de sucesso, com destaque para seus trabalhos em equipes tradicionais do Japão, como o Urawa Reds e o Kashima Antlers. Sua experiência em solo asiático totaliza cinco trabalhos.
Além dessas passagens como técnico principal, ambos também acumularam experiências como auxiliares e preparadores físicos em outros países. Oswaldo de Oliveira atuou como auxiliar técnico na Seleção da Jamaica em 1996 e também trabalhou como preparador físico no Al-Arabi, do Catar. Somando todas essas experiências, Leão e Oswaldo registraram um total de nove trabalhos fora do Brasil. Comparativamente, Carlo Ancelotti, embora um ícone italiano, tem em seu currículo apenas cinco passagens por clubes não italianos.
É relevante notar que Ancelotti, em muitos casos, teve múltiplas passagens por alguns dos mesmos clubes, como é o caso do Real Madrid. Sua carreira como treinador principal começou em 1993, mas sua primeira experiência fora da Itália só ocorreu em 2009, com o Chelsea. Atualmente, a Seleção Brasileira representa seu sexto “clube” fora de seu país de origem. De acordo com um levantamento detalhado, Leão e Oswaldo, em conjunto, apresentam uma diferença de aproximadamente 80% em relação ao número de trabalhos internacionais de Ancelotti, evidenciando a peculiaridade de suas críticas.
Os Próximos Passos da Seleção Brasileira
Enquanto o debate sobre os comandantes da Seleção Brasileira segue aquecido, o foco agora se volta para as próximas partidas que a equipe disputará. Novembro marca o encerramento da penúltima Data Fifa antes da Copa do Mundo, e o Brasil terá dois compromissos amistosos em solo europeu. A primeira partida está agendada para o dia 15, quando a Seleção Brasileira enfrentará a equipe de Senegal. Três dias depois, em 18 de novembro, o adversário será a Tunísia, encerrando assim os compromissos internacionais antes da principal competição de futebol do planeta.

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