O Botafogo se prepara para mais um desafio no Campeonato Brasileiro, mas o clima nos bastidores alvinegros não é dos mais animadores. Além da iminente partida contra o Mirassol neste sábado, o clube vê sua lista de desfalques por lesão crescer exponencialmente. Os mais recentes a engrossarem essa lista são Joaquín Correa e Marçal, ambos com problemas musculares na panturrilha – direita para o atacante e esquerda para o lateral. Essa situação reacende o debate sobre a preparação física da equipe sob o comando da comissão técnica de Davide Ancelotti, liderada por Luca Guerra.
Um Surto de Lesões Musculares no Botafogo: Causas e Consequências
Desde a chegada do técnico italiano Davide Ancelotti, em 8 de julho, o Botafogo já registrou um número alarmante de 26 lesões musculares. Este número não leva em conta outros tipos de ausências, como as concussões sofridas por Marlon Freitas e Chris Ramos, o quadro de conjuntivite de Mastriani e uma recente alteração clínica de Savarino, que também o tirou da partida contra o Mirassol. A recorrência dessas lesões musculares levanta um questionamento crucial: o que está por trás dessa sequência de problemas físicos que assola o elenco alvinegro?
Análise da Intensidade de Treinamento e o Contexto Brasileiro
Fontes internas indicam que alguns dos métodos de trabalho implementados por Luca Guerra, preparador físico da comissão de Ancelotti, têm gerado desconforto. A intensidade dos exercícios, por vezes, é percebida como não ideal para a realidade do futebol brasileiro, que exige uma constante disponibilidade dos atletas devido ao calendário repleto de jogos. A suposta falta de adaptação à rotina intensa de competições no país pode estar resultando em treinos excessivamente puxados, levando a um aumento significativo no número de lesões musculares. Jogadores como Nathan Fernandes, Marçal, Joaquín Correa e Savarino já foram acometidos por esse tipo de problema, muitas vezes sentido durante os próprios treinamentos.
A Trajetória de Luca Guerra e a Dinâmica da Comissão Técnica
Luca Guerra não é um novato em grandes centros do futebol. Ele integrou a comissão técnica de Carlo Ancelotti em clubes renomados como Bayern de Munique, Napoli e Everton. Após um período afastado do grupo de Ancelotti, Guerra acumulou experiências em clubes como SPAL (Itália) e Zeljeznicar (Bósnia) como analista. Em 2024, assumiu a preparação física do Sint-Truiden (Bélgica) e atuou no Istra (Croácia) antes de desembarcar no Botafogo. Essa trajetória demonstra um conhecimento vasto, mas a adaptação ao futebol brasileiro parece ser um ponto de atenção.
É compreensível que haja um aumento na carga de trabalho e que as frequentes mudanças de comissões técnicas ao longo do ano, com diferentes estilos de preparação física, possam ter contribuído para o acúmulo de problemas. Cada nova comissão traz consigo uma metodologia particular, e a integração com os profissionais fixos do clube, que mantêm um padrão de trabalho desde a virada para a SAF, pode gerar descompassos. A comissão médica do Botafogo, responsável pelos processos de recuperação e prevenção de lesões, não sofreu mudanças significativas recentes, o que sugere que o problema possa estar na intensidade e na adequação dos métodos de treinamento físico em campo e no pré-treino.
Padrão de Lesões e Pressão por Resultados
Um dado alarmante é que o período entre julho e outubro apresentou um número maior de lesões detectadas em comparação com os meses de janeiro a junho. A intensa pressão por resultados no futebol brasileiro também pode ser um fator agravante. A necessidade de contar com os jogadores em campo a todo custo, muitas vezes antes de uma recuperação completa, aumenta a chance de reincidência de lesões, como tem sido observado em alguns casos. Essa dinâmica, aliada à busca por uma preparação física mais intensa, pode estar criando um ciclo de fragilidade no elenco.
Comparativo de Comissões Técnicas e a Estatística de Lesões
Uma análise comparativa das comissões técnicas que passaram pelo Botafogo em 2025 revela um aumento significativo na média de lesões por dia durante a gestão de Davide Ancelotti e Luca Guerra. Enquanto as comissões anteriores apresentavam médias consideravelmente menores, a atual comissão, a partir de 8 de julho, acumula uma média de 0,22 lesões por dia. Em termos de lesões por semana, observa-se uma distribuição irregular, com picos em algumas semanas específicas. A inclusão dos asteriscos na lista de lesões por semana aponta para períodos em que ocorreram outros tipos de afastamentos, como concussões e conjuntivites, que não são contabilizadas como lesões musculares pela reportagem, mas que igualmente impactam a disponibilidade do elenco.
O Botafogo retorna aos gramados neste sábado, às 18h (horário de Brasília), para enfrentar o Mirassol, em partida válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo será disputado no estádio Maião. Atualmente, o Glorioso ocupa a sétima posição na tabela, com 47 pontos conquistados.

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