A Seleção Brasileira se prepara para os amistosos de novembro contra Senegal e Tunísia, e a lista de convocados divulgada pelo técnico Carlo Ancelotti trouxe uma surpresa que agitou o mundo do futebol: o retorno de Fabinho. O volante do Al Ittihad, com uma trajetória já consolidada na Seleção, mas afastado do radar nos últimos ciclos, surge como uma peça chave nos planos do comandante italiano para os futuros desafios da equipe canarinho.
Fabinho: O Retorno Surpreendente ao Escrete Nacional
Em um cenário onde a renovação é frequentemente debatida e esperada, a convocação de Fabinho para os amistosos de novembro representa um ponto de atenção. Com 29 jogos já disputados e uma participação em Copa do Mundo em seu currículo, o volante, que há uma década vestiu pela primeira vez a camisa amarela, retorna para defender o Brasil em um momento crucial. Sua inclusão na lista, especialmente às vésperas de um novo ciclo de Copa do Mundo, desfaz a percepção de muitos que o consideravam fora das cogitações para representar o país. Essa volta não só adiciona experiência ao elenco, mas também levanta discussões sobre a composição ideal da equipe para os próximos anos, reforçando a ideia de que o talento e a experiência continuam a ter seu valor reconhecido.
Análise da Convocação: Renovação e Continuidade na Seleção
A lista de Ancelotti para os duelos contra Senegal e Tunísia eleva para 22 o número de jogadores que estiveram presentes na Copa do Mundo do Catar e que, de alguma forma, tiveram a oportunidade de atuar no ciclo que se seguiu. Essa marca destaca a importância dos atletas que participaram do último mundial na manutenção da base da equipe. Observa-se, no entanto, que alguns nomes experientes, como Daniel Alves, Thiago Silva, Fred e Everton Ribeiro, não foram chamados neste período, o que pode ser interpretado como um movimento sutil em direção a novas opções. É notável que, ao longo desses anos, 89 atletas diferentes receberam uma chance sob o comando de diferentes treinadores, evidenciando uma busca constante por talentos e formações táticas.
O papel do treinador que antecedeu Ancelotti é digno de nota nesse contexto. Em suas quatro passagens pela Seleção, ele teve a oportunidade de analisar de perto 16 dos 26 jogadores que disputaram o Mundial no Catar. Se considerarmos jogadores que estiveram em pré-listas, como Neymar, Pedro e Alex Telles, esse número se expande para 19 atletas que estiveram no radar técnico. Dentro desse grupo, nomes como Weverton, Gabriel Jesus e Bremer, que não foram incluídos na lista atual, também merecem destaque ao se analisar a diversidade de escolhas e as estratégias de montagem de elenco ao longo do tempo.
Fabinho: Uma Trajetória de Destaque e o Papel Estratégico
A trajetória de Fabinho com a camisa da Seleção Brasileira é marcada por uma longa história, com sua primeira convocação datando de setembro de 2014, quando atuava pelo Mônaco. Naquela ocasião, sob o comando de Dunga, ele participou de amistosos após o traumático 7 a 1 contra a Alemanha. Sua estreia oficial ocorreu em junho de 2015, atuando como lateral-direito em um amistoso contra o México. A última vez que o volante foi chamado antes do retorno atual foi por Tite, para a Copa do Mundo de 2022 no Catar. No mundial, sua participação foi pontual, entrando em campo apenas uma vez na derrota para Camarões, em uma partida onde a Seleção atuou com uma equipe alternativa. Desde então, ele esteve fora dos planos de treinadores como Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior, mas agora retorna como uma peça fundamental na visão de Ancelotti, com a missão de assumir a posição de reserva imediato de Casemiro, uma função estratégica para o equilíbrio da equipe.
A Visão de Ancelotti e a Saturação de Opções no Meio-Campo
Carlo Ancelotti, ao ser questionado sobre a convocação de Fabinho, deixou clara a razão estratégica por trás da escolha. “Quero encontrar um perfil que possa se encaixar nas características de Casemiro”, explicou o treinador. Ele ressaltou a qualidade dos meio-campistas brasileiros, mas destacou a diferença nos perfis defensivos em relação a Casemiro. Para Ancelotti, Fabinho possui a estrutura física, o conhecimento tático e a experiência necessários para desempenhar essa função de forma eficaz, tendo atuado em alto nível no futebol europeu por muitos anos. Essa análise demonstra a busca do técnico por um jogador que possa oferecer segurança e solidez defensiva, complementando as características de outros meio-campistas da equipe.
De forma curiosa, o próprio Casemiro, titular incontestável da posição, já havia apontado Fabinho como um jogador com características semelhantes. Em declarações anteriores, ao ser questionado sobre quem poderia preencher essa lacuna de estilo de jogo, Casemiro mencionou o nome do volante do Al Ittihad, mesmo atuando no futebol árabe. Essa convergência de opiniões entre o jogador e o treinador reforça a convicção de Ancelotti na capacidade de Fabinho em se adaptar e agregar valor à Seleção Brasileira. A presença de Fabinho também sinaliza uma abertura para jogadores que atuam em ligas emergentes, como a do Oriente Médio, rompendo uma percepção anterior de que a intensidade dessas competições seria um impeditivo para convocações de jogadores de linha.
Fabinho no Oriente Médio e a Oportunidade de Reinventar a Carreira
A convocação de Fabinho também chama a atenção pelo fato de ele ser o único jogador de linha atuando no futebol da Arábia Saudita a ser lembrado, juntando-se ao goleiro Bento como representantes dessa liga. Até então, Ancelotti e seus antecessores demonstravam receio em convocar atletas do Oriente Médio, citando a intensidade abaixo do necessário para competir em alto nível. A transferência de Fabinho do Liverpool para o Al Ittihad em meados de 2023 marcou o início de uma nova fase em sua carreira. No clube árabe, ele se firmou como titular absoluto, participando de um número expressivo de partidas. Na temporada 2023/24, foram 30 jogos disputados, culminando com os títulos da Liga e da Copa. Na temporada atual, ele já soma 12 atuações, demonstrando sua regularidade e importância para sua equipe. Essa performance consistente em um novo ambiente e liga é o que, aparentemente, convenceu Ancelotti de sua capacidade de ainda entregar um futebol de alto nível e ser útil para a Seleção.
Com o retorno de Fabinho, o elenco brasileiro se reunirá em Londres a partir da próxima segunda-feira. Os amistosos contra Senegal, no dia 15 de novembro, no Emirates Stadium, e contra Tunísia, no dia 18 de novembro, em Lille, na França, representam os últimos compromissos da Seleção Brasileira no ano de 2024, oferecendo a Ancelotti mais uma oportunidade de testar e aprimorar sua equipe em preparação para os desafios futuros.

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