Os bastidores do futebol espanhol foram agitados após o recente confronto entre Real Madrid e Barcelona, um clássico que sempre move paixões. No entanto, desta vez, as atenções não se voltaram apenas para os lances em campo, mas também para uma declaração polêmica de Eduardo Iturralde González, ex-árbitro de renome internacional. Suas palavras, proferidas em uma entrevista a um programa da rádio Cadena SER, colocaram a classe arbitral da Espanha em evidência, gerando um debate acalorado sobre a imparcialidade e as simpatias dentro do esporte. A fala de Iturralde González trouxe à tona a antiga questão sobre as preferências de torcida entre os profissionais que apitam as partidas, especialmente no que diz respeito aos dois gigantes do futebol espanhol.
Declaração Polêmica e o Centro das Atenções
Eduardo Iturralde González, que apitou jogos da FIFA entre 1998 e 2012, foi questionado de forma direta sobre a porcentagem de árbitros que teriam preferência por Real Madrid ou Barcelona. Sua resposta, longe de ser diplomática, foi contundente: “90% torcem pelo Real, 10% pelo Barcelona”. O ex-árbitro justificou sua afirmação com uma análise da demografia espanhola, argumentando que, “quer os torcedores do Barça gostem ou não, 70% da população espanhola, excluindo a Catalunha, torce pelo Real Madrid”. Essa declaração instantaneamente gerou repercussão, reacendendo discussões sobre a influência de preferências pessoais na condução das partidas e levantando dúvidas sobre a objetividade necessária em um esporte tão competitivo.
A Mudança no Cenário da Torcida
O ex-árbitro de 58 anos não parou por aí em sua análise. Ele prosseguiu detalhando como, em sua visão, o cenário da torcida na Espanha mudou ao longo do tempo. Segundo Iturralde González, antes do surgimento de Lionel Messi e da ascensão de Pep Guardiola como técnico do Barcelona, a maioria esmagadora do país demonstrava apoio ao Real Madrid. Ele destacou que a popularidade do clube catalão cresceu significativamente nos últimos anos, impulsionada pelo sucesso da “Era Messi” e pelas conquistas sob o comando de Guardiola. “Agora, há mais torcedores do Barça porque os jovens viram os títulos sob o comando de Guardiola”, pontuou. Contudo, ele reafirmou sua convicção de que, historicamente e fora da Catalunha, o Real Madrid sempre deteve uma fatia maior de torcedores. “Mas antes da ‘Era Messi’, quantas pessoas na Espanha torciam pelo Real Madrid? Cerca de 70%”, complementou, pintando um quadro de evolução na preferência nacional.
A Perspectiva Pessoal do Ex-Apito
Ao ser questionado sobre suas próprias inclinações, Eduardo Iturralde González não hesitou em revelar sua torcida. De forma transparente, ele declarou que seu coração bate mais forte pelo Athletic Bilbao, clube conhecido por sua filosofia de contratar apenas jogadores bascos. “Quanto a mim, não me interessam nem o Real, nem o Barcelona, sou Athletic Bilbao e todo mundo sabe disso”, afirmou. Essa confissão pessoal adicionou uma camada de autenticidade à sua análise, mostrando que ele buscava uma perspectiva mais ampla. Curiosamente, ele também admitiu que, em sua busca por manter a justiça em campo, por vezes sentiu que acabou por prejudicar, ainda que involuntariamente, tanto o Real Madrid quanto o Barcelona. “Mas, na ânsia de ser justo, acabei os prejudicando algumas vezes”, confessou, revelando a complexidade e os desafios inerentes à função de árbitro, onde a percepção de justiça pode ser subjetiva e levar a equívocos.
O Legado e o Debate sobre Imparcialidade
A declaração de Eduardo Iturralde González, embora controversa, abriu um importante debate sobre a imparcialidade no futebol espanhol e, por extensão, no esporte mundial. A figura do árbitro é central para a lisura de qualquer competição, e qualquer indício de preferência pode abalar a credibilidade das decisões tomadas em campo. A análise demográfica apresentada pelo ex-árbitro, que associa a torcida a fatores regionais e históricos, levanta questões sobre se tais fatores, mesmo que inconscientes, podem influenciar a percepção e a atuação dos profissionais de arbitragem. A admissão de que ele mesmo, ao tentar ser justo, acreditava ter prejudicado os clubes, demonstra a pressão e a subjetividade que cercam a profissão. Independentemente de concordar ou discordar com os percentuais apresentados, a fala de Iturralde González serve como um lembrete da importância da clareza mental, da concentração e da busca incessante pela neutralidade, princípios fundamentais para a integridade do esporte que tanto amamos.

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